PAZ AMOR E VIDA NA TERRA
" De tanto ver triunfar as nulidades,
De tanto ver crescer as injustiças,
De tanto ver agigantarem-se os poderes
nas mãos dos maus, o homem chega
a desanimar-se da virtude,
a rir-se da honra,
a ter vergonha de ser honesto".
[Ruy Barbosa]
As reportagens da RBS intrigando o prefeito Marchezan Júnior com o
governo Sartori e o governoTemer, acabam servindo aos objetivos
canhestros dos bandidos lulopetistas que ameaçam incendiar a Capital do
RS no dia 24.
Apesar de todo o esforço da editora de Política da RBS, Rosane Oliveira,
tudo na tentativa de desqualificar o pedido feito pelo prefeito
Marchezan Júnior a Michel Temer (CLIQUE AQUI
para ler a intriga feita pela jornalista, esta tarde), a verdade é que o
ministro da Defesa, Raul Jungman teve que engolir o que disse e foi
obrigado a examinar o assunto e depois reportar-se ao presidente para a
decisão final sobre o uso de tropas federais em Porto Alegre.
"Se chegar aqui, devolveremos", teria dito Jungmann para Rosane Oliveira.
Pouco depois, o ministro recebeu o aviso do Planalto de que deveria
examinar o pedido em conjunto com o ministro da Justiça, Torquato
Jardim. A partir daí, ele mudou o tom beligerante e amarelou.
O governo federal leva muito a sério as ameaças de violência física
feitas nos últimos dias pelas redes sociais e tem informações de que
elas são para valer, visando tumultuar o julgamento de Lula pelo TRF-4. DO P.BRAGA
O
grande problema da equipe ministerial de Michel Temer é que a plateia é
incapaz de reconhecer a competência da maioria dos ministros. E estes
são incapazes de demonstrá-la. Ricardo Barros, por exemplo, titular da
pasta da Saúde, anunciou que sairá do ministério. E o brasileiro se pergunta: Por que entrou?
A
presença de Ricardo Barros na Esplanada teve uma única e escassa
serventia. O ministro foi utilizado pelo colega Eliseu Padilha, chefe da
Casa Civil, como matéria prima numa palestra para funcionários da Caixa
Econômica Federal. Nela, Padilha explicou o funcionamento da engrenagem
fisiológica do governo Temer. Foi gravado cladestinamente por um dos
presentes. E suas palavras ganharam as manchetes em fevereiro de 2017.
Parceiro
de Temer numa denúncia criminal, Padilha explicou na palestra que, para
obter o apoio do PP, campeão no ranking de encrencados da Lava Jato, o
presidente descartou a nomeação de “um médico famoso de São Paulo”. Em
vez do profissional “notável”, preferiu acomodar na poltrona de ministro
da Saúde o deputado Ricardo Barros, um engenheiro civil opaco.
Chama-se
Raul Cutait o médico que Temer se absteve de nomear. Vem a ser um dos
mais respeitados cirurgiões do país. Chegou a ser sondado para o
ministério. Flertou com a ideia de aceitar o convite. Mas cometeu dois
crimes. Primeiro, reivindicou que as nomeações da pasta passassem pela
sua mesa. Depois, exigiu que o critério para a seleção dos auxiliares
fosse técnico, não político.
As condições de Cutait afligiram o
PP, dono da pasta da Saúde. Em timbre de galhoga, Padilha contou à turma
da Caixa que a caciquia do partido mandou um recado a Temer: “Diz para o
presidente que o nosso notável é o deputado Ricardo Barros.” O ministro
aconselhou o presidente a ceder: “Nós não temos alternativa”, disse. O
objetivo do governo era o de controlar 88% dos votos do Congresso.
Autorizado
por Temer, Padilha reuniu-se com a direção do PP. “Vocês garantem todos
os votos do partido em todas as votações?”, perguntou. Diante de uma
resposta positiva, o preposto do presidente sacramentou a transação:
“Então, o Ricardo será o notável.”
É nesse contexto, sem que tenha
demonstrado nada digno de ser notado além de sua própria
insignificância, que Ricardo Barros informa que irá sair. Mas ele não
tem pressa. Decidiu que tentará reeleger-se deputado. E insinua que pode
permanecer no Poder Executivo até a data limite fixada em lei: 7 de
abril. Só sairá antes ''se o presidente Temer pedir.''
Temer não
cogita afastar Ricardo Barros. O representante do PP dará alta a si
mesmo, deixando o Ministério da Saúde quando bem entender. Em situação
normal, a saída do ministro seria motivo para festa. Mas a pasta
continuará no colo do mesmo partido. Que indicará para a vaga um outro
“notável” indigno de nota.
