quinta-feira, 29 de março de 2018

Bolsonaro diz que brincou sobre Frota e avisou que no seu governo o ministério da Cultura será extinto


Ao lado, Bolsonaro como é visto por alguns dos seus eleitores.
O deputado Jair Bolsonaro ridicularizou, hoje, as pessoas que acreditaram na boutade feita por ele, ontem, no Paraná, quando declarou que o ator Alexandre Frota seria seu ministro da Cultura.
- Não será.
E disse mais:
- No meu governo, não terá espaço para ministério da Cultura, que será extinto. A área da cultura voltará ao que sempre foi: secretaria dentro do ministério da Educação.
Jair Bolsonaro afirmou o seguinte sobre intelectuais e artistas:
- Eles terão que trabalhar e viver fora das tetas generosas do governo, vivendo do suor do próprio rosto.
Eis o que disse o candidato, no seu Facebook:
A mídia age de má fé novamente, agora alegando que defini quem será o Ministro da Cultura baseando-se em um vídeo descontraído. Fake News! Não escolhi ministro da cultura, até porque, chegando lá, nem existirá esse Ministério, será uma secretaria dentro do Ministério da Educação.
— Jair Bolsonaro (@jairbolsonaro) March 29, 2018 - DO P.BRAGA

Recandidatura de Temer fica com cara de piada


O aprofundamento da investigação sobre portos, que levou para a cadeia os últimos amigos de Michel Temer sem foro privilegiado que ainda estavam soltos, tem duas consequências políticas imediatas: a candidatura do presidente à reeleição, que parecia uma brincadeira, virou uma piada. Um pacote de 15 medidas econômicas que o governo enviara ao Congresso para compensar a falta da reforma da Previdência vai para o gavetão das pendências legislativas.
Um detalhe potencializa o novo drama de Temer. As prisões dos amigos do presidente e dos empresários sob investigação foram requisitadas não pela Polícia Federal, mas pela procuradora-geral da República, Raquel Dodge. Ela foi escolhida para comandar o Ministério Público Federal pelo próprio Temer, que já não pode fazer pose de perseguido político.
Há no forno uma massa de indícios com potencial para a produção de uma terceira denúncia criminal contra o presidente da República. Mas Temer se comporta como Alice no comando de um país das maravilhas. Alheio às investigações, ele disse que seus oponentes terão de fazer “malabarismo” para atacar o governo na campanha eleitoral. Vão ter que dizer que são contra coisas como teto de gastos, reforma do ensino médio e inflação baixa, disse Temer. Bobagem. Quem quiser atacar Temer só precisa dizer que é contra a corrupção.
Josias de Souza
29/03/2018 23:03

