sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Fernando Haddad é vaiado durante evento com Dilma em SP

O ministro Fernando Haddad (Educação), pré-candidato do PT à Prefeitura de São Paulo, foi vaiado nesta quinta-feira durante evento com a presença da presidente Dilma Rousseff na capital paulista.
Eles participaram da celebração de Natal com catadores de lixo e moradores de rua. "Não tenho ideia. Não sei [o que aconteceu]", disse o ministro após o ato.

Juca Varella/Folhapress
Ao lado de Júlio Lancellotti e de Haddad, Dilma participa de evento dos catadores de lixo e dos moradores de rua em SP
Ao lado de Júlio Lancellotti e de Haddad, Dilma participa de evento dos catadores de lixo e dos moradores de rua
O evento aconteceu na quadra do Sindicato dos Bancários de São Paulo, tradicionalmente ligado ao PT.
Durante oito anos de seu mandato, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou da celebração dos catadores. Neste ano, ele não pode comparecer por conta do tratamento contra o câncer na laringe. O último ciclo de quimioterapia foi finalizado no sábado passado.
Lula é o principal cabo eleitoral de Haddad na disputa pela prefeitura. Pesquisa Datafolha divulgada no começo do mês mostra que o ministro petista oscila entre 3% e 4% das intenções de voto. Isso o coloca em sexto ou sétimo lugar na disputa, dependendo do cenário testado pelo instituto.
Durante a apresentação dos catadores, o secretário do Meio Ambiente de São Paulo, Bruno Covas, pré-candidato do PSDB à prefeitura, foi aplaudido por parte da plateia. Mas, minutos depois, quando foi chamado para assinar um acordo, o tucano ouviu vaias.
Já os senadores Eduardo Suplicy (PT-SP) e Marta Suplicy (PT-SP) foram os mais aplaudidos, atrás apenas de Dilma.
Além de Haddad, outros ministros participaram do evento, como Alexandre Padilha (Saúde), Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral), Aloízio Mercadante (Ciência e Tecnologia), Maria do Rosário (Direito Humanos) e Tereza Campello (Desenvolvimento Social e Combate à Fome).
Conhecido pela atuação entre moradores de rua e adolescentes infratores, o padre Júlio Lancellotti também era um dos presentes.
DO FOLHA.COM

