sábado, 14 de junho de 2014

A união do PSDB é fundamental para preservar a democracia no Brasil


A última vez em que o PSDB esteve tão unido numa campanha eleitoral foi 1998. Não vou aqui me dedicar à arqueologia de por que, antes, foi assim ou assado. O fato é que o candidato à Presidência, Aécio Neves, conta com o pressuposto primeiro de uma campanha que pretende, claro!, ser vitoriosa: a união. Sem ela, não existe milagre. Para alcançá-la, é preciso que todos os atores estejam dispostos não exatamente a fazer concessões, mas a ouvir o “outro” e “os outros”. Mais do que tudo, entendo, desta vez, o PSDB não tinha o direito — sob o risco da autodissolução — de não ouvir fatias consideráveis do país que querem mudança. E a cobram com uma clareza que não se via desde 2002, justamente quando o PT venceu.
Notem que não faço juízo de valor sobre os desejos de antes e os de agora. Falo de demandas que estão na sociedade e às quais os partidos têm de responder. O PSDB não tinha, e não tem, o direito de se apequenar em divisões internas. O que se viu neste sábado é auspicioso. Lá estavam, e com muito mais solidez do que em jornadas anteriores, Aécio e José Serra de mãos dadas, sob o olhar de FHC, o tucano que venceu o PT nas urnas duas vezes, no primeiro turno.
Isso é uma declaração de voto? Não é, mas poderia ser — e não vejo por que os leitores devam ter desconfianças sobre em quem vou votar. Acho que minha escolha está clara. Mas isso é o de menos neste post. O meu ponto é outro. Não existe democracia sem oposição. Repito o que já escrevi dezenas de vezes: as tiranias também têm governo (e como!!!). Só as democracias contam com forças que se opõem ao poder de turno, buscando substituí-lo, dentro das regras do jogo. Sem oposição organizada, não existe governo legítimo.
Ocorre que esse não é um valor no petismo. Nunca foi. Ao contrário. Para o partido, os que se opõem à sua visão de mundo — mesmo àquela parcela eventualmente não criminosa — são sabotadores, são inimigos. E devem ser destruídos.
Desde que os petistas chegaram ao poder, resolveram dar início a uma falsa guerra entre o “nós”, que eram “eles”, e o “eles”, que eram os outros. De um lado, os donos da virtude, do bem, do belo, do justo; do outro, o contrário. Talvez seja o caso, então, de a oposição comprar essa briga e fazer o confronto entre o “nós oposicionista” e o “eles governista”.
Os tucanos têm uma história respeitável. Tiraram o Brasil da hiperinflação. Deram ao país uma moeda. Devolveram a nação ao cenário internacional. E o fizeram sem jogar o povo contra o povo. E o fizeram sem incitar a guerra de todos contra todos. E o fizeram sem estimular ódios e rancores. Ao contrário: sempre souberam, e sabem, que, como diz o velho bordão, a união faz a força. Os petistas, infelizmente, tentam se fortalecer jogando brasileiros contra brasileiros, como estamos cansados de ver. É assim que eles enfraquecem a sociedade para fortalecer um ente de razão chamado “partido”.
Mais do que nunca, acho que cabe aos tucanos deixar realmente claro que “eles”, tucanos, não são “os outros”, os petistas e seus aliados. Ou, nos termos propostos pelo PT, chegou a hora de deixar claro que, de verdade, “nós não somos eles”. E não é preciso ir muito longe para percebê-lo: há, por exemplo, tucanos e membros de gestões tucanas sob investigação. Não vi, até agora — e não creio que vá acontecer — o partido a demonizar a Justiça. Sim, há uma grande diferença entre se solidarizar com um aliado e atacar a instituição. Em defesa de mensaleiros, de criminosos condenados, o petismo não hesitou um só instante em achincalhar o Supremo, cuja composição é, de resto, de sua inteira responsabilidade.
Autoritários
A propaganda política terrorista que o PT levou ao ar, destaquei aqui, deixou claro que o partido não tem mais futuro a oferecer aos brasileiros. Agora só lhes resta o expediente, que também não é novo em sua trajetória, de destruir a reputação e o passado alheios e de recontar a história. Mais um pouco, os “historiadores” do partido ainda transformarão Lula no pai do “Plano Real”, e FHC no chefe do grupo que tentou sabotá-lo — e sabotar o país.
Dilma já não sabe por que governa e sabe menos ainda por que quer mais quatro anos. Essa gente é tão autoritária que inventa teorias conspiratórias até quando parte de um estádio de futebol expressa seu repúdio ao governo, segundo a linguagem, feia ou bonita, que se costuma usar em disputas assim desde as arenas romanas ao menos. Seus áulicos na subimprensa — um bando de vagabundos pançudos, pendurados nas tetas da propaganda oficial e de estatais — têm o topete de acusar, ora vejam!, a oposição e alguns jornalistas por manifestações espontâneas, que surgem sem paternidade.
Os petistas, no poder, sempre tentaram calar a oposição. Agora, acham que já é chegada a hora de calar o povo — ao menos a parcela do povo que ousa discordar. E sua concepção autoritária de poder está em curso, com lances novos, embora esperados, dado o seu projeto de poder. O Decreto 8.243, inspirado por Gilberto Carvalho, saído das catacumbas do PT, é a evidência de que o partido ainda não desistiu da ditadura do partido único.
A união do PSDB, demonstrada neste sábado, é fundamental para preservar a democracia no Brasil.
Por Reinaldo Azevedo

