sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Efeitos da corrupção

Estamos acompanhando renovados protestos contra a corrupção, desta vez alcançando 26 cidades brasileiras e 17 estados.

Não importa se em algumas delas a presença tenha sido pequena, no total foram 30 mil cidadãos que saíram nas ruas de suas cidades para protestar, sendo que a grande maioria, não por acaso, foi registrada em Brasília, sede do governo federal e do Congresso, onde cerca de 20 mil pessoas saíram às ruas e se concentraram na Esplanada dos Ministérios.



POR MERVAL PEREIRA

O GLOBO

Os símbolos foram padronizados, o que já indica um avanço na organização: fantasias de palhaços, vassouras e grandes pizzas. As marchas podem servir de instrumento de pressão nos parlamentares, mas também estarão demonstrando à presidente Dilma Rousseff que ela teria apoio popular caso decidisse reassumir o que parecia ser uma prioridade de seu governo, a chamada “limpeza ética”, relegada a plano secundário devido às pressões da base aliada, e, sobretudo do PMDB, PT e do ex-presidente Lula, que se sentiram atingidos pela reforma ministerial que vinha se processando em consequência das demissões pelas denúncias de corrupção. Na verdade, o que esteve em jogo durante os primeiros meses do governo Dilma foi o desarranjo da base parlamentar que apoia o governo desde os tempos de Lula, mas que atuava em outras condições políticas.

A rigidez da presidente Dilma com os acusados pela mídia de corrupção, nos primeiros momentos de seu governo, estava a um só tempo ressaltando que o ex-presidente Lula era mais condescendente com os políticos corruptos desde que o apoiassem politicamente, como também que as regras que comandam as relações políticas no Congresso são ditadas pela conveniência, e não pelos projetos e programas partidários.

O fracasso das manifestações apontado pelos governistas é, ao contrário, o sintoma de seu sucesso. Primeiro por que ninguém se preocupa em desqualificar manifestações que são por si só desqualificadas. Depois, o que faz com que as manifestações sejam pequenas numericamente é o fato de que elas nascem espontâneas pelas redes sociais, sem que haja instituições por trás delas que possam dar suporte logístico ou apoio oficial.

No entanto, há sinais de que muitas dessas organizações de cidadãos já estão montando estruturas que proporcionarão atos mais organizados daqui em diante. No Rio de Janeiro, por exemplo, já estão pensando em alugar um carro de som permanentemente. A evolução das manifestações já parece evidente, se não no número de pessoas, na padronização do discurso e na escolha de temas.

O apoio à Lei da Ficha Limpa, ao poder de atuação e punição do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e ao fim do voto secreto no Congresso mostra que os objetivos da “rua brasileira” estão bastante focados, identificando esses três temas com o tema central do combate à corrupção. A pauta é relevante, e os dois primeiros assuntos serão decididos pelo Supremo Tribunal Federal (STF) nos próximos meses, o que dá um tempero político às decisões.

É previsível que o julgamento do mensalão, no primeiro semestre do ano que vem, um ano eleitoral, será um ingrediente a mais nessas mobilizações, se elas tiverem fôlego até lá, como tudo indica. A Lei da Ficha Limpa, que chegou ao Congresso através de uma iniciativa popular e por isso foi aprovada, apesar da reação negativa inicial dos parlamentares, agora recebe o apoio renovado das ruas, o que deverá ser levado em conta pelos juízes do STF.

O Supremo, aliás, quando do primeiro julgamento da lei, decidiu que ela só valeria a partir da próxima eleição, e não na do ano passado, mas a maioria dos juízes já deixou antever em seus votos que a consideravam constitucional. Agora, com novas pressões para considerar a lei inconstitucional, os juízes do Supremo terão a oportunidade de reafirmar seu entendimento ou alterá- lo, de acordo com novas interpretações, mas também à luz dos anseios da sociedade. Já com relação ao Conselho Nacional de Justiça, é sintomático que parcela importante da sociedade associe a manutenção de seu poder de punição ao combate à corrupção. É um sinal de que sua atuação tem sido percebida como eficaz no controle do corporativismo e da corrupção de maneira geral.

