PAZ AMOR E VIDA NA TERRA
" De tanto ver triunfar as nulidades,
De tanto ver crescer as injustiças,
De tanto ver agigantarem-se os poderes
nas mãos dos maus, o homem chega
a desanimar-se da virtude,
a rir-se da honra,
a ter vergonha de ser honesto".
[Ruy Barbosa]
Senador do PT tortura a geografia, assassina a
história e confirma que virou presidente da UNE porque o cargo é
reservado a quem só é o melhor da classe em cretinice
“O neoliberalismo foi aplicado… primeiro país onde foi aplicado foi
na China”, decolou o senador Lindbergh Farias nesta sexta-feira, no meio
de mais uma gritaria para a plateia entediada. “E foi no governo de
Pinochet”, flutuou na estratosfera o coronel da tropa de Dilma Rousseff
na Comissão do Impeachment. Com 18 palavras, Lindbergh promoveu (ou
rebaixou) a ditador da China o tirano chileno Augusto Pinochet ─ e
transformou um regime comunista em laboratório experimental de um
general ultraconservador.
Os guerreiros de Dilma em ação no Senado revogaram os limites da
imbecilidade. Na quinta-feira, o ex-ministro José Eduardo Cardozo
incluiu um certo Tomás Turbando Bustamante na lista dos doutores que
combatem o golpe que não houve e louvam pedaladas criminosas. Menos de
24 horas depois, o ex-presidente da União Nacional dos Estudantes
precisou de duas frases para trucidar a geografia, a história, a
economia, o Chile e a China. Pinochet, aliás, é o segundo general a
invadir o território chinês por determinação de sumidades do partido que
virou bando. O primeiro foi Napoleão Bonaparte, que ocupou Pequim
durante uma discurseira improvisada por Lula.
É nisso que dá fugir do estudo. É assim que fica a cabeça de gente
que só aparecia na porta da escola para apoiar a decretação de mais uma
greve. Pelo menos numa matéria o mestre e seus discípulos se igualaram:
são todos nota 10 em ignorância.
Bando de toupeiras
Cardozo diz que o doutor Turbando foi inventado por um rapaz que gosta de envergonhar o chefe com 'pegadinhas culposas'
Por: Augusto Nunes
“Não foi pegadinha nem nada. Eu pedi a relação dos
juristas que tinham feito pareceres, e faltava o nome de alguns juristas
completos. Eu pedi no escritório que as pessoas pegassem os nomes, e o
rapaz pegou a relação de uma brincadeira que tinha, achou que aquilo era
sério e me passou. Depois da audiência eu vi. Não foi nem má fé. Foi um
equívoco, até uma coisa engraçada. Eu diria até que foi uma pegadinha
culposa e não dolosa”. (José Eduardo Cardozo, ex-ministro da Justiça, explicando que não é a única cavalgadura do escritório)
Em acordo de delação, Léo Pinheiro disse que, em
contrapartida às obras no sítio em Atibaia e no tríplex do Guarujá, Lula
ajudou a empreiteira fora do País. Troca de favores começou quando o
petista era presidente
À disposição do juiz Sérgio Moro desde a semana passada, o arsenal de
provas preparado por agentes federais e investigadores contra o
ex-presidente Lula será robustecido em breve pelo que os procuradores da
Lava Jato classificam de a “bala de prata” capaz de aniquilar o
petista. O tiro de misericórdia — a julgar pelo cardápio de revelações
ofertado durante as tratativas para um acordo de delação premiada — será
desferido pelo empresário Léo Pinheiro, um dos sócios do grupo OAS.
Conforme apurou ISTOÉ junto a integrantes da força-tarefa da operação
Lava Jato em Curitiba, ao se dispor a desfiar com profusão de detalhes a
maneira como se desenvolveram as negociações para as obras e reformas
no sítio em Atibaia e no tríplex do Guarujá, tocadas pela OAS, Pinheiro
já forneceu antecipadamente algumas das peças restantes do
quebra-cabeças montado desde o surgimento das primeiras digitais de Lula
no esquema do Petrolão.
