quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

Atenção! “Bob” é o nome de um amigo de Dirceu, que já foi seu assessor e carregador de malas, que tinha autorização para sacar dinheiro do mensalão que estava no Banco Rural

Vejam esta foto:
DÚVIDA – O que será que o ajudante Bob Marques carregava na mala da foto? Documentos, autorizações de saque, fotos de Fidel Castro? Os dois, segundo Bob, são amigos há mais de vinte anos (Foto: Ernesto Rodrigues/AE)
DÚVIDA – O que será que o ajudante Bob Marques carregava na mala da foto? Documentos, autorizações de saque, fotos de Fidel Castro? Os dois, segundo Bob, são amigos há mais de vinte anos (Foto: Ernesto Rodrigues/AE)
Então, no esquema do petrolão, Dirceu era “Bob”? É uma porcaria que a gente tenha lugar reservado na memória para os escândalos, que vão se multiplicando. Fazer o quê? Faz parte da nossa profissão, infelizmente.
Recomendo aos investigadores que também puxem pela memória. No dia 3 de agosto de 2005, a VEJA publicou uma reportagem (eu a reproduzo abaixo, em azul) em que informava que Bob Marques, um assessor de Dirceu e, literalmente, carregador de malas, tinha autorização para sacar dinheiro do mensalão do Banco
Rural. É preciso ver se o “Bob” de agora não é o mesmo “Bob” de antes. Tendo a achar que sim, né? Por que tamanha falta de imaginação com os apelidos?
Leiam a reportagem intitulada “Aonde Dirceu vai, o Bob vai atrás”. O assessor recorreu à Justiça para receber da VEJA R$ 100 mil de indenização por danos morais. O pedido foi negado pelo juiz Manoel Luiz Ribeiro, da 3ª Vara Cível do Foro Regional de Pinheiros, na capital paulista (aqui a está a decisão). No dia 1º de outubro de 2012, lembrei neste blog a história do Bob.
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Não foi só o depoimento de Renilda Santiago que colocou o ex-ministro José Dirceu no epicentro do escândalo do mensalão. Um documento, apreendido pela Polícia Federal na agência do Banco Rural em Belo Horizonte, revela que, entre as pessoas autorizadas a sacar dinheiro das contas do publicitário Marcos Valério, estava um dos principais ajudantes de Dirceu, Roberto Marques, conhecido como “Bob”, que cuida da agenda e das contas do ex-chefe da Casa Civil.
A descoberta surpreendeu a bancada petista na CPI dos Correios e provocou frisson entre os oposicionistas, que vêem no documento em poder da comissão o mais forte indício até agora da ligação de Dirceu com o esquema irregular de arrecadação de fundos. O documento, um fax com papel timbrado do Banco Rural, foi enviado à agência de São Paulo no dia 15 de junho do ano passado. Nele, um funcionário da agência mineira encaminha ao colega da Avenida Paulista uma autorização para o “sr. Roberto Marques receber a quantia de 50.000, referente ao cheque 414270, da empresa SMPB Comunicação”.
Os membros da CPI já sabem que, apesar da autorização dada ao ajudante de Dirceu, o saque foi feito no dia seguinte por Luiz Carlos Mazano, contador da corretora Bonus-Banval, que também estava autorizado a realizá-lo. A corretora informou que realmente tem um funcionário com esse nome, mas que o saque teria sido feito por um homônimo. O advogado da corretora, Antônio Sérgio Pitombo, vê armação. “Quando se associa o homônimo à corretora, o que se quer é agir de má-fé e desviar o foco das investigações da CPI”, diz. Não é a primeira vez que o nome da Bonus-Banval aparece na investigação do escândalo do mensalão.
Em Brasília, as investigações identificaram saques no valor de 225.000 reais cujo autor é Benoni Nascimento de Moura, funcionário da Banval. A corretora diz que está realizando uma auditoria interna para descobrir se houve alguma irregularidade cometida pelo funcionário Benoni. Quanto a Roberto Marques, a Bonus-Banval diz que não conhece nem nunca ouviu falar do ajudante de Dirceu. Pouco se sabe ainda sobre as atividades da corretora paulista, exceto que ela empregou até o fim do ano passado como estagiária Michele Janene, filha do deputado José Janene, suspeito de ser um dos chefes do mensalão. Talvez um bônus do tipo banval.