É evidente que quando se diz que nossa “Primavera” já aconteceu, com os comícios pelas Diretas já ou as passeatas que ajudaram a derrubar o então presidente Collor, está se falando de reivindicações que tinham um objetivo definido e, por trás, estruturas partidárias e sindicais capazes de mobilizar ativistas pelo país inteiro.

Dessa vez estamos falando de temas difusos, valores intangíveis, que mobilizam muito mais a classe média do que a população como um todo. Enquanto que naqueles episódios tidos como exemplos de mobilização de massas por temas políticos, havia uma situação política e econômica instável que causava insegurança no cidadão, hoje a luta contra a corrupção se dá num ambiente diferente, com a economia estabilizada e o ambiente político democrático, apesar de degradado.

Embora a economia esteja com viés de baixa, enquanto a inflação se mostra em alta consistente, não existe ainda um clima de desassossego mobilizador, mesmo que as greves salariais estejam acontecendo com mais frequência. Essas reivindicações salariais já são sintomas de um desconforto futuro provocado pela inflação em alta, e a situação tende a piorar ano que vem devido ao aumento já acertado do salário mínimo de cerca de 14%. Além de realimentar a inflação com o aumento do poder de compra de parcela ponderável da população, esse aumento real de 7% chamará a atenção dos vários sindicatos, que quererão também o mesmo tratamento.

Há informações de que os organizadores das marchas contra a corrupção estão pensando em montar uma Organização Não Governamental (ONG) para transformar todas essas bandeiras que estão sendo levadas pelas ruas das cidades brasileiras em uma discussão permanente. É uma boa iniciativa, principalmente se desse fórum de discussão surgirem novos projetos de lei de iniciativa popular.
14/10/11 
DO BLOG RESIST.DEMOCRATICA

PT no governo: escolinha de aprendizes patrimonialistas.

Texto de José Serra, sobre a precária administração lulopetista: 


Os aeroportos? Aqui e ali, veem-se um ou outro puxadinho para desafogar a demanda. Planejamento? Mudança estrutural? Benefícios duradouros para as cidades e comunidades? Quase nada. Quanto tempo o governo brasileiro teve para se preparar decentemente para a Copa do Mundo e como o aproveitou?
 É o caso de perguntar também: o que ele vai fazer de prático para que as estradas federais atinjam, em prazo razoável, uma condição mais próxima do desejável? Quando os brasileiros terão à disposição rodovias seguras, prontas a receber os motoristas e suas respectivas famílias e suas cargas? É algo que não se avista no horizonte.Nisso tudo, a fraqueza de  gestão, não tanto a ideologia,  conta muito. O governo acaba funcionando como escola de administração, onde as pessoas vão mais aprender do que fazer. E há, sobretudo, o estilo patrimonialista de governar, que compreende o uso do setor público como se fosse propriedade do partido, de seus aliados e de algumas corporações. É a privatização viciosa que atrapalha a virtuosa. Por último, a publicidade massiva e a espetacularização permanente – e esta sim  competente – das realizações não-cumpridas fecham o círculo: ilude o próprio governo, amolece o trabalho e dificulta as soluções.

MARCHA ANTI-CORRUPÇÃO



Mas esses são criminosos comuns. Os fascistas da política, que realmente representam perigo para a democracia porque não correm risco de ir para a cadeia, são outros. São os vagabundos que hoje estão na esgotosfera, financiados com dinheiro público, dispostos a atacar e a tentar matar o menor sinal de reação dos brasileiros à rotina de desmandos do Poder Público. Sempre imaginei que eles pudessem chegar a isso, o que não quer dizer que a gente não fique um tanto estupefato diante da ocorrência.

Vou insistir num aspecto, já abordado naquele post em que indago por que os petistas odeiam tanto as marchas contra a corrupção: o movimento praticamente não tem inimigos a não ser os corruptos. É até tachado por “especialistas” de ingênuo. Estudiosos de “movimentos sociais” (logo teremos os “movimento-sociólogos”…) tentam medir o que vêem segundo a régua do passado, do tempo do petismo de oposição. Estranham a ausência, creio, de bandeiras vermelhas, punhos cerrados e rimas em “ido” (unido/vencido…). Por que então tanta agressividade?