Está no forno a terceira denúncia contra Temer


Uma decisão tomada pelo ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, influiu na decretação da prisão provisória dos amigos de Michel Temer e de empresários do setor portuário na Operação Skala, deflagrada nesta quinta-feira. A Polícia Federal havia requisitado a condução coercitiva dos suspeitos. Mas Gilmar proibira esse tipo de procedimento num despacho proferido em dezembro do ano passado. A Procuradoria viu-se compelida, então, a requerer a prisão dos alvos da PF por cinco dias.
A má notícia para Temer é que a procuradora-geral da República Raquel Dodge considerou que há no processo indícios da prática de crimes que justificam a adoção da providência drástica. A péssima notícia para o presidente é que o ministro Luís Roberto Barroso, relator do caso dos portos no Supremo, concordou com Raquel Dodge. E como há males que vêm para pior, o cheiro que exala da cozinha do inquérito indica que está no forno uma terceira denúnica criminal contra o presidente da República.
Investiga-se a suspeita de que Temer tenha recebido propinas para editar, no ano passado, decreto que afetou os negócios de empresas portuárias. A Polícia Federal diz ter colecionado evidências de que há um esquema de corrupção funcionando no setor de portos há mais de 20 anos. Nessa versão, o principal operador de Temer é o coronel da reserva da PM paulista João Baptista Lima, amigo do presidente há três décadas. Nas palavras dos investigadores, as propinas tiveram “fins pessoais e eleitorais.”
O coronel Lima, como é chamado pelos amigos, é um dos presos desta quinta-feira. Ele é sócio de uma empresa chamada Argeplan. No despacho em que autorizou as prisões e as batidas policiais para busca e apreensão de documentos, valores e equipamentos eletrônicos, o ministro Barroso anotou que a Argeplan “tem se capitalizado por meio do recebimento de recursos provenientes de outras empresas – as interessadas na edição do denominado Decreto dos Portos – e distribuído tais recursos para os demais investigados”.
O ministro prosseguiu: “Desse modo, os sócios dessas empresas devem ser trazidos para prestar esclarecimentos, inclusive sobre se possuem conhecimento quanto à eventual atuação de João Batista no favorecimento de empresas concessionárias do setor portuário e na solicitação de vantagens indevidas a empresários com finalidade de beneficiar agentes políticos, seja por doações de campanha formais, ‘caixa 2’ ou mesmo sob forma de ‘propina’ direta, sem relação com campanhas eleitorais”.
Instaurado no ano passado, o inquérito sobre portos é um dos filhotes da delação do grupo JBS. A pedido da Polícia Federal, o minstro Barroso autorizou que fossem anexados ao processo documentos de outro inquérito sobre o mesmo tema, arquivado há sete anos.
A investigação que estava na gaveta nascera de denúncias de uma ex-mulher de Marcelo Azeredo. Apadrinhado por Temer, ele presidiu a Companhia das Docas do Estado de São Paulo (Codesp), entre 1995 e 1998. De acordo com a denúncia, recebia propinas junto com Temer. Entre os papeis retirados da gaveta há uma planilha chamada “Parcerias realizadas, concretizadas e a realizar”.
O documento anota nomes de empresas que administram áreas no Porto de Santos. Entre elas a Rodrimar, a mesma que está no epicentro da investigação inaugurada no ano passado. Ao lado do nome da empresa, há duas letras: “MT”. Suspeita-se que sejam as iniciais de Michel Temer. Na sequência, anotaram-se valores: R$ 300 mil e R$ 200 mil. Noutro trecho, aparecem as inicias “MA” e a letra “L”, associada à cifra de R$ 150 mil. Para os investigadores, “MA” é Marcelo Azeredo e “L” refere-se ao coronel Lima.
Há duas semanas, Raquel Dodge recorreu contra a decisão de Gilmar Mendes que proibiu a condução coercitiva de investigados. Para ela, a medida suspensa por liminar do ministro mais próximo a Michel Temer no Supremo se presta a um “fim legítimo'' (possibilitar a identificação e o interrogatório) sem privar “a liberdade do conduzido”, que é retido apenas pelo “tempo necessário à realização do interrogatório.” Realçou que o procedimento “não ofende os direitos ao silêncio e à vedação da autoincriminação.''
Gilmar, ao contrário, entendera que a condução coercitiva para interrogatório fere a Constituição por restringir dois direitos: a liberdade de locomoção e a presunção de não culpabilidade. De resto, obriga a presença no interrogatório, “um ato ao qual o investigado não é obrigado a comparecer.” O resultado prático foi a decretação da prisão dos amigos do presidente. Eles decerto não gostariam de estar na cadeia. Mas nesse caso a presença é compulsória.
Josias de Souza
29/03/2018 17:09

Jornalista é condenado a 10 meses de prisão por difamar o juiz Sergio Moro



O jornalista Miguel Baia Bargas foi condenado a 10 meses e 10 dias de prisão no TRF-3 por ter publicado texto que ligava o juiz Sergio Moro a um caso de corrupção na prefeitura de Maringá

