DO R.DEMOCRATICANicolau Maquiavel deve estar dando festa no céu (ou será inferno?) ao acompanhar, com orgulho, a saga da economia brasileira. Ele já dizia, há séculos, que na hora de fazer o mal, é preciso fazê-lo de uma só vez, para que a dor passe rápido. Dizia ainda que o hábito de violar as leis para fazer o bem autoriza, em seguida, a violá-la para disfarçar o mal. O ministro da Fazenda Joaquim Levy, tendo lido ou não "O Príncipe" do florentino famoso, mostra que concorda muito com suas teorias.Por Thais Herédia
G1
Levy acaba de anunciar aumento de impostos para o crédito, para a gasolina e para as importações. Ele recoloca as “regras” que foram violadas no passado recente, que pareciam fazer o bem, mas disfarçavam um mal tremendo para a economia. O mesmo pode-se dizer da decisão de transferir para os consumidores a responsabilidade pelo rombo nas companhias elétricas. Quem achava que o governo fazia o bem ao reduzir a conta de luz com a caneta hoje vai pagar pelo mal imposto por esta escolha.
O pacote de maldades, com "M" maiúsculo, chega logo num dia em que 11 estados e o Distrito Federal sofreram um apagão de energia elétrica. A luz acabou porque o órgão responsável pelo sistema energético do país (Operador Nacional do Sistema) mandou as distribuidoras diminuírem a entrega de megawatts aos consumidores. Se isso não é medida de racionamento, não saberia dizer o que é.
“A culpa é do alto consumo”, disseram os responsáveis públicos. Ora, mas não foi o próprio governo que passou quatro anos incentivando os brasileiros a consumirem mais e mais? Pois essa “bondade” acabou assim, de supetão, ou melhor, de apagão. À luz da realidade o que fica mesmo é o tamanho da conta a se pagar.
Enquanto tira as velas e o leque da gaveta, o brasileiro vai sentindo o bolso mais apertado. Para controlar a inflação em alta, o Banco Central deve subir a taxa de juros nesta semana para algo acima de 12% ao ano. O crédito vai ficar mais caro porque os juros subiram mas também porque o imposto sobre as operações financeiras vai dobrar.
Diante de tanta “maldade”, é preciso fazer um esforço hercúleo para enxergar alguma “bondade” nas decisões do ministro Levy. Enquanto o ex-governo Dilma gastava sem fazer contas, o atual governo Dilma decidiu que acabar com a festa do dinheiro fácil e, aparentemente, barato. Parece até mentira, mas agora que chegou a hora de acertar a conta, os brasileiros vão pagar com dinheiro difícil e caro.
PAZ AMOR E VIDA NA TERRA " De tanto ver triunfar as nulidades, De tanto ver crescer as injustiças, De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto". [Ruy Barbosa]
terça-feira, 20 de janeiro de 2015
Pacote de Levy é de maldades com M maiúsculo
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