Esses vagabundos que atacam as marcha pretendem ser a expressão militante “da maioria”. Essa é uma condição essencial do fascismo. Mais: embora se digam vitoriosos, embora gritem aos quatro ventos que os adversários apenas choram a sua derrota, atribuem-lhes intenções perversas, acusando-os de elitistas e antipovo, conjugando com a arrogância de quem está no poder o ressentimento do tempo em que se sentiam perseguidos por ele — o que é mentira: era só gente que não conseguia mamar nas tetas oficiais, nas quais agora se regalam. Essa é a alma profunda de um fascistóide.
Uma simples marcha, como vimos, faz disparar um impressionante arsenal de impropérios, de violência verbal e de desqualificação. Não, senhores! Aqueles tontos que raspam a cabeça, metem coturnos no pés e saem por aí socando pessoas merecem rigorosa punição, mas não ameaçam a democracia. Os fascistas de verdade são aqueles que pretendem cassar dos adversários o direito de protestar e dizer “não” - ainda que seja à corrupção. Os “Carecas da Internet”, de mão peluda e bolso cheio de dinheiro oficial, estes, sim, são os fascistas que contam. E mobilizam em sua luta contra o povo até o deputado BBB, como viram, que de tonto só tem o andado…
Por Reinaldo Azevedo

Dilma traz de volta o "Fora, FMI".

Às vésperas de uma grande crise que se avizinha, Dilma Rousseff volta a atacar o FMI, como o PT fazia antes de chegar ao poder. É pura demagogia. E demagogia caríssima, pois significa apoio político para países que precisam, efetivamente, sanear as suas economias. A Grécia, hoje, grita que o FMI "arrasou" a sua economia, mas implorou de joelhos a presença do fundo. O mesmo acontece com Irlanda, Portugal e outros países. Se o Brasil não precisa do FMI, ótimo. Mas também não precisamos de presidente falando besteira para agradar a claque esquerdista. Afinal de contas, o Brasil tem cerca de 4% do capital do FMI. Como contribuinte, não quero perder dinheiro com caloteiros. Como Presidente da República, Dilma deveria estar defendendo o dinheiro dos brasileiros e não as suas idéias toscas sobre economia que, aliás, não estão muito longe das receitas do fundo.
DO B. DO CEL

A faxineira de Brasília

Como uma corretora de imóveis reuniu 25 mil pessoas contra a corrupção em Brasília e ajudou a criar um novo movimento político
FAXINA Daniella Kalil e as vassouras colocadas em frente ao Congresso. Movimentos como o que ela liderou voltarão às ruas no dia 12  (Foto: Igo Estrela/ÉPOCA)

