segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Conviva de praia de José Dirceu era braço político da quadrilha, sustenta inquérito da PF

Em seu depoimento no Congresso, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, afirmou que não havia quadrilha nenhuma instalada no governo federal e usou como evidência o fato de que a Polícia Federal não iria indiciar Rosemary Noronha, a dita “amiga íntima de Lula”, por formação de quadrilha. Pois é… Indiciou por esse e mais três crimes: corrupção ativa, tráfico de influência e falsidade ideológica. Em seu relatório, a PF considera que ela era o braço político da quadrilha. Reportagem da revista VEJA deste fim de semana, de Adriano Ceolin e Laura Diniz, evidencia que a mulher é bem menos, como direi?, parva do que alguns tentam dar a entender, buscando caracterizá-la apenas como uma coitada, que se deixou enredar pelas tramas do coração.
E ela é, sim, pessoa da intimidade e da confiança de José Dirceu. O ex-ministro, todo mundo sabe, é o condenado pela Justiça mais buliçoso que se conhece. Nunca antes alguém sentenciado, em última instância, por corrupção ativa e formação de quadrilha vituperou tanto contra a Justiça e emitiu tantas opiniões. No feriado do dia 15 de novembro, uma quinta-feira, ele viajou para a casa de um empresário, em Camaçari, na Bahia. Fotos feitas por Edson Ruiz, do Estadão Conteúdo, foram publicadas pela imprensa. Uma delas foi esta aqui.
 
Nada de especial na imagem. Indica apenas tratar-se de um senhor de posses. A bermuda é da marca francesa Vilebrequin. No Brasil informa a VEJA, custa R$ 600. Certamente sem saber o que tinha à sua frente, Ruiz resolveu deslocar a lente um pouco para a sua esquerda e fez esta outro foto:

Esta senhora à esquerda, de óculos e chapéu de praia, é Rosemary, a amigona do Zé, em companhia da namorada do poderoso chefão petista, Evanise Santos, com óculos Prada. Vale para o Zé o que vale para todos nós: no mais das vezes, chamamos para compartilhar um feriado na praia pessoas com as quais temos intimidade, proximidade, amizade mesmo. Dirceu, vocês sabem e ele mesmo já disse, está a cada dia mais convencido da sua inocência; ele só tem a má sorte de os escândalos estourarem na sua vizinhança e envolverem pessoas de seu círculo de relações. Não que Rose não pudesse alcançar patamar ainda mais alto no petismo. Ocorre que o Zé certamente tem um senso se organização e disciplina que deve faltar a Lula. O Zé é o sistema operacional da máquina.
Rose deixou Camaçari em companhia do seu amigo da bermuda Vilebrequin no dia 18; na sexta, dia 23, a Polícia empreendeu a operação de busca e apreensão no gabinete da Presidência da República em São Paulo. Íntima, ela ainda tentou o socorro do companheiro com quem havia dividido o sol baiano. Foi inútil. E começamos a conhecer os detalhes do mais recente escândalo da República. Leiam um trecho da reportagem de VEJA:
“VEJA teve acesso a novos detalhes do inquérito da Operação Porto Seguro. Os papéis detalham o funcionamento do esquema de  corrupção e mostram o espraiamento da quadrilha por órgãos do governo federal, até chegar a gabinetes do primeiro escalão. Na  última sexta-feira, a Polícia Federal entregou à Justiça uma nova leva de documentos. São mais quarenta volumes, com uma descrição detalhada do conteúdo de arquivos de computadores, contratos, recibos e dinheiro apreendidos no escritório da Presidência em São  Paulo e nas casas dos suspeitos. É essa munição que mantém Lula e o PT calados. Além da intimidade com o ex-presidente, Rose usava como trunfo para suas ações a proximidade com o mensaleiro José Dirceu. Em conversas interceptadas pela PF com autorização  judicial, Rose revela a intimidade que tinha com o chefe da quadrilha. “Eu fui almoçar com o Zé na casa dele (…). Ele acha que tem  grandes chances de ser condenado a quatro anos e cumprir um terço da pena”, diz Rose. Paulo Vieira, seu interlocutor, procura tranquilizar a amiga, que se dizia “superpreocupada” com a possibilidade de Dirceu ir para a cadeia. “Preso ele não vai, não, Rose (…).  Sem chance”, afirma o chefe da quadrilha dos pareceres sobre o chefe da quadrilha do mensalão.”
Pois é…
Foi, no entanto, ao estabelecer uma parceria com Paulo Vieira, que a PF considera o chefe da quadrilha, que Rose foi ganhando vulto como braço político do grupo. Leiam outro trecho da reportagem, que traz à luz ninguém menos do que Rui Falcão, presidente do PT, outro que esforça para dizer que não tem nada com isso:
Em 2004, Paulo, filiado ao partido, ganhou uma senhora boquinha na administração: a nomeação para presidente do Conselho Fiscal  da Companhia Docas do Estado de São Paulo, a Codesp. Ele foi indicado pelo PT de São Paulo. Efetivado no cargo, Paulo Vieira atendeu a um pedido feito por telefone pelo deputado estadual Rui Falcão, atual presidente do partido, para que recebesse o empresário e ex- senador Gilberto Miranda (PMDB -AM ). Não era propriamente um pedido, mas uma “missão partidária”, conforme expressão usada  por Falcão. Ele nega: “Nunca pedi nada disso. Nunca tive qualquer relação com os citados”. O resto da história está contada no inquérito. Para a Polícia Federal, Vieira ajudou Miranda a conseguir pareceres favoráveis à ocupação de duas ilhas no litoral paulista.  As investigações dão a dimensão exata de como se misturam interesses públicos e privados no Brasil.
Retomo
Eis aí. Cumpre perguntar, a esta altura: será que o PT sabe como fazer as coisas de outro modo, à luz da lei, da Constituição e das regras republicanas? Uma coisa é certa: há uma cultura anti-institucional no partido. Em suas conversas singelas com Paulo Vieira, Rose se mostra inconformada com o STF. Vejam que mimo. Volto para encerrar.
Rose queria um protesto por transparência na Justiça! Rose queria parar o Brasil! O Zé bem que tentou. Mas até os petistas já começam a fugir da rodinha quando ele chega…
Por Reinaldo Azevedo

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