quinta-feira, 20 de abril de 2017

O depoimento mais destruidor contra Lula

Empreiteiro Léo Pinheiro, da OAS, afirma que ex-presidente pediu para destruir provas contra o PT e é mesmo o dono do tríplex do Guarujá

REDAÇÃO ÉPOCA
20/04/2017 - 21h39 - Atualizado 20/04/2017 22h18
Na constelação de amigos empreiteiros do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, José Aldemário Pinheiro, o Léo Pinheiro, era o que desfrutava de maior proximidade com o petista. Estilo boa-praça, apreciador de cachaça, o ex-presidente da OAS orbitou a figura de Lula como nenhum outro empresário envolvido na Lava Jato. Não à toa, guarda os segredos mais caseiros do petista. Peça-chave nos processos que rastreiam a relação do ex-presidente com o tríplex do Guarujá e com o sítio de Atibaia, Léo era reticente a falar o que sabe. Após a divulgação do que disseram os executivos da Odebrecht, até mesmo o presidente Marcelo Odebrecht e o patriarca Emílio, Léo Pinheiro mudou de ideia. Nesta quinta-feira (20), em depoimento prestado ao juiz Sergio Moro, em Curitiba, ele falou. Prestou o depoimento mais destruidor já feito contra Lula.
O ex-diretor da OAS Léo Pinheiro deverá dar detalhes sobre imóveis ligados a Lula (Foto: Fotos: Rafael Arbex/Estadão Conteúdo e Juan Naharro Gimenez/Getty Images)
Léo Pinheiro disse que foi orientado por Lula a destruir provas de pagamento de propina ao PT. “Eu tive um encontro com o ex-presidente, em junho, tenho isso anotado na minha agenda, são vários encontros onde o presidente textualmente me fez a seguinte pergunta: 'Léo, o senhor fez algum pagamento a João Vaccari no exterior?'. Eu disse: ‘Não, presidente, nunca fiz pagamento a essas contas que nós temos com Vaccari no exterior’”, diz Léo Pinheiro no depoimento. Segundo ele, Lula perguntou: “Como você está procedendo os pagamentos para o PT?”. “Através do João Vaccari. Estou fazendo os pagamentos através de orientações do Vaccari de caixa dois, de doações diversas que nós fizemos a diretórios e tal.” Lula, então, ordenou: “Você tem algum registro de algum encontro de contas feitas com João Vaccari com vocês? Se tiver, destrua”.
Léo Pinheiro é réu na ação penal relativa ao tríplex em Guarujá, o apartamento que a OAS reservou e reformou a gosto de Lula e sua família, mas que o ex-presidente desistiu de comprar quando a Lava Jato estourou. Ele negocia uma delação premiada com o Ministério Público Federal em troca de redução de pena. A Moro, pela primeira vez ele confirmou que o apartamento pertence ao ex-presidente. Léo Pinheiro afirma que, quando a OAS comprou o Edifício Solaris da Bancoop, a falida cooperativa do Sindicato dos Bancários, foi avisado para não mexer com o apartamento de Lula. “A orientação que me foi passada naquela época foi de ‘toque o assunto do mesmo jeito que você vinha conduzindo. O apartamento não pode ser comercializado, o apartamento continua em nome da OAS, e depois a gente vai ver como faz a transferência ou o que for’”, disse. A orientação, ainda de acordo com Léo Pinheiro, partiu de João Vaccari, ex-tesoureiro do PT, e de Paulo Okamotto, atual presidente do Instituto Lula. “Eu tinha uma orientação para não colocar à venda, que pertenceria à família do ex-presidente", afirmou a Moro.
Segundo ele, a cota pertencente a Lula e Dona Marisa era de um apartamento típico e não de um tríplex. “Eu fui orientado que este apartamento eu poderia negociá-lo porque o apartamento da família seria o tríplex.” O que Pinheiro diz combina com os documentos obtidos pelos investigadores, nos quais Lula teria direito a uma unidade comum, mas a OAS deu-lhe um tríplex e ainda o reformou, a seu gosto. As despesas com o imóvel, segundo o empreiteiro, eram lançadas num centro de custo paralelo apelidado de “Zeca Pagodinho”. “Mas tinha de ter um centro de custo, por isso o nome Zeca Pagodinho, que se refere a um apelido que se tinha do presidente, que a gente tem nas mensagens... de “Brahma”.
A revelação tem o poder de mudar o caso. Os procuradores reuniram provas que o apartamento pertencia a Lula. Afirmam que foi recebido em troca de favores feitos à OAS. A defesa de Lula sempre negou isso. Afirma que Lula apenas reservou um imóvel no prédio durante a fase de construção, mas o devolveu. Pinheiro demole essa versão da defesa.
Em nota, o advogado de Lula, Cristiano Zanin, contestou a versão do empreiteiro. “O que nós vimos hoje aqui foi uma encenação, uma mentira contada pelo senhor Léo Pinheiro, que está negociando uma delação premiada. Mas a declaração dele jamais vai se sobrepor ao depoimento prestado por 73 testemunhas e diversos documentos que estão no processo e que demonstram de forma cabal que o apartamento não é do ex-presidente Lula e que ele não teve qualquer participação em ilícitos da Petrobras. A declaração do Léo Pinheiro é uma mentira. Ele não tem como provar e é uma mera declaração de uma pessoa que negociou uma versão com o Ministério Público. Ele [Léo] disse que entregou o apartamento, mas até hoje o ex-presidente não teve a chave, ou seja, é uma declaração incompatível com a realidade dos fatos. Até porque a própria OAS deu este imóvel em garantia em diversas operações financeiras e declarou no processo de recuperação judicial que este imóvel pertence a ela e não ao ex-presidente Lula. Então, essas declarações, como eu disse, são absolutamente incompatíveis com os diversos depoimentos que foram prestados. Foram 73 testemunhas ouvidas e com documentos da própria OAS na qual afirma que é proprietária desse imóvel. O importante é que no dia 3 [de maio, quando está marcado interrogatório de Lula] o ex-presidente estará aqui e mostrará a verdade dos fatos.” DA EPOCA

