terça-feira, 21 de novembro de 2017

Ao restabelecer prisões TRF-2 dá aula ao STF

Josias de Souza
Em decisão unânime —5 votos a 0—, o Tribunal Regional Federal da 2ª Região restabeleceu a ordem de prisão contra três caciques do PMDB do Rio de Janeiro: Jorge Picciani, Paulo Melo e Edson Albertassi. Com essa decisão, os desembargadores do TRF-2 deram uma lição ao Supremo Tribunal Federal. Ensinaram o seguinte: quando a Justiça não faz da roubalheira uma oportunidade para impor a lei, os tribunais viram uma oportunidade que os larápios aproveitam.
Ampliar

Protesto e confronto marcam votação sobre prisão de deputados no Rio12 fotos

10 / 12
17.nov.2017 - Manifestante pega bomba de gás lacrimogênio do chão e revida ataque aos policiais durante a confusão nas redondezas da Alerj (Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro) VEJA MAIS > Imagem: jose lucena/Futura Press/Folhapress
Presos na semana passada, os três xamãs do PMDB fluminense foram libertados por decisão da Assembleia Legislativa do Rio. Abriram-se as celas sem que ao menos o TRF-2 fosse comunicado sobre a revogação de sua decisão. Nesta terça-feira, ao discorrer sobre a encrenca, um dos desembargadores do tribunal, Paulo Espírito Santo, disse ter enxergado as imagens dos deputados deixando o presídio de carro, sem ordem judicial, como “um resgate de filme de faroeste.”
O doutor resumiu assim a cena: “Acabo de ver, na sexta-feira passada, algo que nunca imaginei ver na vida. Nunca vi uma coisa dessas. Não há democracia sem Poder Judiciário. Quando vi aquele episódio, que a Casa Legislativa deliberou de forma absolutamente ilegítima, e soltou as pessoas que tinham sido presas por uma Corte federal, pensei: o que o povo do Brasil vai pensar disso? Pra quê juiz? Pra quê Ministério Público? Pra quê advogado? Se isso continuar a ocorrer, ninguém mais acreditará no Judiciário. O que aconteceu foi estarrecedor. Que país é esse?”
O desembargador Espírito Santo não disse, talvez por que cautela, mas o Brasil virou um país em que a Suprema Corte às vezes fica de cócoras quando o Poder Legislativo faz cara feia. Assim procedeu ao lavar as mãos no caso do tucano Aécio Neves, autorizando o Senado a anular sanções cautelares como a suspensão do mandato e o recolhimento domiciliar noturno. Conforme já noticiado aqui, o STF tinha a exata noção de que abria um precedente que não passaria em branco nos Estados.
O debate sobre as prerrogativas dos legislativos para revogar prisões e sanções impostas a parlamentares federais e estaduais ainda vai dar muito pano para a manga. No Rio, a maioria cúmplice da Assembleia não há de ficar inerte. Farejando o cheiro de queimado, outro desembargador, Abel Gomes, mencionou inclusive a hipótese de o TRF-2 requerer ao STF intervenção federal na Assembleia fluminense.
A confusão certamente chegará ao Supremo, oferecendo aos ministros a oportunidade de se reposicionar em cena. Sob pena de desmoralização do Judiciário. Na antessala das urnas de 2018, não restará ao brasileiro de bem senão a alternativa de praguejar na cabine de votação: ''Livrai-me da Justiça, que dos corruptos me livro eu.''

“Se isso continuar a ocorrer, ninguém mais acreditará no Judiciário”

O Globo reproduziu o voto do desembargador Paulo Espírito Santo, do TRF-2.
Ele comparou a cena dos deputados saindo de carro da cadeia a “um resgate de filme de faroeste”.
E acrescentou:
“Acabo de ver, na sexta passada, algo que nunca imaginei ver na vida. Nunca vi uma coisa dessa. Não há democracia sem Poder Judiciário. Quando vi aquele episódio, que a casa Legislativa deliberou de forma absolutamente ilegítima, e soltou as pessoas que tinham sido presas por uma corte federal, pensei: o que o povo do Brasil vai pensar disso? Pra quê juiz? Pra quê advogado? Se isso continuar a ocorrer, ninguém mais acreditará no Judiciário. O que aconteceu foi estarrecedor. Que país é esse?”

