sexta-feira, 8 de setembro de 2017

Janot pede prisão de Joesley, Saud e ex-procurador Miller

Pedido ainda precisa ser analisado pelo ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato na Corte

Beatriz Bulla, de Brasília
08 Setembro 2017 | 22h26
Joesley Batista em Brasília; empresário prestou esclarecimentos à Procuradoria-Geral da República nesta quinta, 7. FOTO DIDA SAMPAIO/ESTADÃO
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, enviou ao Supremo Tribunal Federal (STF) o pedido para prender o empresário e dono do grupo J&F, Joesley Batista, segundo apurou o Estado. O pedido ainda precisa ser analisado pelo ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato na Corte.
Segundo apurou o Estado, Janot também pediu a prisão do diretor do J&F, Ricardo Saud, e do ex-procurador Marcello Miller.
Em conversa entregue pela própria defesa da JBS, Saud e Joesley conversam sobre a suposta interferência de Miller para ajudar nas tratativas de delação premiada. O ex-procurador ainda fazia parte do Ministério Público quando começou a conversar com os executivos, no final de fevereiro. Ele foi exonerado da instituição apenas em abril.
Na segunda-feira, Janot abriu um procedimento de revisão do acordo de delação dos empresários. Ele vai pedir a revogação do benefício de imunidade penal concedido aos delatores.
A prisão preventiva já vinha sendo analisada por Janot nos últimos dias. Ontem, os executivos prestaram esclarecimentos à PGR, mas não convenceram. A avaliação na instituição é de que o discurso era somente para manter a validade do acordo, mas os fatos narrados foram graves.
No caso de Miller, há auxiliares de Janot que avaliam que ele atuou junto à JBS com uso de informações privilegiadas que possui por ser ter integrado a equipe de Janot e pode ter incorrido no crime de obstrução de justiça e exploração de prestígio. DO ESTADÃO

Temer pede ‘serenidade’ e ‘maturidade’! Hummmmmm… Que tal a honestidade?

Josias de Souza
O medo dos panelaços baniu Michel Temer das redes nacionais de tevê. Mas a informalidade das redes sociais oferece ao presidente um refúgio para a divulgação dos seus vídeos. Sem hora marcada para as vaias, Temer exibe uma peça atrás da outra. Na penúltima, levada ao ar nesta sexta-feira, ele se vangloria das estatísticas econômicas. No final, pede “serenidade” e “maturidade” à plateia.
Celebrada por Temer, a inflação baixa se deve mais à recessão do que à ação do governo. Quanto aos juros, numa economia que hesita em tirar o pé do freio, eles caem por gravidade. Em meio aos fogos, o presidente soltou um rojão pela aprovação no Congresso da nova meta fiscal do governo. O rombo de R$ 139 bilhões virou uma cratera de R$ 159 bilhões. Por que gargalha Sua Alteza?
Encantado consigo mesmo, Temer celebra os seus ''feitos'' num instante em que o ex-ministro Geddel Vieira Lima, seu amigo de três décadas, volta para a cadeia. Foi preso nas pegadas da apreensão dos R$ 51 milhões entesourados em Salvador, num apartamento de Ali-Babá. Simultaneamente, vem à luz a delação do operador de propinas Lúcio Funaro, que acusa Temer de receber e intermediar propinas. Vai às manchetes também a denúncia da Procuradoria contra a banda ladra do PMDB do Senado.
Num cenário assim, em que o dinheiro público continua saindo pelo ladrão porque os ladrões continuam entrando no Orçamento, Temer se surpreenderia se pudesse assistir à reação dos mais de 80% de brasileiros que querem vê-lo pelas costas. Se pudesse se pronunciar ao mesmo tempo, a plateia talvez gritasse para Temer: “Fale-me de economia, que eu puxo logo um ronco. Fale-me de 'serenidade', que eu puxo logo a carteira. Fale-me de 'maturidade', que eu puxo logo um coro: Que tal uma dose de honestidade?”