PSDB oficializa a candidatura de Aécio à Presidência da República

Aécio Neves e José Serra, juntos na convenção do PSDB: união
Aécio Neves e José Serra, juntos na convenção do PSDB: união
No Globo. Comento no próximo post.
O senador Aécio Neves (PSDB-MG) teve sua candidatura à Presidência da República oficialmente formalizada na manhã deste sábado, durante convenção nacional do PSDB, realizada no Pavilhão Azul do Expo Center Norte, em São Paulo. A candidatura foi aprovada por 447 dos 451 delegados da legenda. Aécio chegou de mãos dadas com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, acompanhado pelo governador de São Paulo Geraldo Alckmin e por José Serra. Ele disse ter chegado a hora do “reencontro com a decência no país” e afirmou acreditar que uma “tsunami” poderá tirar o PT do governo em outubro:
“A cada dia que passa, a cada região por onde ando, percebo não só uma brisa, mas uma ventania por mudanças. Um tsunami que vai varrer do governo federal aqueles que lá não têm se mostrado dignos e capazes de atender às demandas da população brasileira”, disse Aécio.
Na convenção, Fernando Henrique foi tratado como um dos principais cabos eleitorais da campanha tucana. Logo após sua chegada, foi exibido um vídeo exaltando conquistas de seu governo, como o Plano Real e o início de programas sociais de combate à pobreza. O mesmo filme afagou José Serra (…). Foram mencionadas conquistas de seu período à frente do Ministério da Saúde, como a política de combate à Aids e de fomento aos medicamentos genéricos. Os dois temas foram citados no discurso do candidato.
O ex-presidente e avô de Aécio, Tancredo Neves, morto em 1985, também foi lembrado no encontro: no meio do discurso de Aécio, foi exibido um vídeo com imagens do poeta Ferreira Gullar lendo texto escrito em homenagem a Tancredo. “Se o presidente Juscelino (Kubitschek) permitiu 60 anos atrás o reencontro do Brasil com o desenvolvimento e a modernidade, coube a Tancredo, 30 anos depois, permitir que a gente se reencontrasse com a democracia e a liberdade. Outros 30 anos se passaram, e vamos conduzir o Brasil ao reencontro com a decência”, afirmou Aécio, que defendeu a paternidade do PSDB em programas sociais e fez duras críticas à atuação do governo federal na área econômica.
“Quem foi contra o Plano Real é quem hoje permite a volta da inflação”, disse o tucano, que acusou o PT de aniquilar “o mais valioso patrimônio construído por gerações de brasileiros, a Petrobras”, e convocou a militância para ir às ruas “por um tempo novo”.
Para Aécio, a história do país ainda será revisitada: “Pelo menos numa coisa nossos adversários mantiveram a coerência. Quem foi contra o Plano Real e a Lei de Responsabilidade Fiscal é quem hoje permite a volta da inflação e assina a maldita contabilidade criativa. São os que dividem o Brasil de forma perversa entre nós e eles”, discursou Aécio.
O tucano afirmou ver no governo “inegável pendor autoritário e intervencionista”, elementos que seriam motivo de desalento para a população. Disse que o povo teria acreditado no discurso da ética, defendido no passado pelos adversários. Para ele, hoje o PT e o governo protagonizam os mais “vergonhosos casos de corrupção” no país. “O Governo do PT vive da propaganda daquilo que não fez”, disse Aécio.
FHC
Em um dos discursos mais aguardados da convenção, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou que o país está cansado de “empulhação” e fez um chamamento ao PSDB para que se aproxime do povo. “As urnas clamam, querem mudança. Elas cansaram de empulhação, corrupção, mentira e distanciamento entre o governo e o povo. Nós temos que ouvir o povo, estar mais próximos do povo. Ganhar a confiança do povo. A caminhada do Aécio será essa – afirmou o tucano que usou palavras fortes para se referir ao PT, como “ladrões” e “farsantes”.
Para FH, “não dá mais” para lidar com os adversários à frente do governo: “Não dá mais. Ninguém aguenta mais isso. Chega. A gente sente que não adianta mais. Não adianta mais repetir o que sabemos que não é certo. A mudança está começando a se concretizar. Não são ideias só, são ideias encarnadas em pessoas. Hoje é Aécio o futuro presidente”, disse Fernando Henrique, para quem Aécio seria “um líder jovem” para sentir “de perto o pulsar das ruas e se dedicar de corpo e alma ao povo”.
O líder tucano tocou também num tema que já custou muito caro ao PSDB em eleições passadas e acusou o PT de mentir quando acusa os tucanos de serem privatistas. “O povo quer respeito e consideração. O povo cansou de comiseração. Quantas vezes ouvi que eu queria privatizar a Petrobras. Mentira. Eles sabem que é mentira. Nos queríamos transformar a Petrobras de uma repartição pública numa empresa dos brasileiros. O que eles fizeram? Nós queremos de novo que as estatais sejam em benefício do povo “, afirmou.
Serra
O ex-governador de São Paulo José Serra chamou Aécio de “futuro presidente do Brasil” e garantiu que partido está unido em torno da candidatura do senador. “O Aécio sempre a qualidade de juntar as melhores pessoas para seu governo. Damos aqui um passou muito importante para a vitória. O PSDB e seus aliados chegam unidos para essa disputa. Quanto mais mentiras eles disseram sobre nós, mais verdades diremos sobre eles”.
Serra disse que o país vive um “milagre perverso” com o governo do PT e, ao final de seu pronunciamento, foi recebido por Aécio, que levantou-se e foi até o púlpito onde ele estava para agradecer com um abraço e poses para fotos. “Economia estagnada, inflação aumentando e investimento caindo. Vamos convir que para, se chegar a isso tudo, é preciso que o governo atue com incompetência metódica, convicta e com muito talento”, criticou Serra.
(…)
Por Reinaldo Azevedo

Nenhum comentário:

Postar um comentário