Se um homem desonrado estará sempre no lugar errado no mundo dos justos, nem todo lugar é certo para um honrado.
A
estarem certas as informações de que Antonio Cláudio Mariz de Oliveira
será o ministro da Defesa do governo Michel Temer, tenho de dizer aqui
tratar-se de um erro, assim como escrevi tratar-se de um acerto quando,
nome dado como certo para a Justiça, o vice desistiu de nomeá-lo.
Mariz é um
notório crítico da Lava-Jato. Até aí, vá lá, eu também tenho algumas
críticas. Mas não sou nem serei candidato a nada.
Temer deve
ter claro que vai assumir a Presidência da República porque Dilma
cometeu, sim, crime de responsabilidade, mas porque também existiram e
existem as ruas. Sem elas, nada disso estaria acontecendo.
O PT gosta
de acusar a ilegitimidade de sua posse. Sabemos tratar-se de uma
falácia técnica e também política. Temer é o presidente legítimo porque a
Constituição lhe garante a investidura. E o é porque as ruas deixaram
claro que não aceitam mais o governo de Dilma Rousseff. E elas o
disseram em consonância com a Operação Lava Jato.
Se Mariz
não serve para ser ministro da Justiça, não vejo por que se deva
considerar razoável que seja ministro da Defesa. Nem mesmo se pode
alegar que o cargo sirva a algum tipo de composição política. Não serve.
O nome que
vinha sendo dado como provável era o do deputado Raúl Jungmann
(PPS-PE), um estudioso da área e indicação que conta com o endosso das
Forças Armadas, há muito submetidas à opinião de curiosos ou porque o
escolhido tem afinidade ideológica com o petismo ou porque o nome atende
a demandas partidárias.
É claro
que é um erro se Temer nomear Mariz. Fica, ademais, parecendo uma
espécie de compensação e desagravo. Se não lhe faltaria expertise, e não
faltaria, para ser ministro da Justiça, o que justifica, no entanto, a
nomeação para a Defesa? É um estranho no ninho. Parece que o único
critério é este: “Ah, tem de ser ministro de alguma coisa”.
Já escrevi
aqui e reitero: os tempos têm o seu espírito, e Temer deve o mandato
que terá também a esse espírito. E ele nos diz que soa uma
inconveniência a nomeação de Mariz, caso venha a se confirmar. E isso
não quer dizer que não seja, também isto já escrevi, uma pessoa decente.
Se um
homem desonrado estará sempre no lugar errado no mundo dos justos, nem
todo lugar é certo para um honrado. Sei que os dois são amigos há muitos
anos. E a amizade, como disse Drummond, salta o vale, o muro, o abismo
do infinito. Não será um ministério inconveniente a criar zonas de
desconforto.
Espero que reconsidere.