O mais curioso é que o PP continuará
mandando e, sobretudo, desmandando no ministério sem entregar no
Legislativo a taxa de 100% dos seus votos, como prometera ao Planalto.
Na reforma da Previdência, por exemplo, a fidelidade do PP ao governo
tem a solidez de um pote de gelatina. Uma evidência de que a
governabilidade, difícil de ser obtida em todos os países do mundo,
tornou-se impossível no Brasil.
O prefeito de Porto Alegre, Marchezan Júnior, protocolou pedido, esta
tarde, na Presidência da República, pedindo a convocação do Exército e
da Força Nacional de Segurança para conter os atos de violência e
desordem prometidos por aparelhos do lulopetismo, como CUT, MST e MTST,
dia 24.
No ofício datado desta quarta-feira, dia 3, o prefeito refere-se às
ameaças que são diariamente feitas pelo lulopetismo nas redes sociais,
até mesmo por senadores e por líderes nacionais do PT, inclusive o
bandido condenado por corrupção Zé Dirceu.
Os órgãos de segurança possuem informações de que são preparados atos de
desobediência civil e até mesmo de ataques ao próprio TRF-4, visando
pressionar os juízes a absolver Lula ou impedir o julgamento. Muitas das
ameaças e informações sobre a organização de atos de violência são
disponibilizados diariamente nas redes sociais.
Os governos estadual e federal, incluindo Brigada, Polícia Civil, TRF-4,
Marinha, Aeronáutica, Exército, Abin e MPF, reúnem-se na secretaria da
Segurança Pública para coordenar as ações de manutenção da lei e da
ordem pública, o que inclui o uso da força armada. DO P.BRAGA
Se
2017 foi o ano da tempestade, 2018 será o ano da cobrança. Depois de
vender a alma para enterrar duas denúncias criminais na Câmara, um exame
de consciência levaria Michel Temer a pensar numa boa faxina. Mas este é
um governo guiado pela inconsciência moral. E o presidente, sem demora,
já nas primeiras horas do ano, deflagrou uma nova orgia em cima dos
detritos da farra anterior. Não teve tempo nem de limpar a mancha na
almofada, colocar o abajur em pé e verificar se alguém ficou escondido
atrás do sofá. Reabriu o balcão das barganhas à luz do dia, na frente
das crianças.
Se a Lava Jato serviu para alguma coisa foi para
elevar à última potência a sensação de que o caruncho do clientelismo e
do fisiologismo resulta em corrupção. Mas Temer decidiu que todas as
zonas da administração pública entregues a partidos com vocação para
tirar lasca$ do Estado serão mantidas sob os cuidados das mesmas
legendas. Os suspeitos que deixarem a Esplanada para ir às urnas darão
lugar a outros suspeitos indicados pelos mesmos PTBs e PRBs. É como se o
governo admitisse tacitamente que considera uma dose de perversão
inevitável.
Em qualquer país do mundo, um volume de 12,5 milhões
de desempregados levaria o governo a tratar com reverência uma pasta
batizada de Ministério do Trabalho. No Brasil de Temer, esse pedaço
vital da máquina pública pertence ao PTB. E passará a ser gerenciado
pela deputada Cristiane Brasil, filha do ex-deputado Roberto
Jefferson. Na saída de um encontro com o presidente, Jefferson contou
como tudo se deu: “O
nome dela surgiu, não foi uma indicação. Nós estávamos conversando, aí,
falou, ‘Roberto, e a Cristiane, por que não a Cristiane?’. Foi da
cabeça do presidente. Ela é uma menina experimentada, foi secretária
municipal em vários governos na cidade do Rio de Janeiro, por que não?
Falei, ‘presidente, aí o senhor me surpreende, eu vou ter que
consultar’. Aí liguei para ela. Ela disse: ‘pai, eu aceito’.”
Súbito,
as lágrimas inundaram os olhos de Jefferson diante das câmeras. Está
emocionado?, indagou uma repórter. O entrevistado confirmou. Delator do
mensalão, Jefferson teve o mandato de deputado passado na lâmina.
Condenado pelo Supremo Tribunal Federal a 7 anos e 14 meses de cadeia,
puxou 1 ano e 2 meses de cana. Contra esse pano de fundo tóxico, disse
ter enxergado na conversão da filha em ministra um resgate da imagem da família.