O aparecimento de Roberto Marques deve pautar os debates da CPI dos Correios, que vai ouvir nesta semana a diretora financeira da SMPB, Simone Vasconcelos. Bob é uma espécie de secretário particular de Dirceu. Faz as vezes de motorista, de despachante e de carregador de bagagem. Funcionário da Assembléia Legislativa de São Paulo, ninguém sabe direito o que ele é realmente – só que está sempre na companhia de Dirceu. Em muitas ocasiões, foi visto circulando por gabinetes do Palácio do Planalto.
Em março deste ano, Bob, sob o comando de Dirceu, foi um dos mais ativos operadores na campanha para a presidência da Assembléia Legislativa de São Paulo. A parceria entre Bob e Dirceu é tão intensa que o assessor chegou a representar oficialmente o então ministro da Casa Civil em solenidades, como a organizada pela Associação para Prevenção e Tratamento da Aids, realizada em 2003, em São Paulo. “Sou amigo do Zé há vinte anos. Faço companhia a ele nos fins de semana e ajudo no que for possível”, afirma Bob. Dinheiro de Valério?
Ele garante que nada tem a ver com isso. É, segundo ele, coincidência ou armação. “Só em São Paulo existem 5.000 pessoas com o mesmo nome”, diz o amigo-secretário de Dirceu. “Nunca estive no Rural, não saquei dinheiro nenhum e se usaram meu nome foi indevidamente”, garante ele. O problema é que a CPI resolveu investigar e descobriu que a autorização foi, sim, dada ao assessor legislativo, embora ele não tenha sido o autor do saque. “Só pode ser então uma armação para complicar a vida do Zé Dirceu”, afirma. Esse Bob é mesmo esponja.
A confirmação de que o Roberto Marques do documento do Rural é o mesmo Bob ajudante de Dirceu foi dada a VEJA na última sexta-feira pelo deputado Carlos Abicalil, do PT de Mato Grosso. Sub-relator da CPI dos Correios, o parlamentar contou que foi procurado pelo próprio Marques na semana retrasada para tentar esclarecer o aparecimento de seu nome nos documentos contábeis do Banco Rural. Segundo o deputado, o assessor repassou o número de sua identidade e de seu CPF, para que ele pudesse conferir com os documentos em poder da CPI. O resultado da pesquisa, nas palavras do próprio deputado, foi o seguinte: “O número do RG conferia. Só não conferia o saque”, diz.
Acima, a autorização para o faz-tudo de Dirceu sacar R$ 50 mil da conta de Valério no Banco Rural. Quanta coincidência!!!
Acima, a autorização para o faz-tudo de Dirceu sacar R$ 50 mil da conta de Valério no Banco Rural. Quanta coincidência!!!
Dirceu sabia que o documento com o nome do ajudante apareceria cedo ou tarde. O próprio Roberto Marques contou ter conversado com o ex-ministro sobre o assunto muito antes de surgirem os rumores de que o papel existia. “Eu disse que não tinha nada a ver com isso.” Desde o início da semana passada, Dirceu procurava insistentemente falar com o presidente da CPI, o senador Delcidio Amaral. Na terça-feira, Delcidio foi à casa do ex-ministro, onde passou meia hora. Os dois tiveram uma conversa dura, segundo relatos ouvidos por membros da CPI.
Oficialmente, discutiram sobre o andamento dos trabalhos da comissão. O ex-ministro demonstrou grande preocupação com a velocidade da investigação e, principalmente, com o vazamento de documentos – um estranho incômodo para quem, em tese, nada tem a ver com o assunto. Dirceu também defendeu que seu depoimento era desnecessário. Por fim, fez uma proposta indecorosa ao presidente da CPI. Sugeriu a Delcidio que barganhasse seu depoimento em troca da não-convocação do presidente do PSDB, Eduardo Azeredo, cujo nome também apareceu como beneficiário do dinheiro de Marcos Valério.
Delcidio desconversou. Outros parlamentares afirmam que Dirceu queria sumir ainda com a autorização de saque para Bob, sob a alegação de que era um papel avulso, sem validade jurídica. Sobre o aparecimento do nome de seu secretário particular, ajudante, amigo e, agora se sabe, pau para toda a obra, Dirceu mandou dizer que tudo indica tratar-se de uma “plantação” para prejudicá-lo. A convocação do ex-ministro para a CPI deverá ser aprovada nesta semana.
Por Reinaldo Azevedo

