Na constelação de amigos empreiteiros do
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, José Aldemário Pinheiro, o Léo
Pinheiro, era o que desfrutava de maior proximidade com o petista.
Estilo boa-praça, apreciador de cachaça, o ex-presidente da OAS orbitou a
figura de Lula como nenhum outro empresário envolvido na Lava Jato. Não
à toa, guarda os segredos mais caseiros do petista. Peça-chave nos
processos que rastreiam a relação do ex-presidente com o tríplex do
Guarujá e com o sítio de Atibaia, Léo era reticente a falar o que sabe.
Após a divulgação do que disseram os executivos da Odebrecht, até mesmo o
presidente Marcelo Odebrecht e o patriarca Emílio, Léo Pinheiro mudou
de ideia. Nesta quinta-feira (20), em depoimento prestado ao juiz Sergio
Moro, em Curitiba, ele falou. Prestou o depoimento mais destruidor já
feito contra Lula.
Léo
Pinheiro disse que foi orientado por Lula a destruir provas de
pagamento de propina ao PT. “Eu tive um encontro com o ex-presidente, em
junho, tenho isso anotado na minha agenda, são vários encontros onde o
presidente textualmente me fez a seguinte pergunta: 'Léo, o senhor fez
algum pagamento a João Vaccari no exterior?'. Eu disse: ‘Não,
presidente, nunca fiz pagamento a essas contas que nós temos com Vaccari
no exterior’”, diz Léo Pinheiro no depoimento. Segundo ele, Lula
perguntou: “Como você está procedendo os pagamentos para o PT?”.
“Através do João Vaccari. Estou fazendo os pagamentos através de
orientações do Vaccari de caixa dois, de doações diversas que nós
fizemos a diretórios e tal.” Lula, então, ordenou: “Você tem algum
registro de algum encontro de contas feitas com João Vaccari com vocês?
Se tiver, destrua”.
Léo Pinheiro é réu na ação penal relativa ao tríplex em Guarujá, o apartamento que a OAS reservou e reformou a gosto de Lula e sua família, mas que o ex-presidente desistiu de comprar quando a Lava Jato estourou. Ele negocia uma delação premiada com o Ministério Público Federal em troca de redução de pena. A Moro, pela primeira vez ele confirmou que o apartamento pertence ao ex-presidente. Léo Pinheiro afirma que, quando a OAS comprou o Edifício Solaris da Bancoop, a falida cooperativa do Sindicato dos Bancários, foi avisado para não mexer com o apartamento de Lula. “A orientação que me foi passada naquela época foi de ‘toque o assunto do mesmo jeito que você vinha conduzindo. O apartamento não pode ser comercializado, o apartamento continua em nome da OAS, e depois a gente vai ver como faz a transferência ou o que for’”, disse. A orientação, ainda de acordo com Léo Pinheiro, partiu de João Vaccari, ex-tesoureiro do PT, e de Paulo Okamotto, atual presidente do Instituto Lula. “Eu tinha uma orientação para não colocar à venda, que pertenceria à família do ex-presidente", afirmou a Moro.
Segundo ele, a cota pertencente a Lula e Dona Marisa era de um apartamento típico e não de um tríplex. “Eu fui orientado que este apartamento eu poderia negociá-lo porque o apartamento da família seria o tríplex.” O que Pinheiro diz combina com os documentos obtidos pelos investigadores, nos quais Lula teria direito a uma unidade comum, mas a OAS deu-lhe um tríplex e ainda o reformou, a seu gosto. As despesas com o imóvel, segundo o empreiteiro, eram lançadas num centro de custo paralelo apelidado de “Zeca Pagodinho”. “Mas tinha de ter um centro de custo, por isso o nome Zeca Pagodinho, que se refere a um apelido que se tinha do presidente, que a gente tem nas mensagens... de “Brahma”.
A revelação tem o poder de mudar o caso. Os procuradores reuniram provas que o apartamento pertencia a Lula. Afirmam que foi recebido em troca de favores feitos à OAS. A defesa de Lula sempre negou isso. Afirma que Lula apenas reservou um imóvel no prédio durante a fase de construção, mas o devolveu. Pinheiro demole essa versão da defesa.
