terça-feira, 2 de maio de 2017

Palocci interrompe negociação de delação premiada

Libertação do colega petista José Dirceu faz ex-ministro repensar acordo com a Lava Jato

DIEGO ESCOSTEGUY
02/05/2017 - 20h18 - Atualizado 02/05/2017 20h18
Os procuradores da Força Tarefa da Lava Jato foram avisados que o ex-ministro Antonio Palocci (PT), preso em Curitiba, suspendeu há pouco a negociação para firmar um acordo de delação premiada. A decisão do Supremo Tribunal Federal de libertar do ex-ministro José Dirceu, tomada no final da tarde desta terça-feira (02), mudou a situação.
Palocci alimenta a esperança de também ser solto por um recurso apresentado ao Supremo. Isso não significa que Palocci não vá mais colaborar com a Lava Jato: ele pode fazer isso mesmo solto. Mas a negociação recuou duas ou três casas, segundo os procuradores.
O ex-ministro Antonio Palocci é preso pela PF.Ele é acusado de operar negócios ilicitos no Brasil e no exterior (Foto: Rodolfo Buhrer / Reuters)
A delação de Palocci é a mais temida por petistas, banqueiros, deputados e outros grandes empresários. Um dos mais prejudicados se Palocci falar é o ex-presidente Lula. DA ÉPOCA

Soltura de Dirceu é tiro de canhão na Lava Jato


Josias de Souza


Por 3 votos a 2, a Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal colocou em liberdade o grão-petista José Dirceu. A decisão é um tiro de canhão contra a Lava Jato. Por duas razões: 1) Consolida-se a impressão de que está formada no colegiado responsável pelos casos do petrolão uma maioria contrária àquilo que o ministro Gilmar Mendes chamou em fevereiro de “alongadas prisões de Curitiba.” 2) Principal defensor dos métodos da força-tarefa da Lava Jato no Supremo, o relator Edson Fachin tornou-se um personagem minoritário.
Sergio Moro decidiu não comentar em público a nova realidade. Mas o blog recolheu comentários feitos pelo magistrado em privado. Sem mencionar nenhum caso específico, o juiz da Lava Jato afirma que as críticas às prisões preventivas decretadas por ele não têm relação com a qualidade dos despachos. O que está em jogo, diz Moro, é a “qualidade dos presos”. Nessa versão, o incômodo se deve ao fato de que as grades de Curitiba guardam “presos ilustres”.
Quanto aos procuradores da força-tarefa da Lava Jato, o grande receio é o de que ocorra um “efeito dominó”. Um dos investigadores enumerou os habeas corpus que entraram numa fila hipotética e estão esperando para acontecer na Segunda Turma do Supremo: Antonio Palocci, Eduardo Cunha e Renato Duque.

