sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

O palavrório de Dilma sobre o Petrolão avisa que o estoque de vigarices chegou ao fim

A interrupção do surto de mudez teria sido menos desastrosa se a presidente resolvesse desviar milhões de olhares concentrados na roubalheira do Petrolão recorrendo a qualquer das seis ideias de jerico arroladas na enquete da vez. Caso anunciasse o início das obras da Transposição das Águas do Rio Amazonas, por exemplo, Dilma Rousseff teria demonstrado que a inventividade dos consultores Lula e João Santana ainda dá para o gasto.
Mesmo a promessa de construir 6 milhões de creches até 2018 pareceria menos absurda que a mágica de picadeiro reapresentada na abjeta entrevista desta sexta-feira: culpar o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso pela transformação da Petrobras numa usina de ladroagens a serviço dos governos lulopetistas, operada pelo partido que virou bando, pela base alugada e por gatunos de estimação disfarçados de empresários ou executivos.
Há dois dias, sob o título “Lula pariu a primeira ideia para adiar o desabamento do poste de terninho”, a coluna publicou a charge do Alpino em que o padrinho sopra a sugestão à afilhada: “Que tal a gente botar a culpa no governo anterior?” Nesta tarde, a tentativa de incluir o Petrolão na “herança maldita de FHC” inventada pelos farsantes no poder transformou em furo de reportagem o post sarcástico reproduzido abaixo. E confirmou que o estoque de vigarices chegou ao fim.
Como sabem até os índios das tribos isoladas, os bebês de colo e os napoleões-de-hospício, o maior esquema corrupto de todos os tempos é uma realização dos governos Lula e Dilma. Da produção à distribuição, da montagem do roteiro à escolha do elenco, da direção à maquiagem, do cálculos das comissões e propinas ao recrutamento dos figurantes, tudo no Petrolão tem as digitais do PT e seus comparsas. O mais ruinoso faroeste brasileiro será o mais revelador documentário sobre a era em que o país foi dominado pelo grande clube dos cafajestes.
O truque da ilusionista aprendiz é destroçado pelo que se lê no site de VEJA, começando pela vigorosa réplica de FHC. Dilma jamais perde a oportunidade de desferir um tiro no próprio pé, mas poucas vezes os estragos foram tantos. Ao amparar-se no depoimento de Pedro Barusco para atirar em Fernando Henrique, por exemplo, a bucaneira sem mira nem bala chancelou todas as revelações feitas pelo ex-gerente executivo da Petrobras. Entre outras safadezas colossais, Barusco  que confessou ter abastecido os cofres do PT com 200 milhões de reais desviados da estatal.
Tudo somado, o palavrório de Dilma só serviu para atestar que, depois de mais de 12 anos de tapeação, os farsantes no poder se enfurnaram no que é mais que um beco sem saída. É a trilha que termina no penhasco.
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DO A.NUNES

FHC BATE DURO: Dilma usa tática de quem rouba — e depois grita “pega ladrão”

