A doença parece ser o único verdaderiro opositor de Luiz Inácio Lula da
Silva. Depois de mais um fim de semana em repouso forçado, Lula se
submete hoje a amanhã a uma bateria de exames no Hospital Sírio e
Libanês, em São Paulo, onde médicos proclamaram que ele tinha obtido a
milagrosa cura de um câncer de laringe. Semana passada, Lula foi
obrigado a cancelar compromissos de campanha por causa de dor na
garganta e febre – problemas que o deixam indisposto.
Nem precisa ser médico para saber que Lula, ainda em tratamento
pós-tumor, no mínimo, anda somatizando os recentes desgastes políticos. A
saúde do PT anda péssima nesta eleição municipal. Além disso, Lula se
envolve em brigas não-declaradas publicamente com o governo. Anda
rompido com seu ex-aliado Guido Mantega, já tendo pedido a cabeça dele à
Presidenta Dilma Rousseff – com quem sempre posa em fotos bem
arrumadinhas, toda vez que aparecem sinais de divergências sérias entre
os dois.
ais crítica que a saúde eleitoral petista é a situação dos mensaleiros
no Supremo Tribunal Federal. Lula e o comando petralha já dão como muito
provável o risco de condenação para os principais dirigentes do partido
– como José Dirceu e José Genoíno. Agora, o maior temor petista é com a
condenação e possibilidade concreta de cadeia para Marcos Valério – o
publicitário que até agora aparece como grande culpado de todas as
operações mensaleiras (que não envolvem só ele, é claro). Preso – o que
se avaliava impensável antes do julgamento -, o medinho da petralhada é
que, por vingança, Valério jogue o PT no ventilador da história.
O risco também é altíssimo se o publicitário Duda Mendonça também for
condenado e obrigado a puxar cadeia. Da mesma forma que Valério, Duda
pode abrir a boca e comprometer ainda mais alguém da cúpula petista. Na
CPI dos Correios, o baiano ensaiou que teria muito a dizer. Como sua
empresa continuou com negócios com o governo, preferiu não criar
problemas. Mas se o cárcere se tornar uma realidade, Duda tem tudo para
soltar o verbo e principiar o começo do fim para alguns membros da
cúpula petista – há 10 anos no papel de “zelite” do poder político
tupiniquim, sem oposição efetiva e eficaz.
O julgamento final do mensalão tem tudo para atrapalhar bastante. Mas
ainda não deve ser o ponto decisivo para a queda da petralhada. A
verdade concreta é que a saúde e sobrevivência do PT no poder dependem
muito mais do fator econômico. Se a gravíssima crise em curso na Europa –
com o risco cada vez mais concreto de a Alemanha abandonar o Euro -,
afetar as classes baixa e média brasileira, o partido sofrerá um
desgaste de imagem inevitável. Só nesta conjuntura crítica, alguma nova
denúncia de corrupção pode colar em seus dirigentes e forçar uma queda
do partido. Ou, então, se as marionetes Lula e Dilma contrariarem os
poderes globalitários – que são os derrubadores tradicionais de esquemas
no poder.
Se depender da incompetência da tradicional oposição política interna,
tudo fica como dantes no Palácio do Planalto e adjacências.
DO ALERTA TOTAL
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