terça-feira, 9 de março de 2021
Edição do Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Jorge Serrão - serrao@alertatotal.net
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O imortal humorista Millôr Fernandes, inventor do frescobol e craque em aforismos, foi o autor da frase que resumiu o que aconteceu no dia 8 de março de 2021: “O Brasil é o único País em que os ratos conseguem botar a culpa no queijo”. Foi a metáfora justa e perfeita para definir o perdão dado pelo Supremo Tribunal Federal ao chefão Lula. O inocente mais culpado de todos os tempos agora pode ser candidato à sucessão presidencial de 2022.
Era mais que previsível a declaração oficial de inocência judicial de Luiz Inácio Lula da Silva. Foi apenas a consagração da estratégia de defesa elaborada pelo jurista Márcio Thomaz Bastos, assim que estourou a Lava Jato. A intenção do falecido advogado, fã de Carmem Miranda, era reverter as condenações explorando pecados cometidos pela Força Tarefa do Ministério Público Federal: erros táticos, falhas processuais, provas pouco objetivas e obtidas de forma não-convencional, além dos exageros nas manifestações públicas e reservadas dos promotores e procuradores.
A petelândia recuperou a esperança perdida. A petralhândia, que nunca parou de roubar, agora tem no que investir, politicamente, o volume de grana subtraído via corrupção sistêmica. O companheiro $talinácio, livre, inocentado, é a figura esquerdista escalada para (tentar) derrotar Jair Messias Bolsonaro. De repente, pela via fraudável da urna eletrônica sem conferência por voto impresso, dá para Lula retornar ao Palácio do Planalto.
Agora, depois da decisão monocrática de Edson Fachin que libertou Lula e enterrou de vez a Lava Jato, fica fácil entender a recente declaração do revolucionário cubano José Dirceu de Oliveira e Silva, em entrevista ao jornal espanhol El País: “Aí nós vamos tomar o poder, que é diferente de ganhar a eleição”. Dirceu apenas deixou claro que tem o domínio do Mecanismo do Crime Institucionalizado. O recado dele é para os militares. Se o PT retornar ao Palácio do Planalto, a Academia Militar das Agulhas Negras tem tudo para ser transformada em um Parque Temático. Todo o sistema de ensino e formação militar será revisto, para garantir a submissão das Forças Armadas ao “novo regime”, no médio e longo prazos.
A vitória de Lula, que entra no páreo da sucessão 2022, representa a derrota do personagem que pode nem chegar perto da disputa, embora tenha o nome sempre cotado pela mídia abestada. Foi o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, quem twittou o mais relevante comentário sobre o final patético da Lava Jato. Lira provocou: “Minha maior dúvida é se a decisão monocrática foi para absolver Lula ou Moro. Lula pode até merecer. Moro, jamais”.
Moro tem menos chance que Lula como presidenciável. Apesar do desgaste imagético e político, por ter desmoralizado a honradez, Lula é um Titan Tupiniquim. Venceu um câncer virulento, driblou o Covidão (com a ajuda da avançadíssima medicina cubana KKKKKK) e ganhou, de goleada, do Judiciário, saindo vencedor nos processos da Lava Jato.
Um cara assim tem toda capacidade de vencer uma eleição, ainda mais na mão grande de nove dedos… Ninguém duvide que Lula ainda pode reivindicar e ganhar uma indenização milionária do Estado Brasileiro, como compensação por tudo que passou… Ninguém se surpreenda se o juiz Moro e os membros da Lava Jato terminarem condenados e presos por “crimes cometidos contra Lula”. Culpar e punir o queijo é fácil...
O apocalipse tupiniquim já começou há muito tempo. O Brasil sobrevive em crise permanente. O previsível perdão a Lula é apenas mais um capítulo da novela de terror institucional, na guerra de todos contra todos. O perdão ao companheiro $talinácio, na Lava Jato, apenas confirma que precisa ser passado a limpo todo o sistema judiciário (que vai da polícia, passa pelo ministério público até a magistratura, em todas as instâncias).
Também é necessária uma revisão rigorosa no excesso de leis em vigor. A legislação permissiva, ao mesmo tempo, permite perdoar e punir, desde que o acusado contrate os melhores e mais caros advogados. O País não aguenta mais um Judiciário que abusa do poder do rigor seletivo ou do perdão conveniente - conivente com crimes. O problema é que a falha estrutural acontece “em nome da lei”.