Diz respeito às contrapartidas aos favores prestados pela empreiteira
ao ex-presidente. De acordo com o relato preliminar de Pinheiro, em
troca das obras no sítio e no tríplex do Guarujá, o petista se ofereceu
para praticar tráfico de influência em favor da OAS no exterior. A OAS
acalentava o desejo de incrementar negócios com o Peru, Chile, Costa
Rica, Bolívia, Uruguai e nações africanas. Desenvolto no trânsito com
esses países, Lula se prontificou a ajudá-los. Negócio fechado, coube
então ao petista escancarar-lhes as portas. Ou, para ser mais preciso,
os canteiros de obras. Se até meados de 2008 a OAS engatinhava no
mercado internacional, hoje a empresa possui 14 escritórios e toca 20
obras fora do País — boa parte delas conquistada graças às articulações
do ex-presidente petista.
Tráfico de influência quando praticado por um agente público é crime.
Torna-se ainda mais grave quando em troca do auxílio são ofertados
favores privados provenientes de uma empresa implicada num dos maiores
escândalos de corrupção da história recente do País, o Petrolão. As
revelações de Pinheiro, segundo procuradores da Lava Jato, ferem Lula de
morte. O empreiteiro planeja deixar claro ainda que Lula é o real
proprietário tanto do sítio em Atibaia quanto do tríplex no Guarujá.
Assim, o ex-presidente estará a um passo de ser formalmente acusado
pelos crimes de ocultação de patrimônio, lavagem de dinheiro e tráfico
de influência. Um futuro julgamento, provavelmente conduzido pelo juiz
Sergio Moro, poderá resultar em condenação superior a dez anos de
reclusão.
Ainda durante as negociações para o acordo de delação premiada,
Pinheiro prometeu detalhar o mal contado episódio do aluguel patrocinado
pela OAS de 10 contêineres destinados a armazenar o acervo museológico
do ex-presidente da República. O que se sabia até agora era que a
empreiteira havia gasto R$ 1,3 milhão para guardar os objetos retirados
do Palácio do Planalto, do Palácio da Alvorada e da Granja do Torto
durante a mudança do ex-presidente. Parte dos itens ficou acondicionada
em ambiente climatizado, em um depósito da transportadora Granero em
Barueri, na região metropolitana de São Paulo. O restante foi armazenado
a seco, em outro balcão no Jaguaré, na capital paulista. De lá, os
itens foram transportados para o sítio em Atibaia. Elaborado de forma
dissimulada para escamotear o seu real beneficiário, o contrato
celebrado pela OAS com a transportadora Granero ao custo R$ 21.536,84
por mês por cinco anos tratava da “armazenagem de materiais de
escritório e mobiliário corporativo de propriedade da Construtora OAS
Ltda”. Segundo apurou ISTOÉ, além de, obviamente, confirmar mais um
préstimo a Lula, Pinheiro já disse que as negociações ocorreram quando o
petista ainda ocupava a Presidência da República, em dezembro de 2010.
A se consumar o que foi esquadrinhado no acordo para a delação de
Pinheiro, pela primeira vez será possível estabelecer que Lula cultivou
uma relação assentada na troca de favores financeiros com a OAS quando
ainda era o mandatário do País. O depoimento desmontará o principal
argumento utilizado por advogados ligados ao PT sempre quando
confrontados com informações sobre a venda de influência política por
Lula no exterior para empresas privadas nacionais: o de que não
constitui ilícito o fato de um ex-servidor público viabilizar negócios
de empresas privadas nacionais com governos estrangeiros. No “toma lá,
dá cá” entre o petista e a OAS, o “dá cá” ocorreu quando Lula
encontrava-se no exercício de suas funções como presidente da República.
