PAZ AMOR E VIDA NA TERRA " De tanto ver triunfar as nulidades, De tanto ver crescer as injustiças, De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto". [Ruy Barbosa]
sábado, 6 de outubro de 2018
A prudente utilidade do voto útil e a perigosa inutilidade do voto inútil
sábado, 6 de outubro de 2018
"Pesquisas eleitorais trazem informação, e ela recomenda, enfaticamente,
atrair para Bolsonaro, já no dia 7, os votos que serão dele caso a
decisão final seja adiada para as incertezas do dia 28 de
outubro. Espero que as boas intenções de alguns não sirvam para aumentar
as angústias do tempo presente e os males do tempo futuro", escreve Percival Puggina. Amanhã, portanto, sejamos realistas: ou é Bolsonaro, ou teremos de volta a "organização criminosa":
Compreender as boas convicções que movem seguidores de Henrique
Meirelles, Alvaro Dias, João Amoêdo e Geraldo Alckmin é tão fácil quanto
perceber o estrago que estão em vias de causar. Principalmente se, numa
hipótese de segundo turno, esses eleitores estiverem dispostos a votar
em Bolsonaro contra o petismo. A volta do PT, sabemos, significa o
retorno de Lula e José Dirceu, a anunciada “tomada do poder”, o
socialismo, a venezuelização, a preferência pelos bandidos. Significa,
também, a nomeação de mais dois companheiros para o STF, o aparelhamento
definitivo do Estado, o avesso das necessárias reformas, a fuga de
capitais e o desemprego (emprego, quem cria, são as empresas, mediante
investimentos que dependem de estabilidade e confiança). Por aí vai o
longo, longuíssimo, circuito das desgraças.
Conheço pessoas convictas de estarem submetidas a um preceito moral
que as obriga, num primeiro turno, a votarem em conformidade com suas
convicções. Para elas, se um dos quatro candidatos acima mencionados,
melhor do que qualquer outro, preenche os requisitos para o exercício da
presidência, é a ele que devem dar seus votos. Reservam ao segundo
turno a opção pelo que considerarem menos pior dentre os dois
remanescentes.
Não se trata, aqui, de discutir preferências, mas de puro realismo.
Já se conhecem os dois remanescentes. Trata-se, apenas, de saber se no
primeiro turno, o “voto útil” para evitar o segundo turno é moralmente
menos qualificado do que o voto dito de consciência, mas inútil. Dizem
esses eleitores: “No primeiro turno, devo votar segundo a imposição do
bem maior. No segundo turno, voto contra o mal maior”.
Tal atitude estaria correta, corretíssima, se não existissem
múltiplas e sucessivas pesquisas eleitorais. No entanto, elas existem e
desconsiderá-las não responde ao critério moral da prudência. As
pesquisas dizem que ou Jair Bolsonaro vence esta eleição agora, ou
enfrentará seu oponente num renhido e incerto segundo turno.
É desnecessário discorrer sobre competências e recursos da máquina
eleitoral petista, nem sobre a manifesta superioridade de seu marketing.
Não preciso mencionar o poder de cooptação que essa estrutura e seus
recursos exercem sobre indivíduos e grupos cujo senso moral oscila entre
o estado líquido e o gasoso. Menos ainda, referir o acirramento de
tensões e o divisionismo que se instalará no país durante as três
semanas anteriores a 28 de outubro. A campanha irá às ruas e os bons
modos não ilustrarão seus presumíveis cenários.
A parcela da cidadania formada por produtores, empreendedores,
investidores e consumidores, já sinalizou sua preferência, mostrando
que, simetricamente à ascensão de Bolsonaro nas últimas pesquisas, a
bolsa subiu (as empresas brasileiras se valorizaram) e o dólar caiu (a
moeda brasileira recuperou valor frente à moeda americana). Tudo andaria
em sentido inverso se a opção petista preponderasse.
Pesquisas eleitorais trazem informação, e ela recomenda,
enfaticamente, atrair para Bolsonaro, já no dia 7, os votos que serão
dele caso a decisão final seja adiada para as incertezas do dia 28 de
outubro.
Espero que as boas intenções de alguns não sirvam para aumentar as angústias do tempo presente e os males do tempo futuro. DO O.TAMBOSI
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