Um
dos alvos da medida, publicitário diz a VEJA que presenciou pedido de
dinheiro, na sede da Odebrecht, para a campanha da senadora
Por Thiago Bronzatto
VEJA
Gleisi Hoffmann (PT-PR): dados telefônicos da senadora serão devassados na Operação Lava-Jato
(VEJA.com/VEJA/VEJA)
Enquanto
o acordo de delação premiada da Odebrecht não é homologado pelo Supremo
Tribunal Federal, a Operação Lava-Jato avança nas investigações sobre
políticos que receberam propinas da empreiteira. Para apurar se a
senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) recebeu dinheiro sujo da construtora, a
Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu ao ministro Teori Zavascki,
relator dos processos do petrolão na Corte, a quebra do sigilo
telefônico da parlamentar. O pedido foi deferido no fim do ano passado.
Conforme VEJA revelou há dois meses,
Gleisi é suspeita de figurar na lista do setor de propinas da Odebrecht
com o apelido “Coxa”. A ex-ministra da Casa Civil teria recebido meio
milhão de reais em dinheiro vivo durante sua campanha para o governo do
Paraná em 2014. Documentos encontrados pela Polícia Federal na sede da
empreiteira relacionam o codinome “Coxa” a um número de telefone e a um
endereço em São Paulo onde funciona a agência Sotaque Publicidade e
Propaganda. O dono da linha telefônica é Bruno Martins Gonçalves
Ferreira, ex-sócio da Sotaque, empresa que era administrada pelo
marqueteiro Oliveiros Domingos Marques Neto, responsável pela campanha
fracassada de Gleisi em 2014.
Procurado
por VEJA, Bruno Martins Gonçalves esclareceu: “Caí de gaiato nessa
história. Na verdade, o meu ex-sócio, Oliveiros Domingos, que estava
cuidando da campanha da Gleisi em Curitiba, me pediu um favor: levar o
Leones ( Dall’agnol, ex-chefe do gabinete de Gleisi Hoffmann) do
aeroporto de Congonhas até o escritório da Odebrecht, em São Paulo. Na
reunião que ocorreu na empresa e que acompanhei, foram pedidos recursos
para a campanha da Gleisi, e o executivo da Odebrecht disse que iria
ajudar. Não me lembro de terem discutido valores”. Bruno esclareceu, em
depoimento prestado à Polícia Federal, que a reunião na sede da
empreiteira foi conduzida por Fernando Migliaccio da Silva, executivo da
empreiteira responsável pelo gerenciamento do departamento de propinas
da companhia.
A
quebra de sigilo telefônico, autorizada por Teori, também se estende a
Bruno Martins Gonçalves, a Leones Dall’agnol e a Fernando Migliaccio, um
dos 77 delatores da Odebrecht. O objetivo dos investigadores é conferir
se os suspeitos se comunicaram entre si e depois provar, a partir de
dados da localização dos celulares, que eles se reuniram na sede da
Odebrecht.
Homem
de confiança de Gleisi, Leones Dall’agnol integrou o conselho de
administração dos Correios, presidido pelo ex-ministro das Comunicações
Paulo Bernardo, marido da senadora petista. O ex-chefe de gabinete da
senadora petista teria embolsado uma propina de 600 000 reais de
contratos dos Correios, segundo delação do ex-vereador do PT Alexandre
Romano, conhecido como Chambinho.
Em
setembro, Gleisi e Paulo Bernardo se tornaram réus na Lava-Jato após o
STF aceitar a denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República
que os acusa de terem praticado os crimes de corrupção passiva e lavagem
de dinheiro. De acordo com os investigadores, a senadora teria recebido
1 milhão de reais em propina da diretoria de abastecimento da Petrobras
para a sua campanha eleitoral ao Senado em 2010. O casal nega as
acusações.
Procurada por VEJA, a senadora Gleisi Hoffmann disse por meio de sua assessoria que desconhece as informações da investigação.2 jan 2017