O que o ex-presidente da OAS já antecipou aos procuradores é apenas
um aperitivo. O prato principal descerá ainda mais amargo para Lula e
virá a partir dos depoimentos propriamente ditos. Obviamente, não basta
apenas o delator falar. É necessário fornecer provas sobre os
depoimentos, sem as quais o aspirante à delação premiada não se
credencia para a diminuição da pena. Quanto a isso, tudo está tranqüilo e
favorável para o empreiteiro. E desfavorável para Lula. Pinheiro está
fornido de documentos, asseguram os investigadores. Promete entregar
todos eles. Dessa forma, mais uma tese de defesa do petista será
demolida. Ficará comprovado que tanto o sítio em Atibaia como o tríplex
no Guarujá pertenceriam mesmo a Lula. No papel, o sítio é de propriedade
dos empresários Jonas Suassuna e Fernando Bittar, irmão de Kalil
Bittar, sócio de Lulinha. Na prática, era Lula e sua família quem
usufruíam e ditavam as ordens no imóvel. O enredo envolvendo o
apartamento no Guarujá é mais intrincado, mas não menos comprometedor
para família Lula da Silva. Além de abundantes indicativos relacionando
Lula ao tríplex, reunidos num processo pelo MP-SP, há uma imagem já
tornada pública que registra um encontro do próprio Léo Pinheiro com
Lula. A foto, tirada do hall de acesso aos apartamentos, registra uma
vistoria padrão de entrega de chaves, segundo depoimento prestado por
Wellington Carneiro da Silva, à época o assistente de engenharia da OAS,
responsável por fiscalizar as obras do Edifício Solaris. No depoimento,
ele disse que o imóvel estava em nome da OAS, mas sabia que a família a
morar no apartamento seria a de Lula. Pinheiro confirmará à
força-tarefa da Lava Jato que o imóvel foi um regalo ao petista e que a
pedido do ex-presidente assumiu obras da Bancoop, pois a cooperativa
estava prestes a dar calote nos compradores dos apartamentos.
Nos últimos dias, Lula voltou a entoar como ladainha em procissão a
fábula da superioridade moral. Reiterou que “não há ninguém mais
honesto” do que ele. Como se vê no desenrolar das negociações para a
delação, Pinheiro, simpatizante do PT e com quem Lula viveu uma relação
de amizade simbiótica desde os tempos do sindicalismo, o fará descer do
pedestal ético erguido por ele próprio com a contribuição dos seus fiéis
seguidores. O acordo ainda não está sacramentado, mas flui como mel.
Para os investigadores não pairam dúvidas: Pinheiro provará que Lula se
beneficiou pessoalmente dos esquemas que fraudaram a Petrobras. Os
relatos e documentos apresentados pelo executivo, hoje um dos sócios da
OAS, poderão reforçar uma das denúncias contra Lula que a Lava Jato
pretende apresentar por crimes relacionados ao Petrolão. Seriam pelo
menos três. Já haveria elementos comprobatórios, segundo investigadores,
para implicar Lula por corrupção passiva e lavagem de dinheiro por
favores recebidos não só da OAS como da Odebrecht. Resta saber o momento
em que as denúncias seriam apresentadas, uma vez que podem resultar
numa condenação superior a dez anos de cadeia. Há uma vertente da Lava
Jato que prefere aguardar o desfecho da tramitação do impeachment da
presidente Dilma Rousseff no Senado. Seria uma maneira de evitar uma
possível convulsão social no País, antes do desenlace do julgamento tido
como crucial para os rumos políticos nacionais. Outro grupo, por ora
majoritário, não admite que o critério político prevaleça sobre o
técnico. Por isso, Lula anda insone, segundo interlocutores próximos.