A corretora de imóveis Daniella Kalil nunca se interessara por política, apesar de ter nascido e de viver na capital do país. Aos 32 anos, formada em publicidade e propaganda por uma faculdade particular, não participou de movimento estudantil, não foi aos protestos organizados pelos caras pintadas contra o governo Collor, em 1992, e nunca se filiou a sindicato ou partido. Mas, no último dia 7 de setembro, ela se tornou um dos principais rostos de um novo movimento da política brasileira. No dia da Independência do Brasil, Daniella se viu como uma das lideranças da manifestação que reuniu 25 mil pessoas na Esplanada dos Ministérios, em Brasília. O protesto contra a corrupção ofuscou a presença da presidente Dilma Rousseff, que, do outro lado da avenida, participava pela primeira vez do desfile militar. Manifestações com essa vão continuar. As próximas estão marcadas para o dia 12 de outubro em várias cidades do país.
O envolvimento de Daniella surgiu quase por acaso. Alguém publicou no Facebook a ideia de fazer um protesto contra a corrupção em agosto. Às 11h38 do dia 17 daquele mês, Lucianna Kalil, irmã de Daniella que também lidera o movimento, criou um grupo para divulgar o evento. Enviou convites aos amigos também por meio da rede social. Como não tinham muitos adeptos, decidiram remarcar o protesto para o 7 de setembro. Achavam que poderiam contar com a adesão de famílias que fossem assistir ao desfile e com o Grito dos Excluídos, movimento que reúne outras organizações sociais. A partir do dia 31 de agosto, o evento ganhou força com a revolta contra a absolvição da deputada federal Jaqueline Roriz (PMN-DF) em votação secreta pelos colegas de Câmara. Cerca de 50 pessoas se ofereceram para ajudar a organizar a marcha. Fizeram vaquinha, confeccionaram camisetas, pregaram cartazes e distribuíram folhetos.
O ativismo mudou a vida de Daniella. Depois do protesto, ela não teve tempo para vender mais nenhum imóvel. Vive com o filho de 10 anos na casa da mãe, que agora a ajuda financeiramente. Sua agenda está comprometida com reuniões, confecção de cartazes, panfletagem e militância virtual. Depois da passeata, ela chegou a pensar em entrar na política. Descartou a ideia, mas diz que ficou mais bem informada depois da experiência. “Nunca fui muito politizada, mas agora estou lendo muito. Procuro saber sobre tal PEC (proposta de emenda à Constituição). Tenho medo de falar bobagem.”
Essas manifestações são um fenômeno novo no país. Elas são apartidárias – e querem continuar assim. Seus líderes são indivíduos que não integram instituições tradicionais, como partidos, sindicatos e organizações estudantis. Querem distância dos políticos, tanto da situação como da oposição. “Fazem questão de não ter nossa participação”, disse o senador Pedro Simon (PMDB-RS), depois de participar de uma reunião na Ordem dos Advogados do Brasil na qual estavam Daniella e sua irmã. Segundo Daniella, após o 7 de setembro, alguns partidos ofereceram ajuda. Ela recusou porque muitas pessoas entraram no protesto justamente por ser apartidário – inclusive ela.
Os novos manifestantes tentam compensar a pouca disponibilidade de tempo e a pouca experiência com a internet. Seguem o exemplo dos jovens do Oriente Médio que derrubaram ditaduras na Primavera Árabe. Para alguns analistas, esse movimento é um novo fenômeno, uma espécie de revolta da classe média em ascensão nos países emergentes. O desenvolvimento econômico gera novas demandas políticas para essas populações. A China e a Índia também enfrentaram recentemente manifestações contra corrupção e má gestão. “Se não têm emprego, as pessoas ficam basicamente preocupadas com a subsistência”, diz o cientista político José Álvaro Moisés, da Universidade de São Paulo. “Com melhores empregos e melhor instrução, elas passam a reivindicar uma democracia melhor.”
O maior risco para a continuidade dos protestos é de ordem prática. No ano que vem, Daniella pretende voltar a vender imóveis e a fazer apenas uma marcha anual a cada 7 de setembro. “A gente tem motivos para fazer uma marcha todo mês, mas todo mundo trabalha”, diz. Superar a falta de uma militância profissional, definir uma agenda mais clara e melhorar a organização são necessidades reais para que esse novo movimento da política brasileira consiga se manter e obter mudanças concretas. Sem efeitos práticos, eles correm o risco de virar só um modismo, como muitos que circulam na internet e passam. Mesmo que os protestos do dia 12 não repitam o sucesso de setembro, o poder de mobilização da classe média não deve diminuir. “Movimentos como esse vieram para ficar”, diz Moisés.
ANGELA PINHO
REV EPOCA

Dilma, que tenta dar lições ao mundo, deveria aprender ao menos uma com George W. Bush. Sim, ele mesmo!