Arma-se no TSE absolvição de PT, PMDB e PP

Josias de Souza

Acusados de engordar seus caixas com verbas roubadas da Petrobras, PT, PMDB e PP devem ser absolvidos nos processos que correm no Tribunal Superior Eleitoral. Pela lei, as três siglas poderiam ser punidas com a extinção. Entretanto, três dos sete ministros do TSE informaram ao blog que são mínimas as chances de uma condenação que leve ao fechamento das legendas.
O processo contra o PT foi aberto em 5 de agosto de 2016, a pedido do ministro Gilmar Mendes, prepresidente do TSE. Quatro dias depois, em 9 de agosto de 2016, a então corregedora-geral da Justiça Eleitoral, ministra Maria Thereza de Assis Moura, decidiu processar também o PMDB e o PP. As ações permaneceram na gaveta por seis meses.
Havia uma dúvida sobre quem deveria relatar os processos: se a ministra-corregedora ou outros ministros, escolhidos por sorteio. A encrenca foi dissolvida apenas em fevereiro de 2017, quando o TSE optou pelos sorteios. Coube à ministra Rosa Weber a relatoria dos processos contra o PT e o PP. Luiz Fux, atual vice-presidente do tribunal, ficou com os autos referentes ao PMDB.
Não há prazo para Rosa e Fux apresentarem seus relatórios. Esboça-se desde logo, porém, uma maioria contra a cassação do registro dos partidos. Essa tendência foi potencializada pelo arquivamento da ação que pedia no TSE a cassação da chapa Dilma Rousseff—Michel Temer.
Em decisão apertada —4 votos a 3—, os ministros do TSE livraram Temer da perda do mandato e pouoparam Dilma de uma inelegibilidade de oito anos. Para chegar a esse resultado, o tribunal agarrou-se a tecnicalidades para ignorar as provas do uso de verbas sujas no financiamento da campanha vitoriosa em 2014.
Nos processos contra os partidos, as provas são essencialmente as mesmas, disse um dos ministros em conversa com o blog. Segundo ele, seria um contrassenso utilizá-las para justificar a extinção das legendas depois de tê-las descartado no julgamento da chapa Dilma-Temer.
As provas a que se refere o ministro foram importadas dos processos da Operação Lava Jato. A ex-corregedora Maria Thereza, que já deixou o TSE, impressionara-se com a densidade dos indícios de financiamento partidário ilegal.
“Uma vez comprovadas tais condutas”, dissera Maria Thereza no ano passado, “estaríamos diante da prática de crimes visando a conquista do poder e/ou sua manutenção, nada muito diferente, portanto, dos períodos bárbaros em que crimes também eram praticados para se atingir o poder”, anotou.
A ex-corregedora acrescentara: “Notícias de fatos como estes causam indignação e a apuração é fundamental, não só para a aplicação das sanções devidas, mas também para que o país vá virando suas páginas na escala civilizatória.”
Substituto de Maria Thereza na corregedoria-geral do TSE, o ministro Herman Benjamin multiplicou a quantidade de provas. Como relator do processo sobre a chapa Dilma-Temer, ele reinquiriu pessoalmente delatores da Lava Jato. Tornou mais assustador o que já era horripilante. Mas o TSE deu de ombros.
No julgamento da chapa presidencial, Rosa Weber e Luiz Fux votaram a favor da cassação. Não seria absurdo que apresentassem relatórios contrários aos interesses do PT, PP e PMDB. Mas a dupla corre o risco de repetir o papel de Benjamin, que se recusou a carregar o caixão das provas, mas teve de participar do velório.
O cortejo do TSE começa a ser organizado num instante em que o procurador-geral da República Rodrigo Janot denuncia no Supremo Tribunal Federal as cúpulas dos partidos. Janot limpa suas gavetas, pois deixará o cargo em 17 de setembro.
Na semana passada, o procurador-geral denunciou os caciques do PP. Na última terça-feira, protocolou a denúncia contra a cúpula do PT, incluindo Lula e Dilma. Nesta sextra-feira, foram à grelha os pajés do PMDB do Senado. Na semana que vem, virá à luz a denúncia contra os mandachuvas do PMDB da Câmara.
Considerando-se o ritmo do Judiciário brasileiro, não são negligenciáveis as chances de TSE e STF postergarem os julgamentos para depois das eleições de 2018. Os veredictos poderiam guiar o eleitorado. Mas as instituições brasileiras, conforme já comentado aqui, não estão a serviço do cidadão