A Dor de ser Petista

por José Luiz Prévidi
Como já escrevi, o Glauco Fonseca não é jornalista, mas sabe escrever como poucos.
Publico sempre os textos dele, porque são perfeitos - isso não significa que concordo com tudo.
Assim como tenho muitos leitores que não concordam com o que escrevo, mas gostam da forma, por aí..
O Glauco é uma figura. O título é dele e o texto abaixo da sua lavra.  10!!
******No fundo, o bom petista é aquele que vê seus pares navegando na sacanagem e pensa: “cara, seria bom esse cara sair do partido, pois não foi pra isto que eu me tornei petista”. Desde o Mensalão (hoje um substantivo próprio, com direito à maiúscula no início e tudo), as bandeiras tremulam pouco ou quase não mais. Esta falta de bandeiras na rua, de adesivos nos carros, de camisetas e outros adereços é a melhor parte da demonstração do constrangimento petista. E isto mostra, ao contrário do que se pode pensar, que o partido tem – sim – futuro.
Não obstante o Mensalão, que caminha solene para sua extinção jurídica, graças à justiça brasileira falha e lenta (esta sim, a maior responsável pelas mazelas do país), os petistas abrem os jornais e lá estão seus eleitos envolvidos em algum escândalo, alguma falcatrua, algum “malfeito”, o mesmo que “crime não contabilizado” em dialeto petista. Não deve ser fácil, não deve ser nada confortável ser petista nos últimos seis anos. Mas o pior ainda nem é isso.
O mais constrangedor, o mais dramático, é conversar com um petista e observá-lo tentando defender seus representantes. Tentam sem parar, de modo patético, defender um Pimentel, um Palocci, um José Dirceu. E isto os faz diferentes de outros partidários. Os pedetistas, por exemplo, foram defender seu Carlos Lupi, mas não foram fazê-lo correndo ou incondicionalmente. Alguns até mesmo disseram que ele deveria sair do governo. Pergunte a um petista, apenas para fins de constatação sociológica, se ele acha que Pimentel deveria sair do Ministério. Ele, em primeiro lugar, vai alegar perseguições da mídia conservadora. Em seguida, vai lembrar-se de algum ministro de priscas eras FHCianas para tentar não apenas comparar, mas sobretudo para justificar o “malfeito” por parte de seus partidários. Por fim, já sem argumentos, preferirá, solenemente, outro assunto que não política. Música, talvez, ou rendas de bilro.
Hoje em dia, não é fácil defender as esquerdas brasileiras. Se antes havia a dor e a delícia de ser de esquerda, agora a dor fica por conta do eleitor. A delícia virou privilégio dos eleitos, que multiplicam patrimônio escandalosamente, fazendo consultorias milionárias (ou “fortunas não contabilizadas”, em dialeto petista).
Até mesmo a cantilena que aponta para a mídia má e conservadora não dá mais para comprar. E aqui vai algo para os petistas pensarem, pra eles refletirem. Aí vai: amigos petistas, se a mídia realmente funcionasse do jeito que vocês pensam, Lula teria sido reeleito depois do Mensalão? Se a mídia realmente tivesse a efetividade tão desejada, vocês realmente acreditam que Fernando Haddad, depois de três burradas seguidas com o ENEM, poderia ainda ter chances na disputa para a prefeitura de São Paulo? E, por fim, vocês acham que, depois de tanto escândalo, se a mídia fosse algo assim tão forte, o PT ainda existiria?
Não deve ser fácil ser petista, comunista, trotskista ou coisa do gênero nos dias de hoje.
Mas ainda existem pessoas de bem que fazem a diferença. Pessoas que fazem suas revoluções diárias, internas e silenciosas. Na esquerda também há estas pessoas.
E elas hão de prevalecer, um dia, para bem de seus partidos, da democracia e do Brasil.
DO MUJAHDIN CUCARACHA
 

A manifestação de desonestidade intelectual acabou escancarando as entranhas do petismo imbecilizado