Votar no mesmo deputado? Maioria diz “não”

Na pesquisa online do Instituto Paraná, os brasileiros também demonstraram a sua insatisfação com o parlamento.
Veja como eles responderam à seguinte pergunta:
Em 2018, você votaria no mesmo candidato em que votou para deputado federal em 2014?
71,6% responderam que não;
24,3% responderam que sim;
4,1% não se lembram em quem votaram.

Maioria acredita que haverá renovação política

O Instituo Paraná perguntou aos brasileiros, na sua pesquisa nacional online, se eles acreditam que o Brasil terá uma renovação política em 2018.
71,9% responderam que sim;
23,6% responderam que não;
4,5% não souberam ou não quiseram opinar.

TRF determina a prisão dos deputados Picciani, Paulo Melo e Albertassi

Abel Gomes ainda pediu que o processo seja encaminhado ao presidente do Tribunal Regional Federal. Deputados do PMDB do RJ foram soltos após decisão da Alerj na sexta (17).

Por Gabriel Barreira, G1 Rio
Por unanimidade, os desembargadores do Tribunal Regional Federal do Rio de Janeiro votaram pela revogação do pedido de liberdade dos deputados federais Jorge Picciani, Paulo Melo e Edson Albertassi.
O primeiro a falar foi o desembargador Abel Gomes, relator do processo contra os três deputados do PMDB, afirmou que o alvará de soltura feito pela Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) é "esdrúxulo" e pediu o reestabelecimento da prisão dos deputados do PMDB Jorge Picciani, Paulo Melo e Edson Albertassi durante discussão no Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2) nesta terça (21).
"Só pode soltar quem pode prender. Só pode expedir alvará de soltura quem expede mandado de prisão. Portanto, só poderia ser revogada (prisão) por órgão judiciário", afirmou o relator. Os deputados foram presos na semana passada após a Operação Cadeia Velha e determinação do TRF, mas foram soltos já na sexta-feira após votação na Alerj na sexta-feira (17).
Abel Gomes ainda pediu que o processo seja encaminhado ao presidente do Tribunal Regional Federal (TRF). "Em caso de mais um obstáculo criado à corte, peço que seja imediatamente encaminhado ao presidente do TRF para que ele, junto ao STF, peça intervenção federal no RJ. Pelo que se vê, quadro é preocupante", afirmou. De acordo com Abel, no dia da votação na Alerj, as galerias que deveriam ser ocupadas pelo povo, foram "dissimuladamente tomadas por funcionários".
Por unanimidade, desembargadores federais do TRF-2 tinham decidido na quinta (16) pelas prisões dos deputados. De acordo com Abel, a soltura foi "uma completa violação de normas penais", disse o desembargador, ressaltando que a decisão "Usurpou competência do TRF2".
O desembargador Messod Azulay Neto, segundo a se pronunciar, também afirmou que a decisão da Justiça não foi acatada. "Vimos na sexta uma reunião da Alerj onde o cidadão tentou adentrar a casa do povo e foi impedido, a despeito de decisão judicial que também foi descumprida.", afirmou Neto, que também declarou voto pela prisão dos três deputados do PMDB. Desembargador Paulo Espirito Santo: "Estou acompanhando na sua integralidade o voto do eminente relator".
Os três deputados integram a cúpula do PMDB no estado e são investigados pela Operação Cadeia Velha, que apura a prática dos crimes de corrupção, associação criminosa, lavagem de dinheiro e evasão de divisas pela presidência da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) e outros cargos na Casa.

PGR deve entregar nos próximos dias as alegações finais na ação contra Gleisi, acusada de corrupção