Janot denuncia Lobão, Jader, Renan, Jucá, Raupp e Sarney por ‘quadrilhão do PMDB’

Procurador-geral da República acusa senadores, ex-presidente e também Sérgio Machado por organização criminosa que atuava nas diretorias Internacional e de Abastecimento da Petrobrás; os acusados teriam causado prejuízos de R$ 5,5 bilhões à estatal e recebido R$ 864 milhões

Breno Pires e Beatriz Bulla, de Brasília, e Luiz Vassallo, de São Paulo
08 Setembro 2017 | 17h25
Da esquerda para a direita: Romero Jucá, Renan Calheiros e José Sarney. Fotos: Estadão
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, denunciou ao Supremo Tribunal Federal a cúpula do PMDB no Senado – cinco senadores e dois ex-senadores, por supostamente integrarem organização criminosa que teria desviado recursos públicos e recebido propinas. São alvo da denúncia os senadores Edison Lobão (MA), Jader Barbalho (PA), Renan Calheiros (AL), Romero Jucá (RR) e Valdir Raupp (RO) e os ex-senadores José Sarney (AP) e Sérgio Machado (CE).Janot acusa os peemedebistas de de receberem propina de R$ 864 milhões e causar rombo de R$ 5,5 bilhões na Petrobrás e de mais R$ 113 milhões na Transpetro.
Esta é a 34.ª denúncia da Procuradoria no âmbito da Operação Lava Jato
perante o Supremo.
As informações são do site da Procuradoria-Geral da República.
Segundo a Procuradoria, ‘a organização criminosa denunciada foi inicialmente constituída e estruturada em 2002, por ocasião da eleição de Lula à Presidência da República’.
“Iniciado o seu governo, em 2003, Lula buscou compor uma base aliada mais robusta. Para tanto, negociou o apoio do PMDB e do PP, respectivamente a segunda e quinta maiores bancadas da Câmara dos Deputados”, assinala a Procuradoria.
A denúncia de 230 páginas levada nesta sexta-feira, 8, ao Supremo e faz menção a outros partidos. “Em comum, os integrantes do PT, do PMDB e do PP queriam arrecadar recursos ilícitos para financiar seus projetos próprios. Assim, decidiram se juntar e dividir os cargos públicos mais relevantes, de forma que todos pudessem de alguma maneira ter asseguradas fontes de vantagens indevidas.”
As supostas ações ilícitas voltaram-se inicialmente para a arrecadação de recursos da Petrobrás por meio de contratos firmados no âmbito da Diretoria de Abastecimento e da Diretoria Internacional, assim como da Transpetro, segundo o Ministério Público Federal.
A Procuradoria ainda dá conta de que o ‘aprofundamento das apurações levou à constatação de que, no mínimo entre os anos de 2004 e 2012, as diretorias da sociedade de economia mista estavam divididas entre os partidos políticos responsáveis pela indicação e manutenção dos respectivos diretores’.
“Naturalmente, a Petrobrás tornou-se uma das principais fontes de recursos ilícitos que aportaram na organização criminosa ligada ao PMDB e, por conseguinte, no próprio partido”, diz a denúncia.
“No limite da comunhão de interesses, quando as lideranças políticas conseguiam aparelhar um grupo de cargos diretivos e oferecer facilidades a agentes privados, formava-se um ambiente de criminalidade acentuada: corrupção passiva, prevaricação, advocacia administrativa, violação de sigilo funcional, tráfico de influência, corrupção ativa, lavagem de dinheiro, fraude a licitação, cartelização e evasão fraudulenta de divisas se multiplicavam.”
Para a Procuradoria, ‘não se questiona o fato de um governo conquistar uma ampla base política e ter êxito na aprovação de suas medidas no parlamento’.