 | Átila Alberti/Tribuna do Paraná
A 5ª Turma do Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF3) condenou por unanimidade o jornalista Miguel Baia Bargas a 10 meses e 10 dias de detenção por calúnia e difamação por ter publicado uma matéria com informações inverídicas sobre o juiz federal Sergio Moro. Em 2015, o blog Limpinho & Cheiroso, mantido por Bargas, publicou um conteúdo que ligava Moro a um caso de desvio de recursos na prefeitura de Maringá.
O jornalista publicou em seu blog um texto com o seguinte título: “Paraná: Quando Moro trabalhou para o PSDB, ajudou a desviar R$ 500 milhões da Prefeitura de Maringá”. Ele reproduzia a informação publicada em outro site de que Moro havia trabalhado com um advogado que teria servido ao ex-prefeito de Maringá, Jairo Gianoto – este sim condenado de fato a devolver R$ 500 milhões aos cofres públicos.
O texto faz uma ligação entre Moro e o doleiro Alberto Youssef, um dos condenados pela Operação Lava Jato. O doleiro foi descrito como “laranja” do juiz.
Nem Moro, nem o advogado citado no texto, trabalharam para o ex-prefeito. “É manifesta a ofensa à honra do juiz federal Sergio Fernando Moro, a configurar a prática de crimes tanto pela referência direta quanto indireta ao magistrado”, escreveu o relator do caso, o desembargador federal André Nekatschalow.
“A notícia que atribui ao magistrado a vinculação a partido político e a réu de processo criminal relativo à Operação Lava Jato, em que exerce a jurisdição, claramente ofende sua reputação e, ao imputar-lhe falsamente crimes, patenteia o propósito de ofender sua honra, a caracterizar as práticas de difamação e calúnia”, completou Nekatschalow.
O relator destacou ainda que o réu tenha atuado com o simples propósito de informar. “O réu foi jornalista por anos e, dado o conteúdo da notícia e sua perícia na área, acaso movido pelo desejo de informar, teria adotado cautela mínima de verificação de seu conteúdo, considerando, ademais, haver promovido alteração do título que, expressamente, atribuiu o desempenho de atividade político-partidária e o cometimento de delito a juiz federal”, disse o desembargador.
O cumprimento da pena será em regime aberto. DO GAZETADOPOVO

Janot comenta prisões de amigos de Temer: 'Começou? Acho que sim'



Ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot usou seu perfil no Twitter, na manhã desta quinta-feira (29), para comentar a prisão do advogado José Yunes, amigo e ex-assessor do presidente Michel Temer.
“Começou? Acho que sim”, escreveu Janot, ao compartilhar a notícia sobre a prisão de Yunes.
Depois, retweetou material do El País que destacava: "Parte dos 10 milhões de reais repassados ao MDB em 2014 teriam sido pagos no escritório de Yunes, segundo delação".
Além do advogado, também foram presos o coronel João Batista Lima Filho, o ex-ministro Wagner Rossi (MDB), todos aliados do presidente da República, e o empresário Antônio Celso Grecco, dono da Rodrimar, empresa que atua no Porto de Santos.
+ PF prende amigos de Temer em ação que mira esquema no setor de portos
+ Planalto vê cerco político e teme investigações amplas contra Temer
As detenções foram autorizadas pelo ministro Luis Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), relator do inquérito que investiga Temer por suposto recebimento de propina em troca de benefícios a empresas do setor portuário via decreto.
Durante seu tempo na Procuradoria-Geral da República (PGR), Janot foi peça-chave na investigação de políticos envolvidos na Operação Lava Jato. Seu mandato terminou em setembro do ano passado, quando foi substituído por Raquel Dodge - DO MSN

Operação da PF no setor de portos leva à prisão amigos de Temer, ex-ministro e empresários

Procuradora-geral Raquel Dodge pediu prisões, entre outros, de José Yunes e João Batista Lima, amigos do presidente; Wagner Rossi, ex-ministro; e Celso Greco, dono da empresa Rodrimar.

A Polícia Federal prendeu nesta quinta-feira (29) em São Paulo dois amigos do presidente Michel Temer – o advogado José Yunes, ex-assessor especial da Presidência da República, e João Baptista Lima Filho, ex-coronel da Polícia Militar de São Paulo.
Os dois foram presos a pedido da procuradora-geral da República, Raquel Dodge, no âmbito da Operação Skala, deflagrada nesta quinta pela PF em São Paulo e no Rio de Janeiro.
Além deles foram presos na mesma operação: em Monte Alegre do Sul (SP), o empresário Antônio Celso Greco, dono da empresa Rodrimar, que opera no porto de Santos; em Ribeirão Preto, o ex-ministro da Agricultura e ex-deputado federal Wagner Rossi, que em 1999 e 2000 foi diretor-presidente da Companhia Docas do Estado de São Paulo, estatal administradora do porto de Santos; em Americana (SP), Milton Ortolan, auxiliar de Rossi; e, no Rio de Janeiro, Celina Torrealba, uma das donas do grupo Libra, segundo informou o jornal "O Globo".
PRESOS NA OPERAÇÃO DA PF
  • José Yunes, advogado, amigo e ex-assessor do presidente Michel Temer
  • Antônio Celso Greco, empresário, dono da empresa Rodrimar
  • João Batista Lima, ex-coronel da Polícia Militar de São Paulo e amigo de Temer
  • Wagner Rossi, ex-deputado, ex-ministro e ex-presidente da estatal Codesp
  • Milton Ortolan, auxiliar de Wagner Rossi
  • Celina Torrealba, uma das donas do grupo Libra, segundo informou 'O Globo'
Na Rodrimar, houve cumprimento de mandados de busca e apreensão em unidades da empresa, segundo informou a assessoria da empresa.
A Operação Skala foi autorizada pelo ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), relator do inquérito que investiga se Temer, por meio de decreto, beneficiou empresas do setor portuário em troca de suposto recebimento de propina.

