domingo, maio 05, 2019
Qual o resultado dos investimentos estatais nessas universidades quando se faz uma acurada pesquisa analítica medindo o alcance e o impacto da produção acadêmica brasileira em nível internacional?
Quem responde a essa indagação é o professor Marcelo Hermes-Lima por meio de uma série de artigos especiais de sua autoria que têm sido publicados no jornal Gazeta do Povo.
Alguns anos atrás tive a oportunidade de conhecer o professor Marcelo Hermes-Lima, em sua passagem por Florianópolis, quando dedicou parte de suas férias para descobrir o extremo-Sul brasileiro.
Pois bem. Agora há pouco deparei com artigos do professor Marcelo Hermes-Lima publicados no site da Gazeta do Povo que oferecem dados importantes sobre dita produção acadêmica nacional que julgo ser do interesse do Governo do Presidente Jair Bolsonaro, sobretudo do novo Ministro da Educação, Abraham Weintraub. Além, é claro, do interesse de todos os leitores deste blog em saber se o destino das vultosas verbas que sustentam as universidades estatais e custosos cursos de Mestrado e Doutorado são investimentos que realmente valem a pena.
O artigo do professor Marcelo Hermes-Lima é meio longo e contem uma série de gráficos e tabelas mas vale a pena ser lido, já que está amparado por gráficos, tabelas e dados que medem o resultado da produção acadêmica no Brasil e seu impacto em nível global.
Nesta postagem transcrevo os três primeiros parágrafos do artigo do professor Marcelo Hermes-Lima, o bastante para aguçar o interesse dos leitores, com link para leitura completa. O link está aberto mesmo para os leitores que não são assinantes do jornal Gazeta do Povo. Leiam:
"Nos
primeiros meses de 2019, publiquei uma série de artigos nos quais
apresentei a lastimável situação do impacto da ciência nacional.
Acostumamo-nos a ouvir os governos do PT alardearem que o Brasil estava
em 13º lugar no ranking de produção científica mundial. Essa posição
foi, de fato, alcançada em 2009/2010 – época de grande “júbilo” de nossa
ciência aos olhos da extrema-imprensa e do governo. O problema é que
essa imensa quantidade de publicações científicas, por si só, não tem
qualquer significado. Passamos de 18,5 mil artigos em 2002 para 68,7 mil
em 2015 – um aumento de 270%. No ano seguinte, foram 72,1 mil artigos,
mas caímos para a 14º posição mundial. Ao analisarmos o ranking de
impacto científico medido em citações por publicação (ou CPP, citations
per paper), a história é outra. Posicionamo-nos em 2016 no 53º lugar no
ranking CPP de 66 países com pelo menos 3.000 publicações. O Brasil
apresentou um impacto (CPP=2,12) 55% menor que o da Suíça, 1ª colocada
(CPP=4,68). Nossas pesquisas envolveram investimentos de 1,3% do PIB (em
2016), percentual similar ao de diversos países com CPP
substancialmente maior, como Portugal, Espanha, Itália, Irlanda e
Estônia."
"Qual
a origem de boa parte da produção científica nacional? As universidades
federais e as 3 universidades estaduais paulistas. Players secundários,
em termos de quantidade, são a Embrapa, os institutos de pesquisa do
MCTI, ITA, outras universidades estaduais e universidades privadas. Ora,
se grande parte da nossa ciência vem das universidades, seria
proveitoso avaliar como elas estão no ranking mundial de impacto da
produção científica. Nesse sentido, o Leiden Ranking*, é excelente, pois
classifica 938 universidades por quantidade de publicações ou por
impacto. Ao olharmos para o ranking 2013-2016, o mais recente (divulgado
em 2018), verificamos que a USP está em 8º lugar mundial em quantidade
de publicações, com 16,1 mil artigos indexados no Web of Science (veja
tabela abaixo). Em 1º lugar está Harvard, com 33 mil artigos. A Unesp,
com 5,8 mil publicações, é a 2ª colocada do Brasil, e a 150ª no ranking
mundial, seguida pela Unicamp e UFRGS – 186ª e 208ª, respectivamente"
"À
primeira vista é um resultado que deveria nos orgulhar, pois o Brasil
tem uma universidade em 8º lugar. Porém, ao analisar o impacto
acadêmico, tudo muda. O Leiden ranking realiza essa medida de duas
maneiras distintas. Uma delas é pela quantidade absoluta de artigos de
uma universidade que estão entre 10% mais citados do mundo (é o ranking
top-10 absoluto). Assim, 955 artigos da USP estavam entre os 10% mais
citados do planeta, assim como 7.305 artigos de Harvard. No ranking de
impacto absoluto, Harvard continua em primeiro lugar, mas a USP cai para
a 90º posição; Unicamp e Unesp despencam para 347º e 379º,
respectivamente." Clique AQUI para ler o artigo completo DO A.AMORIM