“Alianças, negociações e divisão de poder são da essência da política e é dessa forma que usualmente se obtém maioria para governar. No caso dos autos, o intuito das negociações em torno dos cargos, desde o início, foi obtenção de orçamentos, de forma a possibilitar, aos denunciados, desenvolver no âmbito dos órgãos públicos, empresas públicas e sociedades de economia mista um sistema de arrecadação de propina.”
A denúncia contra a cúpula do PMDB no Senado ainda destaca os diversos depoimentos de membros do PP dando conta do apoio ao então diretor de Abastecimento da Petrobrás Paulo Roberto Costa.
“Embora inicialmente indicado para o cargo pelo PP, Paulo Roberto Costa adoeceu no final de 2006 e enfrentou movimento político, apoiado inclusive por parte de alguns servidores da própria Petrobrás, que pretendiam substituí-lo na Diretoria de Abastecimento”, anota o Ministério Público Federal.
Rodrigo Janot sustenta que o então diretor de Abastecimento obteve apoio de parte da bancada do PMDB no Senado.
De acordo com a denúncia, a partir da nomeação do ex-diretor da Petrobrás, que virou delator da Lava Jato, membros do PMDB teriam passado a receber uma parcela da suposta vantagem indevida relativa aos contratos da estatal vinculados à Diretoria de Abastecimento.
O procurador lembra também que Edison Lobão foi ministro de Minas e Energia de 21 de janeiro de 2008 a 31 de março de 2010, durante o governo de Lula, e posteriormente de 1.º de janeiro de 2011 a 1.º de janeiro de 2015, durante todo o primeiro mandato de Dilma Rousseff.
“Sob controle direto de sua (Lobão) pasta, estavam a Petrobrás, a Transpetro, e obras como a de Belo Monte, do complexo hidroelétrico do Rio Madeira e da usina nuclear de Angra 3, âmbitos nos quais há vários casos de pagamento de vantagem indevida”, argumenta Janot.
Outra diretoria da Petrobrás, objeto do mesmo suposto esquema apontado pela denúncia, foi a Internacional, ocupada por Nestor Curiat Cerveró desde 2003.
Em delação premiada, Cerveró afirmou ter sido indicado por influência de Delcídio do Amaral, então senador, e do então governador de Mato Grosso do Sul Zeca do PT.
Cerveró ainda disse que tratou com Sarney que, segundo Delcídio, ‘era sempre ouvido por Lula’.
Janot afirma ainda que Silas Rondeau, do PMDB, assumiu o Ministério de Minas e Energia e afirmou a Cerveró que o PMDB do Senado o apoiaria politicamente a partir de então, em reunião ocorrida no primeiro semestre de 2006.
Segundo a procuradoria-geral da República, o apoio teria sido dado em razão da suposta necessidade de Cerveró de contribuir com o pagamento de vantagem indevida para integrantes do PMDB do Senado.
Embora de menor escala, diz a denúncia, o esquema na Transpetro apresentava o mesmo desenho e finalidade do estruturado na Petrobrás.
A Transpetro é subsidiária integral da Petrobrás, inclusive com conselho de administração comum a ambas, para algumas finalidades, do qual fazia parte, por exemplo, Paulo Roberto Costa.
“Exatamente nesse modelo criminoso de funcionamento da máquina estatal descoberto, Sérgio Machado, nomeado por Lula, exerceu a presidência da Transpetro, no período de 2003 a 2015”, acusa a Procuradoria.
Machado confessou que os políticos responsáveis por sua nomeação na Transpetro foram principalmente Renan Calheiros, Jader Barbalho, Romero Jucá, José Sarney e Edison Lobão, ‘os quais receberam vantagem indevida repassada por aquele, tanto por meio de doações oficiais quanto por meio de dinheiro em espécie’.
Outros depoimentos, segundo a Procuradoria, corroboram as relações de Sérgio Machado com políticos de cúpula do PMDB. DO ESTADÃO

'Bunker' dos R$ 51 milhões foi emprestado a irmão de Geddel que é deputado, diz PF.