Harriet Miers, tida como competentíssima, não foi indicada por Bush para a Suprema Corte em 2007 porque tinha sido sua advogada em 1994. A imprensa caiu de pau. No Brasil, a gente não dá bola pra isso...
Harriet Miers, tida como competentíssima, não foi indicada por Bush para a Suprema Corte em 2007 porque tinha sido sua advogada em 1994. A imprensa caiu de pau. No Brasil, a gente não dá bola pra isso...
Podem discordar de mim à vontade. Pouco me importa que alguns pensem isso ou aquilo das minhas opiniões. O fato é que milhares de leitores vêm em busca dela, certo? Alguns ficam chateados com isso. Fazer o quê? Pensem de mim o que lhes der na telha. Parece-me, no entanto, perda de tempo supor que sou ingênuo.
Critiquei a escolha que a presidente Dilma Rousseff fez para o TSE: nomeou Luciana Lóssio, que foi sua advogada na eleição de 2010. E não reconduziu ao cargo Joelson Dias, que os petistas passaram a considerar um adversário. Para uma República que se leve a sério, isso é inaceitável. Os que me supõem, então, ingênuo argumentaram: “Ah, mas Luciana já foi advogada de Roseana Sarney, de José Roberto Arruda, de Sandro Mabel…” Imaginaram, talvez, que escrevi o post desta manhã ignorando isso. Ora… Eu sei que Dilma não tem um criadouro de advogados pessoais em casa.
E daí que a nova ministra substituta do TSE já tenha advogado para outras pessoas? Isso não tem a menor importância. O que importa é já ter sido advogada de Dilma. Isso tem importância. Preparei este post com especial carinho para os que me apresentassem essa argumentação. Então vamos ver como funciona uma república.
Na madrugada desta sexta, o ex-cineasta e humorista Arnaldo Jabor teve mais um ataque de delirum tremens por causa da síndrome de abstinência de George W. Bush. Está a cada dia mais engraçado. Se a ministra Ira-ny conseguir tirar o quadro da Valéria e da Janete do ar, acaba no Zorra Total. Exaltou o povo na praça contra Wall Street (nada para os brasileiros que protestam contra a corrupção…) e atacou os republicanos. Coisa surpreendente, né? Eu acho que ele está convicto de que suas opiniões interferem no comportamento do eleitorado americano, hehe. Pois é… Os EUA são mesmo um país coalhado de idiotas, né?
Há uma fantasia vagabunda segundo a qual o Brasil, hoje em dia, é exemplo para o mundo. Em má situação estariam, por exemplo, os EUA. Eles, sim, não sabem como sair da crise. No Bananão, como diria Marilena Chaui, temos Lula e os petistas para iluminar o debate. Um dia a crise americana acaba, é claro, e vamos encontrar um país que, ao menos, manda os seus bandidos para a cadeia. Por aqui, já escrevi, costumamos mandar os nossos para o poder.
Aquela idéia que já se prestou ao ufanismo cretino de que somos um país rico com um povo pobre não é de todo infundada. O Brasil chegou ao século 19 como a maior economia das Américas. Entre 1800 e 1900, seu PIB passou a ser um décimo do PIB dos EUA. Criamos, ao longo do tempo, instituições ruins. Elas nos empobrecem ou tornam nossas vantagens irrelevantes. Uma reportagem de 2009 falava da possível riqueza do pré-sal e demonstrava como ela estava sendo engolfada pelo estatismo mais primitivo. Qual Estado? Um Estado essencialmente corrupto. Temos uma história. Vamos ver se temos também um destino.
Lembram-se de George W. Bush? Sim, aquele, o odiado das gentes, a droga de Arnaldo Jabor… Em 2009, contei aqui para vocês uma história exemplar. No ano de 2007, o então presidente dos EUA indicou Harriet Miers, com 60 anos, para a Suprema Corte. Ela não era, assim, uma Luciana Lóssio, a advogada de Dilma… Formada em matemática e direito, era conselheira jurídica da Casa Branca, chefiava um escritório de advocacia de 400 pessoas e era tida como uma das profissionais mais influentes do país em sua área. Só que havia um problema: em 1994, Harriet era advogada de Bush, então governador do Texas. A grita nos EUA foi tal que o presidente americano foi obrigado a retirar a sua indicação. Como as coisas por lá funcionam de outro modo, Harriet pediu demissão até do cargo de assessora. A imprensa não perdoou: considerou simplesmente inaceitável, embora não fosse ilegal, que uma ex-advogada do presidente fosse parar na Suprema Corte.
No Brasil, Luciana Lóssio, ex-advogada de Dilma, foi para o TSE. Ainda que, para a presidente, a formação intelectual seja critério influente, é evidente que a ética ficou fora da jogada. Não temos o país que impediu Bush de nomear a competentíssima Harriet. Temo o país que permite nomear a amicíssima Luciana.
Ora, minhas caras e meus caros, coisa assim não são manifestações isoladas. Pertencem a uma narrativa maior. Lembram-se do trambiqueiro Bernard Madoff. Está puxando uma cana brava nos EUA. No Brasil, os Madoffs da vida estão financiando campanha, escrevem livros e são prestigiados por altas autoridades da República.
É por isso que é, sim, preciso sair às ruas e começar a ocupar as praças!

Assim não, presidente Dilma! Ou: Uma decisão típica de uma soberana de Banânia!