Em nota, o advogado de Lula, Cristiano Zanin, contestou a versão do empreiteiro. “O que nós vimos hoje aqui foi uma encenação, uma mentira contada pelo senhor Léo Pinheiro, que está negociando uma delação premiada. Mas a declaração dele jamais vai se sobrepor ao depoimento prestado por 73 testemunhas e diversos documentos que estão no processo e que demonstram de forma cabal que o apartamento não é do ex-presidente Lula e que ele não teve qualquer participação em ilícitos da Petrobras. A declaração do Léo Pinheiro é uma mentira. Ele não tem como provar e é uma mera declaração de uma pessoa que negociou uma versão com o Ministério Público. Ele [Léo] disse que entregou o apartamento, mas até hoje o ex-presidente não teve a chave, ou seja, é uma declaração incompatível com a realidade dos fatos. Até porque a própria OAS deu este imóvel em garantia em diversas operações financeiras e declarou no processo de recuperação judicial que este imóvel pertence a ela e não ao ex-presidente Lula. Então, essas declarações, como eu disse, são absolutamente incompatíveis com os diversos depoimentos que foram prestados. Foram 73 testemunhas ouvidas e com documentos da própria OAS na qual afirma que é proprietária desse imóvel. O importante é que no dia 3 [de maio, quando está marcado interrogatório de Lula] o ex-presidente estará aqui e mostrará a verdade dos fatos.” DA EPOCA
Léo Pinheiro é réu na ação penal relativa ao tríplex em Guarujá, o apartamento que a OAS reservou e reformou a gosto de Lula e sua família, mas que o ex-presidente desistiu de comprar quando a Lava Jato estourou. Ele negocia uma delação premiada com o Ministério Público Federal em troca de redução de pena. A Moro, pela primeira vez ele confirmou que o apartamento pertence ao ex-presidente. Léo Pinheiro afirma que, quando a OAS comprou o Edifício Solaris da Bancoop, a falida cooperativa do Sindicato dos Bancários, foi avisado para não mexer com o apartamento de Lula. “A orientação que me foi passada naquela época foi de ‘toque o assunto do mesmo jeito que você vinha conduzindo. O apartamento não pode ser comercializado, o apartamento continua em nome da OAS, e depois a gente vai ver como faz a transferência ou o que for’”, disse. A orientação, ainda de acordo com Léo Pinheiro, partiu de João Vaccari, ex-tesoureiro do PT, e de Paulo Okamotto, atual presidente do Instituto Lula. “Eu tinha uma orientação para não colocar à venda, que pertenceria à família do ex-presidente", afirmou a Moro.
Segundo ele, a cota pertencente a Lula e Dona Marisa era de um apartamento típico e não de um tríplex. “Eu fui orientado que este apartamento eu poderia negociá-lo porque o apartamento da família seria o tríplex.” O que Pinheiro diz combina com os documentos obtidos pelos investigadores, nos quais Lula teria direito a uma unidade comum, mas a OAS deu-lhe um tríplex e ainda o reformou, a seu gosto. As despesas com o imóvel, segundo o empreiteiro, eram lançadas num centro de custo paralelo apelidado de “Zeca Pagodinho”. “Mas tinha de ter um centro de custo, por isso o nome Zeca Pagodinho, que se refere a um apelido que se tinha do presidente, que a gente tem nas mensagens... de “Brahma”.
A revelação tem o poder de mudar o caso. Os procuradores reuniram provas que o apartamento pertencia a Lula. Afirmam que foi recebido em troca de favores feitos à OAS. A defesa de Lula sempre negou isso. Afirma que Lula apenas reservou um imóvel no prédio durante a fase de construção, mas o devolveu. Pinheiro demole essa versão da defesa.
Em nota, o advogado de Lula, Cristiano Zanin, contestou a versão do empreiteiro. “O que nós vimos hoje aqui foi uma encenação, uma mentira contada pelo senhor Léo Pinheiro, que está negociando uma delação premiada. Mas a declaração dele jamais vai se sobrepor ao depoimento prestado por 73 testemunhas e diversos documentos que estão no processo e que demonstram de forma cabal que o apartamento não é do ex-presidente Lula e que ele não teve qualquer participação em ilícitos da Petrobras. A declaração do Léo Pinheiro é uma mentira. Ele não tem como provar e é uma mera declaração de uma pessoa que negociou uma versão com o Ministério Público. Ele [Léo] disse que entregou o apartamento, mas até hoje o ex-presidente não teve a chave, ou seja, é uma declaração incompatível com a realidade dos fatos. Até porque a própria OAS deu este imóvel em garantia em diversas operações financeiras e declarou no processo de recuperação judicial que este imóvel pertence a ela e não ao ex-presidente Lula. Então, essas declarações, como eu disse, são absolutamente incompatíveis com os diversos depoimentos que foram prestados. Foram 73 testemunhas ouvidas e com documentos da própria OAS na qual afirma que é proprietária desse imóvel. O importante é que no dia 3 [de maio, quando está marcado interrogatório de Lula] o ex-presidente estará aqui e mostrará a verdade dos fatos.” DA EPOCA