Polícia encontrou no apartamento fatura da empregada do parlamentar Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA)



BRASÍLIA - A Polícia Federal (PF) encontrou no "bunker" onde estavam os R$ 51 milhões manuseados pelo ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB) uma fatura de uma mulher que é empregada do irmão dele, o deputado federal Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA). Além disso, duas testemunhas ouvidas pela PF – o dono do imóvel onde o dinheiro foi apreendido e a administradora do condomínio – afirmaram que o apartamento foi emprestado a Lúcio. Os irmãos são dois dos políticos do PMDB mais próximos e íntimos do presidente Michel Temer.
As informações estão expressas no relatório da PF que embasou a decisão do juiz titular da 10ª Vara Federal, Vallisney de Souza Oliveira, que determinou a prisão preventiva de Geddel e de um aliado seu, Gustavo Pedreira do Couto Ferraz (PMDB), diretor-geral da Defesa Civil da Prefeitura de Salvador – ele foi nomeado no cargo pelo prefeito ACM Neto (DEM). A PF cumpriu as ordens de prisão preventiva na manhã desta sexta-feira, além de três mandados de busca e apreensão.
Os "fortes indícios" são de que o dinheiro de fato pertence a Geddel, segundo a manifestação da PF enviada à Justiça. "A autoridade policial explica que foi realizado exame pericial no dinheiro apreendido, no qual os peritos lograram localizar alguns fragmentos de impressões digitais de Geddel e de Gustavo no material", cita o juiz Vallisney na decisão. Gustavo já foi indicado por Geddel para buscar valores ilícitos em 2012 repassados por um emissário do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ), segundo a PF informou à Justiça.
CASA DA MÃE
A PF também sustenta que o dinheiro deve ser proveniente do esquema de arrecadação de propinas a partir da liberação de crédito de FI-FGTS a empresas. Geddel foi vice-presidente da Caixa Econômica Federal entre 2011 e 2013. "O dinheiro apreendido tem, certamente, origem ilícita, decorrente das atividades criminosas praticadas por Geddel no comando da vice-presidência de Pessoa Jurídica da Caixa e, possivelmente, de outras que porventura podem vir a ser descobertas", cita o mandado de prisão.
Tanto o ex-ministro quanto o diretor-geral da Defesa Civil de Salvador "manusearam essa estrondosa quantia, o que, somado a outros indícios, levam à conclusão da propriedade ou posse do dinheiro apontado para ambos", escreveu o juiz Vallisney. O magistrado viu indícios de lavagem de dinheiro, "tratando-se de delito permanente na situação configurada". "Trata-se, portanto, de fato gravíssimo e atual", afirmou.
Além das prisões preventivas de Geddel e seu aliado, o juiz autorizou três mandados de busca e apreensão de documentos. A PF cumpriu os mandados nas residências de Geddel, Gustavo e da mãe do ex-ministro, que fica no mesmo edifício do filho.

PF prende Geddel após descoberta de bunker com R$ 51 milhões

Pedro Ladeira/Folhapress - DA FOLHA
O ex-ministro Geddel Vieira Lima
A Polícia Federal prendeu o ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB), que deixou sua residência cobrindo o rosto com uma pasta.
A PF chegou ao prédio de Geddel, em Salvador, no bairro Jardim Apipema, por volta de 5h40, em dois carros.
Um vendedor ambulante foi escolhido para subir ao apartamento do ex-ministro como testemunha.
Pessoas que andavam na rua gritavam em apoio à PF contra o político: "Vai para a Papuda".
A decisão que a polícia está em mãos é da 10ª Vara Federal de Brasília, mas ainda está em sigilo.
O pedido acontece após a PF ter encontrado na terça (5) R$ 51 milhões em espécie escondidos em caixas e malas em um "bunker" ligado ao peemedebista, também em Salvador.
Foram encontradas digitais dele e de uma pessoa próxima no local.
Geddel cumpre neste momento prisão domiciliar, desde o dia 12 de julho. Ele foi preso no dia 3 de julho, acusado de tentativa de obstrução de Justiça, e depois conseguiu habeas corpus.

