Sede da Odebrecht, em São Paulo
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Os risos surgiram no momento em que o ex-executivo começou a detalhar algumas peculiaridades do esquema de repasses de recursos ilegais, realizado pelo Departamento de Obras Estruturadas da empresa. “Lá é o setor trepa moleque”, afirmou o ex-diretor, segundo relatos.
No dicionário a palavra “trepa moleque” se refere ao nome popular de um inseto. Mas o significado dado por Mascarenhas, no entendimento de alguns dos presentes, foi o de que ali era o “setor de propina”, como ficou conhecido o departamento.
Além do apelido pitoresco para o setor, o ex-executivo se gabou durante a audiência de também ter sido o criador do codinome “Feira”, utilizado por Mônica Moura, mulher do marqueteiro e baiano João Santana. Ter um codinome dentro do esquema de repasses de recursos ilegais é algo obrigatório e revela parte da criatividade dos envolvidos. No caso de Mônica, o apelido é uma referência à cidade baiana que leva o nome do marido, Feira de Santana.
O ex-executivo também confirmou que o nome “amigo” era utilizado para se referir ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em razão da aproximação do petista com o “Dr. Emilio” Odrebrecht, patriarca da empreiteira que leva seu sobrenome.
Apesar de demonstrar estar a vontade com as perguntas, Macarenhas apresentou desconforto musculares várias vezes e precisou ficar de pé em alguns momentos, em razão de câimbras.
No depoimento realizado ontem ao TSE pelo ex-diretor de Relações Institucionais da Odebrecht Alexandrino Alencar também foram revelados os codinomes utilizados pelos partidos da base aliada, que teriam recebido recursos da Odebrecht, em 2014.
Os repasses teriam ocorrido a pedido do então tesoureiro da campanha presidencial do PT, Edinho Silva. Entre os beneficiados estariam PROS, PCdoB e PRB. À primeira legenda foi dado nome de “onça”. O PcdoB era chamado de “vermelho” e o PRB de “doutor”.
Segundo Alexandrino Alencar, cada uma das legendas recebeu R$ 7 milhões. O dinheiro seria uma forma de garantir o tempo de TV dos três partidos para a coligação comandada pelo PT. O encontro em que Edinho Silva pediu os recursos, de acordo com o ex-diretor da Odebrecht, ocorreu no dia 11 de junho de 2014 na sede da empresa, em São Paulo. O ex-diretor afirmou ainda que outros encontros ocorreram ao longo da disputa eleitoral daquele ano no hotel Renascence e no escritório de campanha em São Paulo.
Por meio de nota Edinho Silva considerou as afirmações de Alexandrino Alencar, a respeito das tratativas das doações para os partidos aliados, como “um verdadeiro absurdo”. “Mais uma vez fia nítida a tentativa de construção de uma tese que tem como objetivo a criminalização da campanha Dilma 2014. Todas as coligações que disputaram aquele pleito constituiriam coligações ideológicas”, diz trecho do documento. DO ESTADÃO
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