Sempre há a hora de contestar o mendigo de rua, o Vaticano, o deputadozinho-celebridade e, por que não?, a presidente da República. Um dia, talvez, o país se torne, de fato, uma República. Enquanto isso não acontece, para não imitar Chico Jabuti, “a gente não vai levando”… Vai contestando, vai reivindicando, vai enchendo o saco dos poderosos — que o jornalismo existe é para isso mesmo.
Na terça-feira, quase na surdina, apenas com notinhas não mais do que regulamentares aqui e ali, Dilma Rousseff nomeou a advogada Luciana Lóssio para ministra substituta do Tribunal Superior Eleitoral. A vaga estava aberta desde abril, quando venceu o mandato de Joelson Dias, nomeado em 2009. Ele teria direito a uma recondução por mais dois anos - a praxe tem sido a recondução. Não aconteceu desta vez.
Muito bem, até aqui, indagará o leitor, o que quer este Reinaldo Azevedo? O nome de Luciana foi incluído numa lista tríplice, de livre escolha da presidente da República, por Ricardo Lewandowski, presidente do TSE e ministro do Supremo Tribunal Federal. Aos 36 anos, parece que a advogada reúne todos os predicados, sim, para ocupar o cargo, e não serei eu a dizer que não — até porque, confesso, não acompanho em detalhe o cargo da agora ministra, oficializada ontem, com despacho no Diário Oficial. Mas cadê a notícia?
Luciana foi nada menos do que a advogada da candidata Dilma Rousseff na eleição de 2010! Não, senhores! Aí não dá! O país não pode continuar a ser governado contra não só a essência do que é a impessoalidade, mas também contra a sua aparência. Por que Joelson não foi reconduzido? O que terá ele feito de errado? Pois é… Eu não conheço o ex-ministro. Na verdade, já critiquei aqui decisões suas. Vocês sabem como sou: discordo de muita gente; quando gosto digo “sim”; se não gosto, digo “não”. Estou entre aqueles que acham que obedecer a Justiça é um dever, mas discutir suas decisões é um dever e também um direito garantido pelas sociedades livres.
Assim, não tenho motivo especial para defender Joelson — como fica claro, ele já decidiu contra aquilo que eu achava o certo. Acontece, E AQUI ESTÁ O BUSÍLIS, que ele tomou também um monte de decisões na eleição passada CONTRA AQUILO QUE O PT, LULA E A ENTÃO CANDIDA, DILMA ROUSSEFF, ACHAVAM O CERTO. Em suma, Joelson decidiu ora a favor de pleitos da oposição, ora de pleitos do petismo. Conversei ontem à noite com pessoas que transitam nessa área, nos corredores dos tribunais propriamente. O homem entrou na lista negra do PT. Passou a ser considerado um inimigo. Sendo o partido o que é, e sendo os petistas quem são, essas nobres almas consideraram que Joelson fez Justiça todas as vezes em que atendeu aos petistas e praticou tucanismo todas as vezes em que não atendeu. Eles são assim.
Mas poderiam, em nome do bom senso, do bom gosto e de uma afetação da virtude — já que lhes parece impossível o decoro sincero —, escolher, então, para o seu lugar, para remeter a um poema de Drummond, o J. Pinto Fernandes, aquele “que não havia entrado na história”, um nome neutro, que não estivesse envolvido com a narrativa eleitoral passada. Mas quê… Se assim procedessem, não seriam petistas. Decidiram fazer o contrário: decidiram deixar clara a censura a Joelson, escolhendo para o seu lugar nada menos do que aquela que atuou na banca de Dilma. Fosse ela advogada pessoal da cidadã Dilma Rousseff, já seria um tanto escandaloso. Não! Luciana Lóssio foi sua ADVOGADA na eleição; advogou para a candidata.
É claro que as coisas não devem ser assim numa República. Noto, por apreço à história, que os petistas são useiros e vezeiros nesse expediente. Dias Toffoli, ministro do Supremo, também foi advogado do candidato Luiz Inácio Lula da Silva. Sou preciso e justo. Até agora, considero que ele tem tido, nas votações do tribunal, uma atuação impecável. Precisa, de todo modo, escolher melhor as festas de casamento a que vai, como deixou claro reportagem da VEJA da semana retrasada. Afirmei então e afirmo agora: a prática de premiar com cargos de estado quem serve ao mandatário remete ao que há de pior no mandonismo brasileiro.
Vivemos dias um tanto estupidificados pelo politicamente correto. Aqui e ali se noticiou a nomeação de Luciana Lóssio destacando-se que ela é “a primeira mulher indicada para esse cargo…” Ora, tenham paciência!!! E daí? Nomear o amigo do rei para um cargo é coisa tão velha quanto a história do poder!
Luciana Lóssio pode ser competentíssima e digna de todos os louros. Mas a sua nomeação para o TSE é uma vergonha que depõe contra a República. Ainda que venha a ter uma atuação impecável — e espero que sim, para o bem do Brasil —, a mácula na forma como se seu a escolha permanece nas instituições. Dilma Rousseff está perdendo a mão. Anotem aí.
Por Reinaldo Azevedo
REV VEJA

