O que diferencia os dois ex-presidentes? (Fotos: Ana Araujo//Tasso Marcelo)
Fazia tempo que não acontecia, mas hoje tenho o prazer de publicar mais um Post do Leitor do amigo do blog Mauro Pereira, representante comercial em Itapeva (SP)
FHC É O FLAGELO DO LULOPETISMO
Por
esses dias, tive o prazer de reler excelente artigo assinado por Carlos
Alberto Sardenberg estabelecendo um comparativo entre os ex-presidentes
do Brasil, General Ernesto Geisel e Luiz Inácio Lula da Silva. Com
texto predominantemente didático e absoluto conhecimento do tema
proposto, Sardenberg nos brindou com uma aula sobre as diferenças que
tornaram Geisel e Lula iguais.
Ainda que louvando o fértil saber do articulista renomado, me permito
a licenciosidade de percorrer a contramão do seu raciocínio e apontar
algumas das diferenças que mantiveram Fernando Henrique Cardoso e Lula
diferentes.
Talvez a única semelhança entre eles se expresse no fato de ambos
terem desfrutado de dois períodos de quatro anos à frente do Executivo
Federal, mas até essa igualdade, beneficiada pelo princípio da
naturalidade, se esvai na decisão do então ministro da Educação, e atual
prefeito de São Paulo inventado por Lula, proclamando que nem sempre o
resultado de quatro mais quatro é oito.
Baseado nesse inovador conceito matemático, entendo ser perfeitamente
honesto presumir que os próprios petistas se incumbiram de mantê-los
diferentes, o que pode ser creditado como uma das maiores contribuições
de Fernando Haddad para o enriquecimento da biografia de FHC.
As diferenças
Vou passar o mais distante possível de qualquer avaliação
individualizando a produção intelectual ou a formação acadêmica, pois
seria pura perda de tempo. Uma eternidade os separa. Acho menos
acachapante iniciar este breve paralelo a que me propus invocando o
respeito que devotaram à instituição Presidência da República.
Se FHC restituiu a esse símbolo nacional sua importância e sua
dignidade depauperadas pelas passagens devastadoras de Geisel, Sarney e
Collor com a postura de chefe de Estado, Lula, no entanto, o remeteu de
volta àquele período sombrio vulgarizando-o com o comportamento de chefe
de facção. As desigualdades poderiam muito bem ser sintetizadas apenas
nesse episódio específico que por si só já seria cabal, mas o exemplo
utilizado, como poderemos constatar, é só uma pequena amostragem.
Se FHC revolucionou as comunicações abrindo o caminho para a
popularização do telefone, até então privilégio reservado aos ricos, e
estruturou o país para ingressar na modernidade da internet que batia à
porta, Lula, por sua vez, acenou com uma bolsa-banda larga que não saiu
do papel e, em nome de uma estranha democratização da informação, buscou
o tempo todo censurar a imprensa.
Se FHC deixou como legado os fundamentos de uma política econômica
vitoriosa que derrotou a inflação estratosférica que prejudicava somente
os mais pobres e cuja estabilidade propiciou a reintegração do Brasil
ao convívio das nações desenvolvidas, além de garantir o retorno dos
investimentos internacionais em praticamente todos os setores da
produção, Lula, como contrapartida, legou à sua sucessora um buraco
enorme nas contas federais que está inviabilizando a administração da
presidente Dilma Rousseff e desacelerando as obras do PAC, festejadas,
ressalte-se, somente nas propagandas oficiais e nos confins do Brasil
Maravilha registrado em cartório, território este habitado apenas pelo
lulopetismo delirante.
Se FHC, apesar de algumas derrapadas infelizes, destacando-se o
advento da reeleição, que na minha opinião não deveria ter acontecido,
registre-se, e a infeliz declaração de apoio à liberação do consumo da
maconha, ainda assim é reconhecido até hoje por sua preocupação com os
ditames constitucionais e pelo relacionamento respeitoso com os outros
dois Poderes, Lula, por sua vez, ganhou notoriedade pelo pouco apego à
Constituição, pelo descarado aparelhamento do Judiciário e pela
determinação de suprimir o Legislativo. Se não conseguiu, andou bem
próximo disso.
Se FHC se empenhou em criar uma malha de proteção social, Lula se incumbiu de instalar uma rede de servidão eleitoral.
Do comportamento humano à lisura no desempenho político
Concluindo, a diferença entre Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio
Lula da Silva se revela contundente em todos os aspectos passíveis de
análise, desde o comportamento humano à lisura no desempenho político,
passando pela celebração da ética até ao exercício da competência,
culminando no estadista que FHC foi sem nunca ter reivindicado e que
Lula, descartando-se a vassalagem, sempre quis ser sem jamais ser
reconhecido.
Se FHC é criticado por seu muito ter sido pouco, Lula o contrapõe por
seu pouco ter sido muito. Simplificando, é mais edificante saudar o
pouco concreto e realizado do que recorrer à exuberância manipulada do
muito, abstrato e malandro, que se materializa apenas no inferno
improdutivo das boas intenções. Simples. Não para os petistas, é óbvio.
DO RICARDO SETTI-REV VEJA