Como antecipou o UCHO.INFO, a senadora paranaense Gleisi Helena Hoffmann, presidente nacional d Partido dos Trabalhadores, entrou na reta final de possível condenação no âmbito da Operação Lava-Jato. Isso porque a Procuradoria-Geral da República deve apresentar nos próximos dias as alegações finais no processo em que a parlamentar petista é ré por corrupção e lavagem de dinheiro.
Relator da Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Edson Fachin concedeu prazo adicional para que a equipe da procuradora-geral da República, Raquel Dodge, concluísse argumentos contra a senadora.
A procuradora-geral já havia comunicado ao ministro-relator que a ação penal fosse finalizada, ocasião em que solicitou “celeridade” no processo e a não realização de novas diligências. O que indica que a PGR está certa da culpa de Gleisi Hoffmann, acusada de receber R$ 1 milhão, por meio de caixa 2, do esquema criminoso que funcionou na Petrobras durante uma década. Os recursos foram usados na campanha de Gleisi ao Senado, em 2010.
A celeridade cobrada por Raquel Dodge não foi atendida pela defesa do ex-ministro Paulo Bernardo da Silva (Planejamento e Comunicações), marido da senadora, que também é réu na mesma ação penal.Com intuito absolutamente procrastinatório, os advogados de Paulo Bernardo chegaram a solicitar mais prazo antes de a PGR se manifestasse nas alegações finais, mas o pedido foi negado por Fachin.
“(…) Por tais razões, indefiro a diligência pretendida pela defesa técnica de Paulo Bernardo Silva, bem como a pretensão de concessão de prazo em dobro para o oferecimento das alegações finais”, destacou o relator em seu despacho.
Mesmo diante da proximidade cada vez maior de uma possível condenação, Gleisi Helena continua disparando críticas ao Judiciário, muitas delas camufladas, tendo o ex-presidente Lula, também réu na Lava-Jato, como desculpa. A senadora tem afirmado que o golpe (sic) que derrubou Dilma Rousseff continua a passos largos com o objetivo de inviabilizar a candidatura do ex-metalúrgico.
Na verdade, Gleisi tenta com esse discurso modulado e de encomenda mandar recados ao STF, como se tal atitude, marcada pelo desespero, pudesse mudar o seu destino. Considerando que o doleiro Alberto Youssef, que acusou Gleisi de receber dinheiro de propina, foi beneficiado por acordo de delação, não há como a senadora se salvar a essa altura dos acontecimentos.

Ex-gerente da Transpetro é preso em nova fase da Lava Jato que investiga repasse ao PT

José Antônio de Jesus e seus familiares são suspeitos de operacionalizarem o recebimento de R$ 7 milhões de propinas pagas por empresa de engenharia, segundo o MPF.


Por Adriana Justi e José Vianna, G1 PR e RPC, Curitiba

O ex-gerente da Transpetro José Antonio de Jesus foi preso na manhã desta terça-feira (21) na 47ª fase da Operação Lava Jato. Ao todo, foram expedidos 14 mandados judiciais em cidades da Bahia, Sergipe, Santa Catarina e São Paulo. Antônio de Jesus foi detido na casa dele em Camaçari, na Bahia. O mandado contra ele é temporário.
O ex-gerente e seus familiares são suspeitos de negociar o recebimento de R$ 7 milhões em propinas pagas por empresa de engenharia. O valor, segundo o Ministério Público Federal (MPF), foi pago mensalmente em benefício do Partido dos Trabalhadores (PT). Os valores teriam sido recebidos entre setembro de 2009 e março de 2014.
A atual fase foi batizada de Sothis e também cumpre oito mandados de busca e apreensão e cinco de condução coercitiva, que é quando a pessoa é levada para prestar depoimento.
O G1 tenta contato com a assessoria do PT.

Investigações

Ainda segundo o MPF, as investigações começaram após a colaboração premiada dos executivos da empresa investigada. Conforme os procuradores, há provas que indicam que o ex-gerente recebeu suborno para favorecer a empresa em contratos com a Transpetro.
Para ocultar a origem ilícita dos recursos, o valor foi pago por meio de depósitos realizados em contas bancárias de terceiros e familiares, vindo de contas da empresa de engenharia e/ou de seus sócios.
Conforme os procuradores, José Antônio de Jesus teria pedido, inicialmente, o pagamento de 1% do valor dos contratos da empresa com a Transpetro como propina, entretanto, o acerto final ficou em 0,5%.
O valor foi pago mensalmente em benefício do PT e não tinha relação com os pagamentos feitos pela mesma empresa ao PMDB a pedido da presidência da Transpetro. O ex-gerente se desligou da Transpetro recentemente.
A procuradora da República Jerusa Burmann Viecili disse que , neste caso, houve um dos esquemas mais rudimentares de lavagem de dinheiro da Lava Jato.
"A propina saía da conta bancária da empresa de engenharia para a conta bancária de empresa do filho sem qualquer contrato ou justificativa para o repasse do dinheiro. Além disso, estão sendo investigados contratos entre a própria empresa do filho, controlada de fato pelo ex-gerente, e a Transpetro, o que pode indicar a inexistência ou falha grave de mecanismos de compliance”, disse.
Os crimes investigados na operação são corrupção, lavagem de dinheiro, entre outros. O alvo de prisão temporária será levado para a Superintendência da PF, em Curitiba.

O nome da operação

O nome da operação, segundo a PF, é uma referência a uma das empresas investigadas, chamada Sirius. "A estrela Sirius era chamada pelos egípcios de Sothis", explicou a corporação.