Conselheira do planeta

“Falta uma convicção política uniforme aos líderes internacionais sobre como lidar com a atual crise econômica. Nós já vimos uma parte desse filme. Nós sabemos o que é a supervisão do FMI e sabemos o que é proibir que o país faça investimentos.”

Dilma Rousseff, conselheira econômica do planeta, culpando o resto do mundo e o Fundo Monetário Internacional pelos problemas do Brasil, sem explicar por que não pede ao FMI que devolva o dinheiro que Lula diz ter emprestado para socorrer a saúde sem criar outro imposto.

 Candidato à excomunhão

“É certo que ele está no Brasil por um ato de soberania. Não creio que ele possa ser lançado numa nova via crúcis.”

Marco Aurélio Mello, ministro do STF, sobre o pedido do Ministério Público Federal para que a Justiça determine a deportação de Cesare Battisti, explicando que o assassino de estimação do governo merece ficar no Brasil porque a curta temporada na cadeia lembra o calvário de Jesus Cristo.

 Vivendo e aprendendo (1.812)

“Segunda-feira é o dia D, ou chegamos a um acordo ou nem projeto para votar haverá”.

Henrique Eduardo Alves, líder do PMDB na Câmara, ensinando que, na novilíngua da base alugada, “dia D” quer dizer dia do pagamento extra.
POR AUGUSTO NUNES
REV VEJA

Alckmin se diz aberto a alianças com PSD em 2012

Estratégia do partido de Gilberto Kassab é que PSDB apoie nome da nova sigla para sucessão na capital, mas ideia enfrenta resistência entre alguns tucanos

Gustavo Uribe, da Agência Estado
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), disse hoje que seu partido e o PSD podem fazer aliança para a sucessão à Prefeitura da capital paulista em 2012. O tucano ressaltou que o PSDB está disposto a unir esforços e aberto à construção de uma grande aliança para a cidade.
O prefeito paulistano, Gilberto Kassab (PSD), tem defendido nas últimas semanas que PSDB e PSD se unam contra o PT, um acerto que conta com a aprovação de aliados do ex-governador José Serra. "Eu quero destacar, de nossa parte, a disposição de unir esforços, de estarmos juntos", afirmou o tucano. "Estamos abertos a construir juntos, em uma grande aliança, uma proposta para São Paulo", acrescentou.
O governador ressaltou, contudo, que ainda não é o momento para a definição de candidaturas, o que, segundo ele, deve ficar apenas para 2012. "A definição de candidatura é só no ano que vem, não há razão para antecipar a discussão este ano", destacou. Em nome de uma melhor definição do quadro eleitoral, Alckmin tem defendido, junto a aliados, que a consulta primária para a escolha do candidato do PSDB fique apenas para março do ano que vem.
A estratégia do PSD de Kassab é que o PSDB apoie um nome da sigla para a disputa municipal. Em troca, o prefeito prometeu apoiar a reeleição de Alckmin ao governo do Estado em 2014. O eventual acordo para a disputa municipal, que teria um membro do PSD como cabeça de chapa, tem ganhado adeptos também entre aliados de Alckmin.
O tucano participou hoje de evento de assinatura de uma autorização de repasse de R$ 2 milhões para a Santa Casa de Santo Amaro, na zona sul da capital paulista. Os recursos, destinados ao custeio, deverão ser liberados até o final deste mês em parcela única.