Yunes

Segundo o advogado José Luis de Oliveira Lima, que defende Yunes, trata-se de uma prisão temporária de cinco dias.
"É inaceitável a prisão de um advogado com mais de 50 anos de advocacia, que sempre que intimado ou mesmo espontaneamente compareceu a todos os atos para colaborar. Essa prisão ilegal é uma violência contra José Yunes e contra a cidadania", afirmou Oliveira Lima.
Em 30 de novembro do ano passado, Yunes prestou depoimento à Polícia Federal, no inquérito dos portos. Na ocasião, ele relatou uma operação de venda de imóvel para o presidente Michel Temer. No mesmo inquérito, o ministro Luís Roberto Barroso autorizou em março a quebra do sigilo bancário de Temer.
Yunes é apontado pelo operador financeiro Lúcio Funaro, delator da Operação Lava Jato, como um dos responsáveis por administrar propinas supostamente pagas ao presidente. De acordo com Funaro, para lavar o dinheiro e disfarçar a origem, Yunes investia valores ilícitos em sua incorporadora imobiliária.
Em dezembro de 2016, Yunes pediu demissão do cargo de assessor especial da Presidência da República para, segundo afirmou, preservar a dignidade. Na carta de demissão a Temer, ele afirmou que viu seu nome "jogado no lamaçal de uma abjeta delação". "Repilo com força de minha indignação essa ignominiosa versão", afirmou Yunes na carta.

Outros presos

A defesa de Wagner Rossi divulgou a seguinte nota: "Wagner Rossi aposentou-se há sete anos. Desde então, nunca mais atuou profissionalmente na vida pública ou privada. Também nunca mais participou de campanhas eleitorais ou teve relacionamentos políticos. Mora em Ribeirão Preto onde pode ser facilmente encontrado para qualquer tipo de esclarecimento. Nunca foi chamado a depor no caso mencionado. Portanto, são abusivas as medidas tomadas. Apesar disso, Wagner Rossi está seguro de que provará sua inocência".
A Rodrimar a defesa de Antonio Celso Grecco somente confirmaram a detenção do empresário e as buscas em empresas do grupo, em Santos.
O Grupo Libra informou que não vai se pronunciar.
Cristiano Benzota, advogado de João Baptista Lima Filho, disse, por volta de 14h10, que não poderia falar naquele momento e que se manifestaria mais tarde.
O G1 buscava contato com a defesa de Milton Ortolan, mas não havia conseguido até a última atualização desta reportagem.
Por Andréia Sadi

Objetivo de busca em empresa portuária é coletar provas de corrupção, diz ministro Luís Roberto Barroso em mandado


Ele é relator do inquérito no STF que investiga se presidente Michel Temer beneficiou empresa Rodrimar em troca de propina. Ministro mandou PF apreender documentos, arquivos e dinheiro.