Funaro: Temer recebeu e intermediou propinas

Josias de Souza

Em delação já homologada pelo ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, o doleiro e operador de propinas Lúcio Funaro contou que Michel Temer “sempre soube” do esquema de coleta de dinheiro sujo montado por Eduardo Cunha. Mencionou três episódios nos quais Temer atuou como intermediário ou beneficiário de propinas que somam R$ 13,5 milhões.
De acordo notícia veiculada pela revista Veja, Funaro relatou à Procuradoria-Geral da República que Temer recebeu propina de R$ 1,5 milhão proveniente do grupo Bertin. O doleiro afirmou ter intermediado pagamento ilícito de R$ 7 milhões da JBS destinado a Temer, Cunha e o ministro da Agricultura da época: Antônio Andrade, hoje vice-governador de Minas Gerais.
Funaro declarou, de resto, que Temer obteve R$ 5 milhões do empresário Henrique Constantino, do Grupo Constatino. A verba foi borrifada em 2012 na caixa registradora da campanha do então peemedebista Gabriel Chalita à prefeitura de São Paulo.
O doleiro esclareceu que não conversou sobre dinheiro diretamente com Temer. Essa era uma atribuição de Eduardo Cunha. Segundo Funaro, Cunha o mantinha informado sobre a divisão das propinas. “Temer participava do esquema de arrecadações de valores ilícitos dentro do PMDB”, disse. “Cunha narrava as tratativas e as divisões [de dinheiro] com Temer.”
Funaro também enredou em sua delação três integrantes da patota política de Temer: o ministro palaciano Moreira Franco e os ex-ministros Henrique Eduardo Alves, preso no Rio Grande do Norte, e Geddel Vieira Lima, que a Polícia Federal acusa de esconder os R$ 51 milhões apreendidos num bunker residencial de Salvador.
O operador de propinas vinculou a trinca de amigos de Temer a fraudes em negócios trançados na Caixa Econômica Federal. Numa única operação envolvendo o grupo Bertin, em 2009, o ministro Moreira Franco amealhou R$ 6 milhões, acusou Funaro.
Prestes a perder a imunidade penal obtida em acordo de colaboração judicial, o empresário Joesley Batista, da JBS, foi acusado de oferecer R$ 100 milhões pelo  silêncio de Funaro. Segundo o doleiro, só foram efetivamente pagos R$ 4,6 milhões. Os repasses foram interrompidos depois que Joesley tornou-se, ele próprio, um delator.
Funaro forneceu aos procuradores sua versão sobre o misterioso episódio que envolve os R$ 10 milhões que Marcelo Odebrecht, mordido pelo próprio Temer num jantar no Jaburu, entregou a políticos do grupo do presidente. Parte desse valor —R$ 4 milhões— foi repassado para um velho amigo de Temer, o ministro palaciano Eliseu Padilha. Os outros R$ 6 milhões foram para o caixa dois da malograda campanha de Paulo Skaf, presidente da Fiesp, ao governo de São Paulo.
Funaro declarou que, em maio de 2014, foi acionado pelo ex-ministro Geddel Vieira Lima. A pedido dele, retirou R$ 1 milhão no escritório de outro amigão de Temer, o advogado José Yunes. Esse pedaço da verba provida pela Odebrecht foi entregue a Geddel, em dinheiro vivo, na capital baiana.
A delação de Funaro complicou a vida penal do ex-amigo Eduardo Cunha. O doleiro entregou os dados referentes a uma conta de Cunha no exterior —mais uma, que os investigadores desconheciam. Batizada de “Glorieta LLP”, foi aberta no banco Northern Trust Bank, em Nova York, em nome de uma offshore. Funaro disse ter feito depósitos nesta entre 2003 e 2006.
De acordo com o delator, Cunha comprava com dinheiro de propina o apoio da milícia parlamentar que o apoiava na Câmara. Citou 25 deputados que estavam na caderneta de Cunha.
Funaro também declarou que, no ano passado, durante a tramitação do processo de impeachment contra Dilma, Cunha e Temer “confabulavam diariamente”. Na véspera da votação em que os deputados aprovaram a abertura do processo, Cunha procurou Funaro para pedir dinheiro. Queria comprar votos contra Dilma. Funaro diz ter repassado o dinheiro.