Contêiner com lixo hospitalar "importado" é apreendido em PE


Pela segunda vez esta semana, a Receita Federal apreendeu no Porto de Suape, em Pernambuco, um contêiner com lixo hospitalar vindo dos Estados Unidos. A carga foi importada por uma empresa do setor têxtil como sobra de tecido. Saiba mais
Atualizado em 14/10/2011 às 11h13

Ningém bate em cachorro morto.

O ditado combina com o que Merval Pereira escreveu hoje, em O Globo, sobre as marchas contra a corrupção que vêm sendo realizadas espontaneamente pelo Brasil afora...O PT é contra. Se é o PT é contra é porque incomoda e funciona. 
"O fracasso das manifestações apontado pelos governistas é, ao contrário, o sintoma de seu sucesso. Primeiro por que ninguém se preocupa em desqualificar manifestações que são por si só desqualificadas. Depois, o que faz com que as manifestações sejam pequenas numericamente é o fato de que elas nascem espontâneas pelas redes sociais, sem que haja instituições por trás delas que possam dar suporte logístico ou apoio oficial. No entanto, há sinais de que muitas dessas organizações de cidadãos já estão montando estruturas que proporcionarão atos mais organizados daqui em diante. No Rio de Janeiro, por exemplo, já estão pensando em alugar um carro de som permanentemente. 
A evolução das manifestações já parece evidente, se não no número de pessoas, na padronização do discurso e na escolha de temas. O apoio à Lei da Ficha Limpa, ao poder de atuação e punição do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e ao fim do voto secreto no Congresso mostra que os objetivos da "rua brasileira" estão bastante focados, identificando esses três temas com o tema central do combate à corrupção."
(Nota: Ontem à noite, a esgotosfera progressista, via twitter, começou um movimento para que o PT infiltre pessoas nas próximas manifestações, para criar problemas e desviar a pauta. São as marias-chuteira e os amarra-cachorros dos mensaleiros em ação.)
DO BLOG DO CELEAKS 

Indignados do Brasil preparam manifestações para dia 15

Movimento já tem mais de 12.500 presenças confirmadas no Facebook

SÃO PAULO - Um movimento idealizado na Espanha deve ocupar ruas de diversas cidades do Brasil neste sábado, 15. Divulgado através das redes sociais, o "Democracia Real Já" conta com mais de 12.500 presenças confirmadas no Facebook, sendo 3.368 em São Paulo. Ele deve passar por 15 Estados e 29 cidades do País.
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"Somos contra a política suja das negociatas, de um sistema que concentra o poder nas mãos de uma minoria que não nos representa, corruptos cuja dignidade está a serviço do sistema financeiro; queremos uma Democracia Real com participação do povo nas decisões fundamentais do país, muito além das eleições, essa falsa democracia convocada a cada quatro anos", diz o site da organização dos eventos no Brasil.

O movimento está programado para ocorrer em mais de 20 países no sábado, entre eles Chile, Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, China e Espanha.

"Somos pessoas normais, pessoas como você, trabalhadores, estudantes, desempregados, aposentados, vivemos no Brasil ou em outros países e independente da nossa situação, estamos unidos por um pensamento comum, mudar o sentido que a nossa sociedade está tomando, lutar contra a degradação da nossa condição de vida", diz a página sobre o manifesto do ato.

Segundo a organização do protesto brasileiro, o movimento espanhol "Democracia Real Yá" realizou seu primeiro evento em 15 de maio deste ano, quando milhares de espanhóis protestaram contra partidos políticos, bancos e sindicatos, dizendo que o povo não se sentia representado por nenhuma dessas instituições.

Copa e Olimpíada

Uma das críticas do "Democracia Real Já" é contra a Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada de 2016. De acordo com o site da organização do protesto, esses eventos têm como único objetivo atender interesses "dos ricos e de seus governantes". "Estamos vendo uma verdadeira 'faxina social' em nosso país, com a remoção de milhares de famílias das regiões onde serão os megaeventos esportivos. [...] O sigilo do orçamento das obras da Copa, a flexibilização das licitações e a postura submissa do Brasil à Fifa e à CBF são um banquete farto aos corruptos", diz o texto publicado no site.
FONTE: ESTADÃO