Mauro Pereira
Confesso que não li o livro “Privataria Tucana”, lançado recentemente por um ex-jornalista a serviço da causa petista. Não estava disposto a gastar o dinheiro que não tinha nem perder tempo com uma obra vulgarizada na essência pela indigência moral do autor e, de acordo com a opinião de jornalistas de verdade, pelo caráter vergonhosamente tendencioso e eleitoreiro do conteúdo. A adesão explícita do título a desmoraliza desde o nascedouro. Ademais, o júbilo ostensivo que invadiu os blogs mantidos com recursos do governo federal estrategicamente perfilados para repercutir a empulhação, agravada pela reação imediata de um deputado abaixo de todas as suspeitas clamando por uma CPI, despertou meu instinto de preservação, que me aconselhou a manter uma distância prudente. E eu, que não sou tatu, obedeci, de pronto!
No entanto, o que me impressiona, mas não surpreende, é a má fé política explícita acompanhada pela manifestação mais sórdida de desonestidade intelectual. A súcia petista se modernizou e deixou no passado a prática da criação de dossiês forjados na mentira para prejudicar seus adversários políticos. Agora, usa de sofisticada produção editorial como o meio mais eficaz para atingir seus objetivos. Apesar da inovação, a metodologia indecente continua a mesma: desconstruir as candidaturas dos seus oponentes e jogar a honra e a dignidade dos seus desafetos na mesma lama que chafurda. Sempre terá à disposição uma corja que viceja no rodapé da ética e da decência, disfarçada de jornalistas, escritores, deputados, senadores, ministros e funcionários públicos para executar o serviço sujo.
Talvez por um descuido dos revisores, talvez traído pelo deslumbramento, o autor, que originariamente se predispunha a denunciar o tucanato corrompido, acabou por escancarar as entranhas do petismo imbecilizado. Não me dediquei a nenhum extenuante exercício de raciocínio para chegar à conclusão intrigante: se realmente eram proprietários de um material altamente explosivo, capaz de abalar as estruturas do PSDB, por que optaram por falsificar dossiês sobre seu adversário direto nas últimas eleições para governador de São Paulo, tramoia cujos desdobramentos lhes impuseram uma derrota humilhante ainda no primeiro turno? Duas alternativas justificariam esse comportamento no mínimo estranho: compaixão ou descrédito dos documentos. Até onde eu sei, o PT sempre se sobressaiu pela intolerância, na maioria das vezes violenta, de suas campanhas eleitorais e por jamais ceder à frivolidades como a condescendência.
Se tivesse oportunidade e dinheiro, escreveria um livro sobre a falência ideológica e o descenso ético do PT. Embora os temas propostos sejam instigantes, eu me cercaria de cuidados para não permitir que descambasse para um medíocre calhamaço de papel impresso. Centraria toda a minha capacidade literária na tarefa de revelar como Lula usurpou programas de governo lançados na administração presidida por Fernando Henrique Cardoso. O Plano Real e o Bolsa Família são dois exemplos típicos de apropriação indevida.
O primeiro, que proporcionou a reestruturação econômica do Brasil ao encerrar um longo período inflacionário que inviabilizava o seu crescimento, foi criado por uma equipe de economistas notáveis chefiada pelo então ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, e encampada pelo ex-presidente Itamar Franco. Ainda se mantém fresca em minhas lembranças a reação mesquinha do PT, que, priorizando seus interesses políticos, procurou desesperadamente diminuir a amplitude do Plano Real, embora internamente reconhecesse seu largo alcance social inquestionável e sua importância vital para ao menos minimizar os efeitos devastadores dos 80% de inflação mensal que sacrificava principalmente os mais pobres, para depois apoderar-se dele e jamais se preocupar em dar o devido crédito aos seus criadores. O segundo, apesar do nome emblemático, jamais deixou de ser o ajuntamento dos vários programas sociais implementados sob a inspiração da eterna primeira-dama Dona Ruth Cardoso, concebidos desde a sua origem para proteger o setor mais vulnerável da sociedade e rebaixado por Lula à condição de mero reduto confortável da conveniência política.
Não me esqueceria de assinalar, também, que se tivesse vingado o indecoroso plano de um terceiro mandato para presidente, engendrado e muito bem avaliado nos porões da inconseqüência petista, Lula necessitaria de menos da metade desse tempo para tornar sua a biografia de Fernando Henrique Cardoso.
É quase certo que eu colocaria o título de “Pirataria Petista”. Acho que cairia bem.
DO UPEC

Ao defender interesses de seus membros, STF perdeu completamente a razão.

Para a professora Maria Tereza Sadek, o Supremo Tribunal Federal sofreu um "desgaste extraordinário" com as duas liminares que limitam poderes do Conselho Nacional de Justiça concedidas na última segunda-feira, 19. Em uma dessas liminares, o ministro Marco Aurélio Mello decidiu que o CNJ só pode atuar em casos já julgados pelas corregedorias dos tribunais regionais. Na segunda liminar, o ministro Ricardo Lewandowski suspendeu a inspeção do CNJ nas folhas salariais dos tribunais - ação da qual ele próprio é alvo.
Segundo a diretora do Centro Brasileiro de Estudos e Pesquisas Judiciais e professora do Departamento de Ciência Política da Universidade de São Paulo, pouco importa que essas liminares tenham amparo legal. "O que seria de se estranhar é por que uma questão que começou a ser discutida, que estava na pauta para ser votada em setembro, recebe essas duas liminares no último dia de reunião do STF", questiona. Para Maria Tereza, a disputa entre CNJ e STF dá a ideia de que os juízes resistem a qualquer tipo de investigação. "O CNJ só incomoda porque está trabalhando", afirma. 
Ela comentou ainda a informação divulgada na quarta-feira, 21, de que tanto o presidente do STF e também do CNJ, Cézar Peluso, como o ministro Ricardo Lewandowski, receberam verbas extras de até R$ 700 mil da Justiça paulista relativa a auxílio moradia. "Por que entre quase 400 desembargadores do Tribunal de Justiça de São Paulo apenas 17 receberam o que lhes era devido? Essa é a pergunta. Se era legal o que tinham a receber, por que alguns e não outros?", questionou, referindo-se à notícia divulada no jornal Folha de S.Paulo de que houve revolta no próprio Tribunal contra esse fato. Leia entrevista aqui, aqui e aqui.