Megaoperação da PM está preparada para garantir a vida de Moro no dia do depoimento de Lula


Os petistas prometem trazer pelo menos 15 mil pessoas no dia 3 de maio para recepcionar Luiz Inácio Lula da Silva, na Justiça Federal. Os movimentos contra o mentor do Petrolão e de desvios de recursos dos cofres públicos acreditam que pelo menos igual de manifestantes farão frente aos esquerdistas. Lula vem para depor para o juiz Sérgio Moro sobre a propriedade do sítio de Atibaia.
O MST tentou fazer uma ‘missão precursora’ de recepção a Lula, ocupando uma rua em Curitiba. Os sem-terra acabaram batendo em retirada depois que um movimento anti-corrupção, o Mais Brasil Eu Acredito, protocolou na Presidência da República um pedido de intervenção da Força Nacional em Curitiba.
Para evitar confrontos, a Polícia Militar do Paraná está preparando a maior operação da história, que começará no Aeroporto Afonso Pena e terminará na desativada prisão do Ahú. Os quartéis serão fechados e os PMs estarão nas ruas.
Contigentes do interior virão para a capital reforçar a segurança e garantir a paz e a ordem no entorno da Avenida Garibaldi. Os partidários de Lula possivelmente ficarão à esquerda do tribunal e os de Moro, a direita, divididos por soldados.
A informação é do blog de Cesar Weiss. J.L

Ex-presidente da OAS diz a Moro que Lula o orientou a destruir provas; veja o vídeo

Léo Pinheiro prestou depoimento nesta quinta-feira (20) na Justiça Federal do Paraná.

José Aldemário Pinheiro, o Léo Pinheiro, ex-presidente da OAS, disse em depoimento ao juiz Sérgio Moro, nesta quinta-feira (20), que foi orientado pelo ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva a destruir provas que pudessem incriminá-lo na Operação Lava Jato.
Pinheiro é réu na ação penal que envolve um triplex em Guarujá, no litoral de São Paulo, e que tem Lula como um dos réus.
"Eu tive um encontro com o ex-presidente, em junho, tenho isso anotado na minha agenda, são vários encontros, onde o presidente textualmente me fez a seguinte pergunta [Lula]: 'Léo, o senhor fez algum pagamento a João Vaccari no exterior?' Eu [Léo] disse: ‘Não, presidente, nunca fiz pagamento a essas contas que nós temos com Vaccari no exterior’. [Lula]: ‘Como você está procedendo os pagamentos para o PT?’. 'Através do João Vaccari.

[Léo] Estou fazendo os pagamentos através de orientações do Vaccari de caixa 2, de doações diversas que nós fizemos a diretórios e tal'. [Lula]: 'Você tem algum registro de algum encontro de contas feitas com João Vaccari com vocês? Se tiver, destrua'”.

