Não
sei, não… Se o PT perder a eleição, a gente tem motivos para temer duas
coisas: suicídio coletivo, o que é sempre uma coisa horripilante, ou
estimulo à desordem. Por que escrevo isso? Nunca vi, já observei aqui, o
partido tão desarvorado. O PT está na defensiva e, parece, perdendo a
guerra de comunicação. Está mais difícil emplacar mentiras antigas e
novas. As respectivas propagandas eleitorais deste domingo deram provas
disso. O tucano Aécio Neves aproveitou seu tempo para agradecer o apoio
de Marina: “Quero agradecer aqui hoje o apoio de Marina Silva à nossa
candidatura e falar para você que, em troca do seu apoio, Marina não
pediu cargos, não pediu ministérios (…). Marina pediu para que
levássemos adiante propostas que temos em comum, como a escola em tempo
integral, a sustentabilidade e o fim da reeleição para presidente. É
esse o Brasil que nós queremos, onde pessoas com ideias em comum deixam
as diferenças de lado e se unem para fazer um Brasil melhor para você.
Marina, seja bem-vinda”.
Foram ao
ar também as cenas da adesão da família de Eduardo Campos ao candidato
tucano. Um trecho da carta de Renata, a viúva, foi lido pelo filho João,
herdeiro político do clã: “O Brasil pede mudanças. O governo que está
aí tornou-se incapaz de realizá-las… Aécio, acredito na sua capacidade
de diálogo e gestão”, diz o jovem.
A
propaganda de Dilma enveredou por outro caminho: a maior parte do tempo
foi empregada para tentar desconstruir Aécio, seguindo os passos do que a
legenda fez com Marina. Não foi só o tucano que apanhou; a imprensa
também. Disse a presidente: “O fato é que o Brasil mudou. Todos os
indicadores sociais e econômicos do País melhoraram. Mudamos a vida de
quem mais precisava: as crianças, os mais pobres, os trabalhadores que
viviam sob ameaça do desemprego e da recessão. Por mais que o meu
adversário, com apoio de certa imprensa, tente vender uma imagem
distorcida do Brasil, a verdade é que estamos enfrentando e superando
enormes desafios”.
Apoio de
“certa imprensa”??? Quem conta com uma “certa imprensa” a seu favor é
Dilma — na verdade, trata-se de coisa parecida com jornalismo, mas que é
só assessoria remunerada por estatais. A tarefa desses falsos
jornalistas é falar bem de petistas, atacar oposicionistas e difamar
profissionais independentes.
E lá foi o
PT tentar convencer a população de que, antes de o partido chegar ao
poder, só havia trevas por aqui. Num dado momento, o programa de Dilma
sustenta: “Nos governos tucanos, uma lei limitou a criação de escolas
técnicas”. É uma mentira que começou a ser veiculada em 2006. O
parágrafo 5º da Lei 9.649 estabelecia apenas que as escolas técnicas deveriam ser criadas pela União em pareceria com estados e municípios.
Façam uma
pesquisa. No governo FHC, foi instituído o Programa de Expansão da
Educação Profissional (Proep), com financiamento do Banco Interamericano
de Desenvolvimento (BID). Além de criar novas escolas técnicas
estaduais e comunitárias, houve recursos para modernizar as federais já
existentes. As matrículas nesses estabelecimentos cresceram 41% nos dois
últimos anos do governo FHC. Eu estou apenas lidando com fatos. Mais. O
horário eleitoral do PT diz que as gestões petistas criaram “422
escolas técnicas”, e o site “Muda Mais”, aquele de Franklin Martins,
afirma ser isso o triplo do que se fez em cem anos no Brasil.
Pois é…
Sabem quantas escolas técnicas geridas com dinheiro do estado existem só
em São Paulo? 217 ETCs e 63 FATECs. Reitero: eu estou falando apenas de
São Paulo. Há mais: como provou em 2010 Paulo Renato Souza, que fora
ministro da Educação de FHC, entre 1998 e 2002, o governo tucano aprovou
336 projetos de escolas técnicas: 136 para o segmento estadual, 135
para o comunitário e 65 para as escolas técnicas federais. A partir de
janeiro de 2003, primeiro mês do governo Lula, o Proep foi interrompido.
Em 2004, o Ministério da Educação devolveu ao BID US$ 94 milhões não
utilizados! Um crime!
Às
vésperas da eleição de 2006, sem ter nada a oferecer na área, o governo
petista retomou 32 projetos do Proep (de um total de 232 interrompidos),
federalizou-os e saiu cantando vitória.
Isso que
estou a afirmar aqui são apenas dados factuais. Os candidatos têm o
direito de vender o seu peixe, e os os leitores, o direito de saber a
verdade. Atacar e se defender politicamente é do jogo. Mas mentir é
falta grave.