Justiça italiana decide extraditar Henrique Pizzolato

A Corte de Cassação da Itália aceitou recurso da AGU e decidiu nesta quarta-feira, 11, extraditar Henrique Pizzolato, condenado a 12 anos e 7 meses de prisão no processo do mensalão por corrupção passiva, peculato e lavagem de dinheiro.
O ex-diretor de marketing do BB foi preso nesta quinta-feira, 12, e permanecerá na penitenciária de Sant'Anna, em Módena, enquanto aguarda o Ministério da Justiça italiano decidir se ele será ou não enviado de volta ao Brasil para cumprir a pena. O órgão deve se pronunciar em até 45 dias.
No julgamento de ontem, os magistrados concluíram que o Brasil está apto a fornecer condições para garantir a segurança de Pizzolato no complexo penitenciário da Papuda/DF. Em documento de uma página, a 6ª sessão da Corte informa:
"Em reforma à sentença impugnada, [a Corte] declara subsistente as condições para o acolhimento do pedido de extradição de Henrique Pizzolato apresentado pela República Federativa do Brasil com relação à execução da sentença do Supremo Tribunal Federal do Brasil datada de 17 de dezembro de 2012 (irrevogável em 21 de dezembro de 2013)."
Histórico
Henrique Pizzolato fugiu do Brasil em setembro de 2013, dois meses antes de ter a prisão decretada pelo STF, mas foi localizado posteriormente pela Interpol em Modena, na Itália.
Ele foi preso em fevereiro de 2014, mas foi solto em outubro, quando a Corte de Bolonha negou sua extradição e permitiu que ele respondesse em liberdade. No mês seguinte, a AGU entrou com recurso para reverter a decisão, que foi acatado pela Corte de Cassação. DO MGALHAS

Índice do BC aponta queda no 4º tri e contração de 0,12% no Brasil em 2014


Por Camila Moreira
SÃO PAULO (Reuters) - A atividade econômica brasileira recuou 0,55 por cento em dezembro e encerrou o quarto trimestre e 2014 com contração, mostraram dados do Banco Central nesta quinta-feira.
O Índice de Atividade Econômica (IBC-Br) do BC --considerado uma espécie de sinalizador do Produto Interno Bruto (PIB)-- apontou que o quarto trimestre fechou com queda de 0,15 por cento em relação aos três meses anteriores segundo dados dessazonalizados, depois de alta de 0,48 por cento no terceiro trimestre sobre o segundo, de acordo com os números do BC.
Assim, para todo o ano de 2014, o indicador indicou que a economia brasileira registrou retração de 0,12 por cento.
O resultado de dezembro do IBC-Br destaca a debilidade da atividade no final do ano passado, ao mostrar enfraquecimento em relação ao dado mensal de novembro, apesar de ter sido um pouco melhor do que a mediana das 21 expectativas em pesquisa da Reuters de queda de 0,8 por cento.
O cenário do final de 2014 fica ainda pior com a revisão pelo BC do número mensal de novembro para estagnação, após variação positiva de 0,04 por cento divulgada anteriormente.
Na comparação com dezembro de 2013, o IBC-Br teve queda de 0,12 por cento, também em dados dessazonalizados.
A economia brasileira patinou durante 2014, afetada pela confiança baixa tanto de empresários quanto de consumidores diante do cenário de inflação alta, crescimento baixo e juros elevados.
A indústria exerceu um dos maiores pesos sobre a atividade, tendo fechado 2014 com queda de 3,2 por cento, o pior resultado em cinco anos e com forte debilidade dos investimentos, após recuo de 2,8 por cento em dezembro.
O varejo também enfrentou um ano complicado. Embora tenha terminado 2014 com crescimento nas vendas de 2,2 por cento, este foi o desempenho mais fraco em 11 anos e com queda recorde de 2,6 por cento em dezembro sobre novembro.
Pesquisa Focus do BC mostra que a expectativa do mercado é de que, em 2014, a expansão do PIB tenha sido de 0,07 por cento. Para este ano a projeção é ainda pior, de variação zero para o PIB.
O IBC-Br incorpora estimativas para a produção nos três setores básicos da economia: serviços, indústria e agropecuária, assim como os impostos sobre os produtos.
O IBGE divulga os dados do Produto Interno Bruto (PIB) do quarto trimestre e de 2014 fechado no dia 27 de março.
No terceiro trimestre, segundo os cálculos do IBGE, o país cresceu apenas 0,1 por cento na comparação com os três meses anteriores, saindo da recessão técnica pela margem mínima, mas esse número ainda pode ser revisado.
(Edição de Alexandre Caverni)

