RIVADAVIA ROSA
A corrupção que se apresenta de forma escandalosa já não é individual ou circunstancial. Trata-se de corrupção estrutural, sistêmica. A circunstancial ocorre em todo o mundo, inclusive nas democracias avançadas, como os EUA, monarquias e repúblicas européias. Sempre haverá governantes, legisladores, empresários, sindicalistas ou, em geral pessoas que exercem alguma forma de poder que em homenagem a debilidade humana rendem sincero tributo a essa vulnerabilidade da condição humana, e aceitam ou solicitam suborno, melhores cargos ou salários, prebendas e outros tipos de favores ou bens em troca até de favores sexuais, obtendo sólidas fortunas pontualmente depositadas em bancos suíços ou em paraísos fiscais (offshores), quando não levadas em cuecas e malas, o que não é a regra, sendo de aplaudir aos que com humildade deixam de roubar ou aos que se propõem fazê-lo por quatro anos, admitindo, com cavalheirismo seu prévio entusiasmo expropriador do alheio.
A corrupção sistêmica ou estrutural já não depende de iniciativas pessoais ou deslizes delitivos, mas se os incorpora, termina por contaminar de tal forma as instituições e o corpo social que as ações que impulsiona ou executa são assumidas como naturais e necessárias para a conservação da (des) ordem estabelecida, inclusive para o desenvolvimento e o crescimento da sociedade, no caso da societas sceleris.
A mais aguda e perversa forma de corrupção estrutural por excelência se dá nos regimes totalitários e unipessoais, em que nem a justiça é independente, nem há partidos de oposição, nem os parlamentares são outra coisa do que dóceis instrumentos dos déspotas, nem há liberdade de imprensa que sirva como freio. A separação dos poderes do Estado e a colaboração harmônica entre eles, imperativos constitucionais e requisitos básicos para que a democracia opere em forma integral são simplesmente anulados.
A Justiça não tem dado uma resposta imediata à demanda de ilícitos envolvendo o dinheiro público. São inúmeros os casos de corrupção que mesmo em sua dimensão ficaram praticamente esquecidos, assim como seus responsáveis, diante de novos escândalos. Provocam comoção quando descobertos e noticiados pela grande imprensa, mas não sendo punidos, são utilizados apenas com objetivos políticos, não com real interesse em sua punição que compete aos juízes e tribunais.
Com efeito - os crimes investigados e esclarecidos pela Polícia, não são penalizados com as correspectivas sentenças que os casos requerem: o exemplo mais clamoroso e o chamado Mensalão que ultrapassou a escadaria do Supremo Tribunal Federal, mas pela demora, negligência ou obscuras razões podem gerar impunidade pelo vencimento fatal dos prazos legais. Na Justiça só quem cumpre os prazos são as partes.
Tornou-se hábito dos que exercem altos cargos públicos (os pequenos são imediatamente processados e demitidos) quando são descobertos ou acusados ou mesmo, quando pegos em flagrante por atos de corrupção aparentarem indignação, ameaçar o denunciante e até se apoiarem no povo, o respeitável e distinto povo. É reiterativa, também por parte desses honrados homens que ocupam altos cargos públicos - se utilizarem das expressões˜conspiração, conspiração das elites brancas , interesses espúrios, interesses políticos, imprensa marrom, imprensa golpista (PIG)..., e, até a novíssima expressão fogo amigo; sempre como bons atores, demonstram a cólera dos justos ou a fingida ira dos corruptos.
Nessa tragédia da corrupção nacional que assola todos os entes federativos e que tem sido atualizada diariamente com novos escândalos só ainda não foi implicado ainda o imperialismo norte americano (na Argentina já o foi).
DO BLOG GRAÇA NO PAIS DAS MARAVILHAS
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