Mensagens apreendidas no celular de Léo Pinheiro já evidenciavam a
influência de Lula em favor da OAS fora do País, conforme revelou o
empreiteiro nas tratativas para a delação. Constam do relatório de cerca
de 600 páginas encaminhadas pela Polícia Federal à Procuradoria-Geral
da República no início deste ano. Nas mensagens, Pinheiro conversava com
seus funcionários para decidir viagens do ex-presidente ao exterior e
já mencionava a contribuição dele em obras fora do Brasil. No capítulo
“Brahma”, codinome cunhado pelo empresário para se referir a Lula, a PF
listou pelo menos nove temas de interesse de Pinheiro que teriam sido
abordados com o petista. Entre eles estão programas no Peru, na Bolívia,
no Chile, no Uruguai e na Costa Rica. São citados numa mensagem
encontrada pela PF o “Programa Peru x Apoio Empresarial Peruano e
Empresas Brasileiras”, o “Apoio Mundo-África” e a “Proposta
Mundo-Bolívia”. Num torpedo de Jorge Fortes, diretor da OAS, para Leo
Pinheiro, dias depois de a presidente da Costa Rica, Laura Chinchilla,
ter anunciado o cancelamento da concessão outorgada à empreiteira para a
construção de uma estrada avaliada em US$ 523,7 milhões, ele diz o
seguinte: “Presidente Lula está preocupado porque soube que o Ministério
Público vai entrar com uma representação por causa da Costa Rica”. Num
SMS para Pinheiro, em novembro de 2013, César Uzeda, executivo da OAS,
diz que colocou um avião à disposição para Lula embarcar rumo ao Chile
ao meio dia. “Seria bom você checar com Paulo Okamotto (presidente do
Instituto Lula) se é conveniente irmos no mesmo avião”. No mesmo
conjunto de mensagens, o ex-presidente da OAS diz para um funcionário da
empreiteira: “Lula está procurando saber sobre obras da OAS no Chile”.
Na delação, o empresário promete confirmar que as trocas de mensagens se
referiam mesmo à atuação de Lula em favor da OAS no exterior.
À Lava Jato interessa perscrutar os segredos mais recônditos de Lula.
E Léo Pinheiro possuía intimidade suficiente para isso. O empreiteiro
foi apresentado a Lula no início da década de 1980. Quando o petista
ingressou na política, o empreiteiro logo marcou presença como um dos
principais doadores de campanha. A ascensão de Lula ao Palácio do
Planalto foi acompanhada da projeção da OAS no mercado interno. Dono de
acesso irrestrito aos gabinetes do poder, Pinheiro se referia a Lula
como “chefe”. A relação se deteriorou quando o empresário foi privado de
sua liberdade. O sócio da OAS apostava no prestígio de Lula para
livrá-lo do radar da Lava Jato. Ameaçado de morte num diálogo cifrado
com um carcereiro no Complexo Médico-Penal de Curitiba, o empresário
tomou a decisão de fazer do testemunho sua principal arma de defesa e
trilha para salvação. Sobrará para Lula.
Ex-ministros do PT também estão nas mãos de Moro
O ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), também
encaminhou semana passada para o juiz Sérgio Moro, de Curitiba,
apurações envolvendo os ex-ministros Jaques Wagner (Chefia de Gabinete
da Presidência), Ideli Salvatti (Direitos Humanos) e Edinho Silva
(Comunicação Social) e o ex-presidente da Petrobras, José Sérgio
Gabrielli. Uma das investigações envolvendo Wagner surgiu de depoimento
do ex-diretor da Petrobras, Nestor Cerveró, que em delação premiada
apontou recebimento de propina na Petrobras junto com Gabrielli. O
material sobre Ideli Salvatti também é baseado na delação de Cerveró,
que apontou que ela usou cargo no governo para renegociar uma dívida de
R$ 90 milhões de uma transportadora de Santa Catarina com a BR
Distribuidora, uma subsidiária da Petrobras. Na delação, ele diz que
“imagina que a ministra Ideli e outros políticos” receberam propina no
negócio. O caso de Edinho Silva é fundamentado na delação do
ex-presidente da construtora UTC Ricardo Pessoa. Aos investigadores, ele
narrou encontro em que o ex-ministro teria pressionado por doações para
a campanha da presidente afastada Dilma Rousseff nas eleições de 2014. Reportagem de Débora Bergamasco e Sérgio Pardellas ISTOÉ Online - DO ABOBADO