Em
seu depoimento no Congresso, o ministro da Justiça, José Eduardo
Cardozo, afirmou que não havia quadrilha nenhuma instalada no governo
federal e usou como evidência o fato de que a Polícia Federal não iria
indiciar Rosemary Noronha, a dita “amiga íntima de Lula”, por formação
de quadrilha. Pois é… Indiciou por esse e mais três crimes: corrupção
ativa, tráfico de influência e falsidade ideológica. Em seu relatório, a
PF considera que ela era o braço político da quadrilha. Reportagem da
revista VEJA deste fim de semana, de Adriano Ceolin e Laura Diniz,
evidencia que a mulher é bem menos, como direi?, parva do que alguns
tentam dar a entender, buscando caracterizá-la apenas como uma coitada,
que se deixou enredar pelas tramas do coração.
E ela é,
sim, pessoa da intimidade e da confiança de José Dirceu. O ex-ministro,
todo mundo sabe, é o condenado pela Justiça mais buliçoso que se
conhece. Nunca antes alguém sentenciado, em última instância, por
corrupção ativa e formação de quadrilha vituperou tanto contra a Justiça
e emitiu tantas opiniões. No feriado do dia 15 de novembro, uma
quinta-feira, ele viajou para a casa de um empresário, em Camaçari, na
Bahia. Fotos feitas por Edson Ruiz, do Estadão Conteúdo, foram
publicadas pela imprensa. Uma delas foi esta aqui.
Nada de
especial na imagem. Indica apenas tratar-se de um senhor de posses. A
bermuda é da marca francesa Vilebrequin. No Brasil informa a VEJA, custa
R$ 600. Certamente sem saber o que tinha à sua frente, Ruiz resolveu
deslocar a lente um pouco para a sua esquerda e fez esta outro foto:
Esta senhora à esquerda, de óculos e chapéu de praia, é Rosemary, a amigona do Zé, em companhia da namorada do poderoso chefão petista, Evanise Santos, com óculos Prada. Vale para o Zé o que vale para todos nós: no mais das vezes, chamamos para compartilhar um feriado na praia pessoas com as quais temos intimidade, proximidade, amizade mesmo. Dirceu, vocês sabem e ele mesmo já disse, está a cada dia mais convencido da sua inocência; ele só tem a má sorte de os escândalos estourarem na sua vizinhança e envolverem pessoas de seu círculo de relações. Não que Rose não pudesse alcançar patamar ainda mais alto no petismo. Ocorre que o Zé certamente tem um senso se organização e disciplina que deve faltar a Lula. O Zé é o sistema operacional da máquina.
Rose
deixou Camaçari em companhia do seu amigo da bermuda Vilebrequin no dia
18; na sexta, dia 23, a Polícia empreendeu a operação de busca e
apreensão no gabinete da Presidência da República em São Paulo. Íntima,
ela ainda tentou o socorro do companheiro com quem havia dividido o sol
baiano. Foi inútil. E começamos a conhecer os detalhes do mais recente
escândalo da República. Leiam um trecho da reportagem de VEJA:
“VEJA teve
acesso a novos detalhes do inquérito da Operação Porto Seguro. Os
papéis detalham o funcionamento do esquema de corrupção e mostram o
espraiamento da quadrilha por órgãos do governo federal, até chegar a
gabinetes do primeiro escalão. Na última sexta-feira, a Polícia Federal
entregou à Justiça uma nova leva de documentos. São mais quarenta
volumes, com uma descrição detalhada do conteúdo de arquivos de
computadores, contratos, recibos e dinheiro apreendidos no escritório da
Presidência em São Paulo e nas casas dos suspeitos. É essa munição que
mantém Lula e o PT calados. Além da intimidade com o ex-presidente,
Rose usava como trunfo para suas ações a proximidade com o mensaleiro
José Dirceu. Em conversas interceptadas pela PF com autorização
judicial, Rose revela a intimidade que tinha com o chefe da quadrilha.
“Eu fui almoçar com o Zé na casa dele (…). Ele acha que tem grandes
chances de ser condenado a quatro anos e cumprir um terço da pena”, diz
Rose. Paulo Vieira, seu interlocutor, procura tranquilizar a amiga, que
se dizia “superpreocupada” com a possibilidade de Dirceu ir para a
cadeia. “Preso ele não vai, não, Rose (…). Sem chance”, afirma o chefe
da quadrilha dos pareceres sobre o chefe da quadrilha do mensalão.”
Pois é…
Foi, no
entanto, ao estabelecer uma parceria com Paulo Vieira, que a PF
considera o chefe da quadrilha, que Rose foi ganhando vulto como braço
político do grupo. Leiam outro trecho da reportagem, que traz à luz
ninguém menos do que Rui Falcão, presidente do PT, outro que esforça
para dizer que não tem nada com isso:
Em 2004, Paulo, filiado ao partido, ganhou uma senhora boquinha na administração: a nomeação para presidente do Conselho Fiscal da Companhia Docas do Estado de São Paulo, a Codesp. Ele foi indicado pelo PT de São Paulo. Efetivado no cargo, Paulo Vieira atendeu a um pedido feito por telefone pelo deputado estadual Rui Falcão, atual presidente do partido, para que recebesse o empresário e ex- senador Gilberto Miranda (PMDB -AM ). Não era propriamente um pedido, mas uma “missão partidária”, conforme expressão usada por Falcão. Ele nega: “Nunca pedi nada disso. Nunca tive qualquer relação com os citados”. O resto da história está contada no inquérito. Para a Polícia Federal, Vieira ajudou Miranda a conseguir pareceres favoráveis à ocupação de duas ilhas no litoral paulista. As investigações dão a dimensão exata de como se misturam interesses públicos e privados no Brasil.
Em 2004, Paulo, filiado ao partido, ganhou uma senhora boquinha na administração: a nomeação para presidente do Conselho Fiscal da Companhia Docas do Estado de São Paulo, a Codesp. Ele foi indicado pelo PT de São Paulo. Efetivado no cargo, Paulo Vieira atendeu a um pedido feito por telefone pelo deputado estadual Rui Falcão, atual presidente do partido, para que recebesse o empresário e ex- senador Gilberto Miranda (PMDB -AM ). Não era propriamente um pedido, mas uma “missão partidária”, conforme expressão usada por Falcão. Ele nega: “Nunca pedi nada disso. Nunca tive qualquer relação com os citados”. O resto da história está contada no inquérito. Para a Polícia Federal, Vieira ajudou Miranda a conseguir pareceres favoráveis à ocupação de duas ilhas no litoral paulista. As investigações dão a dimensão exata de como se misturam interesses públicos e privados no Brasil.
Retomo
Eis aí. Cumpre perguntar, a esta altura: será que o PT sabe como fazer as coisas de outro modo, à luz da lei, da Constituição e das regras republicanas? Uma coisa é certa: há uma cultura anti-institucional no partido. Em suas conversas singelas com Paulo Vieira, Rose se mostra inconformada com o STF. Vejam que mimo. Volto para encerrar.
Eis aí. Cumpre perguntar, a esta altura: será que o PT sabe como fazer as coisas de outro modo, à luz da lei, da Constituição e das regras republicanas? Uma coisa é certa: há uma cultura anti-institucional no partido. Em suas conversas singelas com Paulo Vieira, Rose se mostra inconformada com o STF. Vejam que mimo. Volto para encerrar.
Rose
queria um protesto por transparência na Justiça! Rose queria parar o
Brasil! O Zé bem que tentou. Mas até os petistas já começam a fugir da
rodinha quando ele chega…
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