Depois da “inocentagem” de Lula, a prioridade máxima do Establishment é desgastar Jair Bolsonaro até ele ser forçado a renunciar, acabar sofrendo um processo de impeachment ou ficar completamente inviabilizado para disputar a própria sucessão em 2022. A sabotagem ao Governo Federal vai se intensificar. Fica cada vez mais reduzida a margem para erros cometidos por Bolsonaro - que até acerta no atacado mas falha muito no varejo, no dia-a-dia da condução política-ideológica.
Um experiente observador do mercado financeiro fez uma análise sintética no twitter, que merece atenção, pois resume nossa história recente, desde a queda do PT e comparsas até a ascensão de Bolsonaro e o que pode pode acontecer depois: “Esquerda quebra. Direita assume com promessa de mudar. O sistema perverso não deixa a Direita mudar, e a própria Direita não ajuda porque tem medo de sindicalistas. Daí criam-se crises. Economia piora. Miséria cresce. Esquerda ressuscita como salvadora da Pátria que outrora ajudou a destruir”.
Também é recomendável levar a sério a advertência de um experiente analista militar. Um dos porta-vozes informais do pensamento das Forças Armadas, pois foi Comandante da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército e atualmente é diretor de Geopolítica e Conflitos do Instituto Sagres, o General de Divisão Reformado Luiz Eduardo da Rocha Paiva advertiu, em mensagem no Facebook, que “aproxima-se o ponto de ruptura”. O General escreveu:
“A nefasta decisão do ministro Edson Fachin, livrando Lula de suas condenações, foi uma bofetada na cara (desculpem a expressão) da Nação. (...) Para reverter essa decisão, cabe ao povo brasileiro exercer o legítimo e, também legal, direito de pressionar na mídia e também nas instituições e organizações, mas principalmente nas ruas, de forma ordeira, firme e resoluta, sem descanso e sem retrocessos, por uma reviravolta nessa situação que é motivo de vergonha nacional”.
Rocha Paiva acrescenta: “Essa e outras decisões monocráticas e, também, algumas decisões do pleno do STF revelam uma ilegítima disposição de conduzir os destinos do País, invadindo áreas dos demais Poderes e contando com a conivência de deputados e senadores, cujo grande efetivo resulta na submissão do Congresso Nacional. Da mesma forma, a Alta Corte algemou o Executivo, comprometeu sua autoridade e vem colocando em risco a paz, a harmonia e a própria unidade nacional”.
O General foi incisivo: “O STF feriu de morte o equilíbrio dos Poderes, um dos pilares do regime democrático e da paz política e social. A continuar esse rumo, chegaremos ao ponto de ruptura institucional e, nessa hora, as Forças Armadas serão chamadas pelos próprios Poderes da União, como reza a Constituição. Por isso, hoje, é bom lembrar Rui Barbosa. A pior ditadura é a ditadura do Poder Judiciário. Contra ela, não há a quem possa recorrer. O grande jurista se referia ao recurso a instâncias legais”.
Luiz Eduardo da Rocha Paiva finaliza, com um princípio básico do Direito: “Porém, o que é supremo não é a lei, e sim a Justiça, e esta não existe quando a lei é usada contra o bem comum. Não fosse assim, ainda seríamos uma colônia de Portugal. Em um conflito entre Poderes, a qual deles as FA se submeterão? Com certeza, ficarão unidas ao lado da Nação, única detentora de sua lealdade. Que a liderança nacional tenha isso em mente”.
O recado de Luiz Eduardo da Rocha Paiva nem precisa de desenho para ser compreendido por qualquer mortal pelo Covidão. Os deuses supremos não devem mandar prender ou repreender o General, porque ele não disse nada que afronte a lei - muito pelo contrário. Mas, do jeito que a coisa desanda institucionalmente no Brasil, tudo é possível. O caso Lula vai render... A Procuradoria Geral da República vai recorrer da decisão de Edson Fachin. O plenário do STF terá de se pronunciar. Tudo pode retornar à primeira instância? Que doideira... A insegurança jurídica vai quebrar o Brasil. O "mercado" alopra...
Por isso, o Alerta Total lançou a campanha cívica que vale tanto para egoístas quanto para os mais altruístas:
“CUide do seu porque ele está na reta”...
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