STF decide libertar ex-ministro José Dirceu, preso pela Lava Jato


Pedro Ladeira - 4.ago.2015/Folhapress




BRASILIA, DF, BRASIL, 04-08-2015, 12h00: Ex ministro jose dirceu deixa a superintendecia da PF em bsb e segue para o aeroporto, de onde será transferido para curitiba. ele está preso na operacao lava jato. (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress, PODER)
O STF (Supremo Tribunal Federal) concedeu nesta terça (2) habeas corpus ao ex-ministro José Dirceu, preso pela Lava Jato.
A decisão foi tomada pela Segunda Turma do tribunal, da qual fazem parte Dias Toffoli, Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski, Celso de Mello e Edson Fachin, relator da operação no STF.
Toffoli e Lewandowski votaram pela soltura. Fachin e Celso de Mello defenderam a manutenção da prisão. Coube a Gilmar Mendes desempatar, com decisão favorável ao petista.
Dirceu está detido desde 3 de agosto de 2015 em Curitiba. Ele foi condenado duas vezes em ações da Lava Jato.
Ao pedir habeas corpus, seus advogados alegaram ausência de fundamentação da prisão, mantida, segundo a defesa, "sob falaciosa argumentação" de que a medida restritiva que Dirceu cumpria (prisão domiciliar) não era suficiente para que parasse de cometer crimes.
Os ministros do Supremo decidiram soltar Dirceu poucas horas depois de o Ministério Público Federal no Paraná apresentar nova denúncia contra o petista.
Em entrevista, o procurador Deltan Dallagnol afirmou que a denúncia já estava sendo "elaborada e amadurecida", mas, em razão da análise do habeas corpus pelo STF, "houve a precipitação" de sua apresentação. O objetivo, segundo ele, foi trazer à tona novos elementos, "que podem ser ou não considerados pelo Supremo" para decidir sobre o pedido de liberdade.
O HC a favor de Dirceu segue tendência do Supremo nos últimos dias de conceder liberdade a pessoas presas sob determinado do juiz Sergio Moro, que conduz a Lava Jato na 1ª instância.
Na semana passada, os ministros acataram recursos do ex-tesoureiro do PP João Carlos Genu e do pecuarista José Carlos Bumlai.
Eles já foram condenados em primeira instância, pelo juiz Sergio Moro, mas as apelações ainda não foram analisadas pelo TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4a Região), que julga os recursos das decisões.
Os ministros justificaram que os presos tinham direito de recorrer em liberdade, uma vez que não houve condenação em segundo grau.
Fachin foi voto vencido em todos os casos. Gilmar Mendes já havia dito que o Supremo teria um "encontro marcado com as alongadas prisões de Curitiba". Na sexta (28), o ministro tirou o empresário Eike Batista da prisão.
CONDENADO
Para os investigadores da Lava Jato, Dirceu é um dos responsáveis por criar o esquema de corrupção na Petrobras quando era ministro da Casa Civil, no primeiro governo Lula, e teve papel de comando nesse esquema. DA FOLHA
02/05/2017 18h11

Juiz determina que Eike pague fiança de R$ 52 mi em cinco dias úteis ou volte à prisão


Magistrado do Rio afirma que empresário 'estaria ocultando valores alcançáveis por sua responsabilização criminal'

RIO - O juiz federal Marcelo Bretas, da 7.ª Vara Federal Criminal do Rio, decidiu no início da tarde desta terça-feira, 2, estabelecer fiança de R$ 52 milhões para o empresário Eike Batista continuar em prisão domiciliar. O pagamento deve ocorrer em até cinco dias úteis ou o empresário terá que voltar ao sistema carcerário.
Foto: Fábio Motta/Estadão
Eike Batista
Eike Batista cumpre prisão domiciliar atualmente
O fundador do grupo X deixou Bangu, na zona oeste do Rio, no domingo, 30, após decisão de sexta-feira, 28, do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF). O juiz de plantão mandou cumprir a decisão e estabeleceu medidas cautelares. Bretas decidiu agora incluir a questão da fiança. Eike, alvo da Operação Eficiência, estava preso desde o fim de janeiro.
O juiz diz na decisão que Eike, assim como seu então “braço direito” Flávio Godinho, é acusado de participar de esquema de corrupção que teria se instaurado no governo do Estado do Rio de Janeiro. Num único caso denunciado teria pago o valor de US$ 16,5 milhões em propina ao ex governador Sérgio Cabral. Em outro fato atribuído a Eike, narra-se o pagamento de R$ 1 milhão em propina a Cabral, através de contrato fraudulento com o escritório de advocacia da mulher do peemedebista Adriana Ancelmo.
Bretas diz que ao decretar o bloqueio de ativos dos acusados Eike e Godinho no montante correspondente a US$ 16,5 milhões (aproximadamente R$ 52 milhões) de cada, verificou-se que, Godinho possuía tal quantia disponível para bloqueio judicial. Já o empresário possuía o valor de R$ 158.260,94 disponível para bloqueio.
"Esse fato pode sugerir, ainda em análise preliminar, que este acusado estaria ocultando valores alcançáveis por sua responsabilização criminal", diz o juiz. Por isso, entende necessária a decretação de medida cautelar adicional e fixo para o acusado a fiança de R$ 52 milhões. DO ESTADÃO