Fernando Henrique: (Foto: Wilton Junior/Agência Estado)
O ex-presidente Fernando Henrique: “Uma vez que a própria presidente entrou na campanha de propaganda defensiva, aceitando tática infamante (…), sou forçado a reagir”  (Foto: Wilton Junior/Agência Estado)
O ex-presidente respondeu às declarações da chefe do governo, que culpou a gestão do presidente de honra do PSDB por não ter iniciado uma investigação sobre desvios na Petrobras. FHC diz que a roubalheira do petrolão é um “processo sistemático” que envolve os governos Dilma e Lula
De VEJA.com
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso respondeu nesta sexta-feira às declarações da presidente Dilma Rousseff, que lançou mão da velha tática petista e culpou o governo FHC por não ter iniciado uma investigação sobre os desvios na Petrobras na década de 1990.
Em nota, o ex-presidente afirma que Dilma aceitou “a tática infamante da velha anedota do pungista que mete a mão no bolso da vítima, rouba e sai gritando ‘pega ladrão’”.
FHC salientou o fato de Dilma tratar do trecho da delação premiada em que o ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco afirma que começou a receber propina da empresa holandesa SBM offshore em 1997, mas ignorar as demais revelações feitas por ele.
“O delator a quem a presidente se referiu foi explícito em suas declarações à Justiça. Disse que a propina recebida antes de 2004 foi obtida em acordo direto entre ele e seu corruptor. Somente a partir do governo Lula a corrupção, diz ele, se tornou sistemática”, afirmou.
E questiona: “Como alguém sério pode responsabilizar meu governo pela conduta imprópria individual de um funcionário se nenhuma denúncia foi feita na época?”.
Ainda segundo o ex-presidente, o petrolão não é caracterizado por desvios de conduta individuais de funcionários da Petrobras – nem são os empregados, em sua maioria, os responsáveis.
“Trata-se de um processo sistemático que envolve os governos da presidente Dilma e do ex- presidente Lula. Foram eles ou seus representantes na Petrobras que nomearam os diretores da empresa ora acusados de, em conluio com empreiteiras e, no caso do PT, com o tesoureiro do partido, de desviar recursos em benefício próprio ou para cofres partidários”.
O ex-presidente encerra a nota recomendando mais cuidado a Dilma diante dos fatos. “Em vez de tentar encobrir suas responsabilidades, jogando-as sobre mim, que nada tenho a ver com o caso, ela deveria fazer um exame de consciência”, afirma.
Ao tratar da delação de Barusco, a presidente se calou sobre a mais grave informação prestada pelo delator: a de que o tesoureiro do PT João Vaccari Neto recebeu até 200 milhões de dólares em propina do escândalo do petrolão.
EIS A ÍNTEGRA DA DECLARAÇÃO PUBLICADA POR FHC EM SUA PÁGINA NO FACEBOOK
“Até agora, salvo lamentar o caráter de tsunami que a corrupção tomou no caso do “Petrolão”, não adiantei opiniões sobre culpados ou responsáveis, à espera do resultado das investigações e do pronunciamento da Justiça.
“Uma vez que a própria Presidente entrou na campanha de propaganda defensiva, aceitando a tática infamante da velha anedota do punguista que mete a mão no bolso da vítima, rouba e sai gritando “pega ladrão”!”, sou forçado a reagir.
“1. O delator a quem a Presidente se referiu foi explícito em suas declarações à Justiça. Disse que a propina recebida antes de 2004 foi obtida em acordo direto entre ele e seu corruptor; somente a partir do governo Lula a corrupção, diz ele, se tornou sistemática. Como alguém sério pode responsabilizar meu governo pela conduta imprópria individual de um funcionário se nenhuma denúncia foi feita na época?
“2. Do mesmo modo, a delação do empreiteiro da Setal Engenharia reafirma que o cartel só se efetivou a partir do governo Lula.
“3. No caso do “Petrolão” não se trata de desvios de conduta individuais de funcionários da Petrobras, nem são eles, empregados, em sua maioria, os responsáveis. Trata-se de um processo sistemático que envolve os governos da Presidente Dilma (que ademais foi presidente do Conselho de Administração da empresa e Ministra de Minas e Energia) e do ex- presidente Lula. Foram eles ou seus representantes na Petrobras que nomearam os diretores da empresa ora acusados de, em conluio com empreiteiras e, no caso do PT, com o tesoureiro do partido, de desviar recursos em benefício próprio ou para cofres partidários.
“4. Diante disso, a Excelentíssima Presidente da Republica deveria ter mais cuidado. Em vez de tentar encobrir suas responsabilidades, jogando-as sobre mim, que nada tenho a ver com o caso, ela deveria fazer um exame de consciência. Poderia começar reconhecendo que foi no mínimo descuidada ao aprovar a compra da refinaria de Pasadena e aguardar com maior serenidade que se apurem as acusações que pesam sobre o seu governo e de seu antecessor”.
Fernando Henrique Cardoso
Ex-presidente da República”
DO R.SETTI