A denúncia

A denúncia foi aceita em setembro do ano passado e abrange três contratos da OAS com a Petrobras. De acordo com a acusação, R$ 3,7 milhões em propinas foram pagos a Lula. Para os procuradores do Ministério Público Federal (MPF), a propina se deu por meio da reserva e reforma do apartamento triplex, em Guarujá, e do custeio do armazenamento de seus bens.
Lula responde por corrupção passiva e lavagem de dinheiro nesta ação penal. Ele também é réu em outro processo relacionado à Lava Jato na Justiça Federal do Paraná, que envolve a compra de um terreno para a construção da nova sede do Instituto Lula e um imóvel vizinho ao apartamento do ex-presidente, em São Bernardo do Campo.DO G1

Palocci diz a Moro que está disposto a revelar ‘nomes e operações do interesse da Lava Jato’

Em depoimento, ex-ministro dos Governos Lula e Dilma afirmou ao juiz federal: 'Se o sr. estiver com a agenda muito ocupada, a pessoa que o sr. determinar, eu imediatamente apresento todos esses fatos para um ano de trabalho’
 Antonio Palocci. Foto: Werther Santana/Estadão
Antonio Palocci. Foto: Werther Santana/Estadão
O ex-ministro Antonio Palocci (Governos Lula e Dilma/Fazenda e Casa Civil) pediu a palavra nesta quinta-feira, 20, durante seu interrogatório na Operação Lava Jato, para fazer uma oferta enigmática ao juiz Sérgio Moro. Ao fim do depoimento, o petista sugeriu entregar informações ‘que vão ser certamente do interesse da Lava Jato’.
“Fico à sua disposição hoje e em outros momentos, porque todos os nomes e situações que eu optei por não falar aqui, por sensibilidade da informação, estão à sua disposição o dia que o sr. quiser. Se o sr. estiver com a agenda muito ocupada, a pessoa que o sr. determinar, eu imediatamente apresento todos esses fatos com nomes, endereços, operações realizadas e coisas que vão ser certamente do interesse da Lava Jato.”










Palocci surpreendeu o magistrado ao derramar elogios à maior operação contra a corrupção já desfechada no País – por obra do próprio Moro -, e que levou para a cadeia ele próprio e outros quadros expressivos do PT. O ex-ministro, preso desde setembro de 2016, disse que a Lava Jato ‘realiza uma investigação de importância’.
“Acredito que posso dar um caminho, que talvez vá dar um ano de trabalho, mas é um trabalho que faz bem ao Brasil”, acenou.
Palocci foi interrogado em ação penal sobre lavagem de dinheiro e corrupção ativa e passiva relacionados à obtenção, pela empreiteira Odebrecht, de contratos de afretamento de sondas com a Petrobrás.
Segundo a denúncia, entre 2006 e 2015, Palocci estabeleceu com altos executivos da Odebrecht ‘um amplo e permanente esquema de corrupção’ destinado a assegurar o atendimento aos interesses do grupo empresarial na alta cúpula do governo federal.
O Ministério Público Federal aponta que no exercício dos cargos de deputado federal, ministro da Casa Civil e membro do Conselho de Administração da Petrobrás, Palocci interferiu para que o edital de licitação lançado pela estatal e destinado à contratação de 21 sondas fosse formulado e publicado de forma a garantir que a Odebrecht não obtivesse apenas os contratos, mas que também firmasse tais contratos com margem de lucro pretendida. DO ESTADÃO

Advogados se unem contra projeto de Renan Calheiros

Moção contra o projeto de lei de Abuso de Autoridade foi encaminhado a todos os gabinetes do Senado

O presidente do Senado Renan Calheiros
O presidente do Senado Renan Calheiros comanda sessão do segundo turno de votação, a PEC 55. A Proposta de Emenda à Constituição, chamada PEC do Teto, congela gastos federais pelos próximos 20 anos restringindo as despesas à inflação do ano anterior - 13/12-2016 (Evaristo Sá/AFP)
Como se não bastassem as preocupações com a reeleição, Lava-Jato e rompimento com o governo, Renan Calheiros terá que se preocupar também com um grupo de advogados.
O jurista Modesto Carvalhosa e os advogados Ernesto Tzirulnik e Walfrido Jorge Warde Júnior, dentre outros, estão empenhados desde ontem (19) de manhã em encaminhar moções aos gabinetes de todos os senadores manifestando-se contrariamente ao projeto de lei de abuso de autoridade proposto por Renan.
Leia a íntegra da peça:
A Nação Brasileira recusa a manobra de retaliação contra a Operação Lava Jato representada pelo projeto de Lei de Abuso de Autoridade, de autoria do Senador Renan Calheiros (PMDB/AL) e relatado pelo Senador Roberto Requião (PMDB/PR).
A CCJ ao, eventualmente, aprovar este projeto, estará insuflando uma revolta política de consequências imprevisíveis.
O Senado não tem o direito de desmoralizar e destruir as instituições do país para proteger as dezenas de Senadores investigados por práticas continuadas de corrupção.
A Cidadania brasileira espera que o Senado Federal não se transforme numa organização de proteção aos políticos corruptos. DO R.ONLINE