Delator detalha R$ 1,2 bi em propina para PT e executivos.


Editoria de arte: Folhapress
Os 89 maiores contratos da Petrobras foram a fonte para um volume total de propina que chega a R$ 1,2 bilhão, segundo valores contidos em planilha entregue aos procuradores da Operação Lava Jato por Pedro Barusco, ex-gerente da petroleira, e corrigidos pela inflação do período.
Os contratos listados por Barusco somam R$ 97 bilhões. O suborno equivale a 1,3% deste valor. Em depoimento que prestou após acordo de delação premiada, o ex-gerente citou que a propina variava de 1% a 2% do valor contratado.
A tabela de cinco páginas detalha em que acertos houve propina, quem pagou, o nome do intermediário, em que data e como o dinheiro foi dividido entre o PT, o ex-diretor de Abastecimento, Paulo Roberto Costa, o ex-diretor de Serviços, Renato Duque, e o próprio Barusco.
Duque ocupou o cargo por indicação do PT, o que seus advogados negam.
No acordo que assinou, Barusco se comprometeu a devolver US$ 97 milhões que recebera de suborno.
De acordo com a planilha, o PT ficou com a maior parte dos recursos: R$ 455,1 milhões, equivalente hoje a US$ 164 milhões. O partido nega ter recebido doações ilegais.
No depoimento aos procuradores, Barusco disse que a parte do suborno que ficara com o PT era de US$ 150 milhões a US$ 200 milhões.
A empreiteira que mais pagou propina, segundo a lista de Barusco, é a Engevix. A empresa ocupa essa posição porque conquistou o maior contrato citado pelo ex-gerente na planilha, de R$ 9 bilhões, para a construção de cascos de navio para a exploração do pré-sal.
Nesse caso, detalha Barusco, a propina foi de 1% do valor do contrato (R$ 90 milhões), dividida em partes iguais entre o PT e a diretoria de Serviços da estatal.
Os pagamentos listados ocorreram entre maio de 2004 e fevereiro de 2011, nos governos Lula e Dilma Rousseff.
Os dados mostram que a maior parte da propina foi paga em 2010, ano da primeira eleição de Dilma. De acordo com a tabela, foram embolsados R$ 374 milhões. Desse total, o PT teria ficado com R$ 120 milhões.
METÓDICO
O material apresentado por Barusco é organizado ao ponto de apresentar os centavos de obras bilionárias da Petrobras. Onze agentes que intermediavam a propina são mencionados, entre os quais Julio Camargo –ligado à empresa Toyo Setal e também delator do esquema– e Idelfonso Colares, presidente da Queiroz Galvão até 2013.
Já na coluna sobre a divisão do suborno, Barusco usa códigos: "part" para Partido dos Trabalhadores, "PR" para Paulo Roberto Costa e "casa" para identificar a diretoria de Serviços.
Em alguns casos, a divisão da "casa" aparece detalhada. Em uma obra na refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, por exemplo, há a indicação "(0,6MW 0,4Sab)" ao lado do registro de uma propina de 1% para a diretoria.
"MW" é uma referência a Renato Duque, a quem Barusco se referia como "My Way", título de canção interpretada por Frank Sinatra. "Sab" identifica o próprio ex-gerente da Petrobras, numa alusão a Sabrina, nome de uma ex-namorada, segundo ele relatou à Polícia Federal.
Assim, só nesse contrato Duque levou R$ 7,9 milhões e Barusco, R$ 5,3 milhões.
*MARIO CESAR CARVALHO E GABRIELA TERENZI, DE SÃO PAULO, NA FOLHA.- DO M.FORTES