O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou à Polícia Federal fazer busca e apreensão de documentos, arquivos eletrônicos, objetos e valores em espécie em seis empresas do grupo Rodrimar, empresa com atividades no porto de Santos. A ação foi executada nesta quinta-feira (29), dentro da Operação Skala, da PF, que também incluiu prisões em São Paulo e no Rio de Janeiro.
A ordem consta de mandado de busca e apreensão emitido no último dia 27 pelo ministro no âmbito do inquérito que investiga se o presidente Michel Temer, por meio de decreto, beneficiou empresas do setor portuário em troca de suposto recebimento de propina. Barroso é o relator do inquérito no STF.
De acordo com o texto do mandado, o objetivo foi coletar provas "referentes ao possível cometimento de crimes como corrupção, lavagem de dinheiro e associação criminosa/organização criminosa e ilícitos a eles correlatos".
O ministro autorizou os agentes da PF a apreender:
  • registros e livros contáveis e fiscais, ordens de pagamento, documentos de movimentação de contas bancárias, contratos, notas fiscais, recibos
  • HDs, laptops, notebooks, pendrives, CDs, DVDs, aparelhos de telefone celular, agendas eletrônicas
  • valores em reais ou moeda estrangeira superiores a R$ 20 mil que não tenham comprovação de origem lícita
  • objetos suspeitos de serem produto de lavagem de dinheiro.
No documento, Barroso determinou que a ação fosse efetuada "com discrição", a fim de se evitar a "desnecessária exposição dos investigados e das testemunhas".
Por Andréia Sadi

Brasil de Temer vira uma Pasárgada às avessas


Na Pasárgada de Michel Temer, onde “a existência é uma aventura”, a amizade com o Rei tornou-se algo arriscadíssimo. A prisão temporária dos amigos José Yunes, Wagner Rossi e João Baptista Lima Filho reforça a impressão de que os chegados do monarca estão divididos em dois grupos: os presos e os que aguardam na fila, protegidos sob a marquise do foro privilegiado.
As novas prisões ocorreram no âmbito do inquérito sobre portos. O mesmo inquérito que, no mês passado, o ex-diretor da Polícia Federal Fernando Segovia dizia que caminhava para o arquivo porque os indícios eram “muito frágeis”. Segovia caiu. E a investigação ganhou impulso. Uma das molas da investigação foi retirada da gaveta. Com autorização do ministro Luís Roberto Barroso, relator do caso no Supremo Tribunal Federal, os investigadores manusearam documentos de um processo antigo, arquivado em 2011.
O processo desarquivado tratava do mesmo tema: irregularidades no Porto de Santos. Nele, há uma tabela com o seguinte título: “Parcerias realizadas, concretizadas e a realizar”. O documento anota nomes de empresas que administram áreas no porto. Menciona a Rodrimar. Ao lado da logomarca da emprensa, há duas letras: “MT”. Suspeita-se que sejam as iniciais de Michel Temer. Na sequência, anotaram-se valores: R$ 300 mil e R$ 200 mil. Noutro trecho, aparece a letra “L” e a cifra de R$ 150 mil. Para os investigadores, “L” pode identificar o coronel Lima, um dos amigos presos nesta quinta-feira.
No despacho em que autorizou a prisão dos amigos de Temer, Barroso mencionou a hipótese de o caso atual envolver, na verdade, um esquema longevo de troca de propinas por decisões governamentais. A primeira autoridade a se pronunciar sobre as prisões foi Carlos Marun, o ministro que cuida da coordenação política do Planalto. Ele diz ter “certeza” de que o decreto dos portos, assinado por Temer, não beneficiou empresas portuárias. Marun fez piada: ''É como se estivesse investigando o assassinato de alguém que não morreu''.
Se Marun diz que a investigação contra Temer dará em nada, é melhor não discutir. O ministro é um especialista. O último personagem sobre o qual Marun dizia ter “certeza” da honestidade era Eduardo Cunha, hoje um condenado em segunda instância, recolhido à penitenciária paranaense que abriga os corruptos da Lava Jato. Marun é, ele próprio, um símbolo da deterioração do governo Temer. Ex-general da infantaria parlamentar de Cunha, ele ocupa no Planalto a sala que era de Geddel Vieira Lima, outro amigo de Temer recolhido ao cárcere depois que a Polícia Federal estourou o apartamento em que guardava R$ 51 milhões.
Manuel Bandeira resumiu a essência da nacionalidade ao tratar do desejo que todos cultivam de estar em Pasárgada, onde se pode ser amigo do Rei. No momento, os amigos de Temer talvez dispensassem as vantagens da terra idealizada pelo poeta –a ginástica, a bicicleta, o burro brabo, o pau-de-sebo, os banhos de mar, a mulher ambicionada na cama escolhida. Trocariam tudo isso por um sedutor habeas corpus.
Josias de Souza
29/03/2018 14:40