Que
beleza! Os empregos continuam sumidos. Mas o governo sujo de Temer
resgatou a imagem mal lavada do clã de Jefferson. “Alvíssaras!”,
gritarão os desempregados nas filas, brandindo seus currículos inúteis. O
nome de Cristiane soou na delação da JBS como participante de
negociação que rendeu R$ 20 milhões ao PTB. O dinheiro comprou o apoio
da legenda à candidatura presidencial de Aécio Neves em 2014. Cristiane
foi mencionada também na delação da Odebrecht como beneficiária de
mochila com R$ 200 mil. Nada
disso resultou, por ora, em investigação, apressa-se em dizer a filha
de Jefferson. Preocupação tola. Num governo presidido pelo primeiro
presidente da história a ser denunciado criminalmente no exercício do
mandato, um par de menções em inquéritos vale como medalhas de honra ao
mérito. Não bastasse tais credenciais, ao pronunciar a frase fatídica
—“Pai, eu aceito!”— a filha de Jefferson deixou aliviado o oligarca José
Sarney, que vetara o deputado maranhense Pedro Fernandes, primeira
sugestão do PTB para a pasta do Trabalho.
Assumirá a vaga de
Cristiane na Câmara dos Deputados um suplente do também governista PSD,
partido controlado pelo ministro Gilberto Kassab (Ciência e Tecnologia).
Chama-se Nelson Nahin. É irmão de um político manjado: Anthony
Garotinho. Arrasta a bola de ferro de uma condenação a 12 anos de cadeia
por exploração sexual de menores e adolescentes no Rio de Janeiro.
Passou uma temporada de quatro meses atrás das grades. Foi libertado em
outubro passado, graças a um habeas corpus do Supremo Tribunal Federal..
O
condenado Nahin será recepcionado na base congressual de Temer com
fogos de artifício. Se der uma declaração a favor da reforma da
Previdência, verá um tapete vermelho estender-se sob seus pés na entrada
do Palácio do Planalto. Não demora e estará na fila das emendas e dos
cargos, pois em Brasília nada se cria, nada se transforma, tudo se
corrompe.
Mal foi resolvido o impasse da pasta do Trabalho, já
aportou na mesa de Temer a carta de demissão do ministro da Indústria e
Comércio. Você talvez não se lembre, mas esse outro cargo estratégico
era ocupado por um personagem opaco: Marcos Pereira. Trata-se de um
pastor da igreja Universal, que dá as cartas no PRB. Ele responde a
inquérito no Supremo. Seu nome também soou na delação da JBS. Mas Temer
já bateu o martelo: a vaga permanecerá com o PRB. Amém!
Estima-se
que até o início de abril, prazo limite para que os candidatos deixem
seus cargos no Poder Executivo, pelo menos 17 ministros pedirão para
sair. Mantido o padrão das primeiras substituições, os partidos que
enxergam na Esplanada oportunidades de negócios não perdem por esperar.
Ganham!
O problema não começa nas legendas. Começa no presidente,
que oferece graciosamente os ministérios. Temer não é o primeiro a fazer
isso. É apenas um dos mais despudorados. Se existem áreas abertas à
barganha mesmo com a Lava Jato a pino é porque o cinismo tornou-se uma
marca indissociável do atual governo. PTBs e PRBs apenas jogam o jogo
que lhes é proposto. E Temer decidiu tratar a reforma de sua equipe de
governo não como uma substituição de ministros, mas como uma troca de
cúmplices.
O PT espalha pela internet um bordão: “Eleição sem Lula é uma fraude.” Esse slogan
embala um movimento que se autoproclama defensor “da Justiça, da
democracia e da candidatura de Lula.” Na Justiça do PT, o único
veredicto válido é a absolvição de Lula. Na democracia do PT, o único
aceitável é a re-re-reeleição de Lula. No Brasil paralelo que o PT
construiu para si mesmo, o único caminho para a felicidade é a
candidatura de Lula.
No Brasil real, que o PT finge não existir,
Lula é um presidenciável precário, que imprime no processo eleitoral um
rastro pegajoso. Suas pegadas são feitas de mensalão, petrolão,
apartamento de praia, sítio de veraneio, tráfico de influência, contas
milionárias e palestras de fancaria.
Em 24 de janeiro, a segunda
instância do Judiciário pode grudar em Lula um veredicto que fará dele
candidato favorito à cadeia, não ao Planalto. O companheiro José Dirceu,
multi-condenado no mensalão e no petrolão, antecipa a reação do PT.
Chama a provável condenação de Lula de golpe do Judiciário. Se golpe
houver, será contra a impunidade. Noutros tempos, o PT exigia pratos
limpos. Hoje, suprema ironia, o partido cospe num prato em que já não
pode comer. DO J.DESOUZA