Ai,
ai… Vamos lá. Fiquei sabendo que um certo José Trajano, um esquerdistas
que presta seus serviços para a norte-americana ESPN, me atacou em seu
programa. Escrevi um post a
respeito e não pretendia voltar ao assunto. Mas os leitores me
convenceram do contrário. Insistiram para que eu assistisse a dois
vídeos do que andaram dizendo por lá, inclusive a babada hidrófoba do
tal Trajano. Vi. A coisa é bem mais séria do que eu supunha.
De saída,
deixem que lhe diga uma coisa. Quando afirmei que nunca tinha ouvido
falar do bruto, não estava posando de esnobe. Sei quem é Gay Talese, mas
não sabia quem era Trajano. Sei quem é Bob Woodward, mas não Trajano.
Sei quem é H. L. Mencken, mas não Trajano. Sei quem é Karl Kraus, mas
não Trajano. Sei o nome do guarda da minha rua, mas não Trajano. É bem
possível que eu conheça gente ainda mais mixuruca do que Trajano, mas
não Trajano. Não creio que ele tenha feito falta à minha formação.
Considerando as ideias toscas que, descobri, habitam aquele cérebro,
acho que não perdi nada. Sigamos.
Mais: até
esta sexta-feira, eu nunca havia assistido a um miserável programa ou
vídeo dessa emissora. O único esporte que me interessa é futebol, mas
não o bastante para sintonizar num canal especializado no assunto. Por
isso, fiquei surpreso com o ataque bucéfalo que ele dirigiu a mim — e
não só a mim: aproveitou para atingir Demétrio Magnoli, Augusto Nunes e
Diogo Mainardi.
Já haviam
me falado mais de uma vez que a ESPN era uma espécie de Gaiola das
Loucas do lulo-esquerdismo; que a crônica esportiva ali se misturava com
o preselitismo arreganhado e meio burro. E eu disse: “Então tá!” Os EUA
financiam coisa até pior mundo afora. Eles lá, eu cá. Não tenho nada
com isso. À diferença dos que me odeiam com fanatismo, eu não dou bola
para as coisas que detesto. Os meus dias se tornaram bem mais suaves
depois que passei a ignorar absolutamente o JEG (Jornalismo da
Esgotosfera Governista). Sem contar que tenho três empregos, né? Não me
sobra tempo para as ignorâncias alheias. Prefiro me livrar das minhas.
Esclarecimento
para quem não leu o post anterior a respeito e chegou até aqui sem
entender direito. Os “companheiros” da ESPN não gostaram nada, nada dos
xingamentos dirigidos por parte da torcida à presidente Dilma Rousseff
no Itaquerão. Criticaram duramente os torcedores por isso (e já direi em
que termos), Trajano inclusive. Houve uma reação indignada dos próprios
espectadores da emissora, que passaram a criticar a equipe. Muito bem!
O que fez,
então, Trajano? Ele, que já estava furioso com os que haviam xingado e
vaiado Dilma, resolveu ficar bravo também como os que se manifestaram
nas redes sociais contra a sua opinião. E reagiu assim:
Viram só?
Eu, Demétrio, Augusto e Diogo semeamos o “ódio” e a “inveja”!!!
Inveja de quê, babaca?
Não deve ser da cara.
Não deve ser da dicção.
Não deve ser do salário.
Não deve ser da inteligência.
Não deve da independência.
Não deve ser da sabedoria.
Não deve ser da cara.
Não deve ser da dicção.
Não deve ser do salário.
Não deve ser da inteligência.
Não deve da independência.
Não deve ser da sabedoria.
Jornalista
que chama Dilma de “presidenta” se define de saída e de joelhos. Como
disse o jovem Antero de Quental sobre o decrépito Castilho (e não estou
comparando para não ser injusto com Castilho…), esse Trajano precisaria
ter 50 anos a menos de idade, hipótese em que sua tolice seria passável,
ou 50 anos a mais de reflexão, hipótese em que talvez fosse menos tolo.
Meus
leitores — e certamente os dos demais — são donos do seu nariz. Eu até
os convido a nunca mais sintonizar a ESPN, a deixar de lado esse lixo
chapa-branca, mas isso é com eles. O que sabe esse cretino sobre o meu
trabalho? Escrevi, sim, sobre a vaia a Dilma aqui — e volto ao assunto
na edição da Folha deste sábado, em caráter excepcional — como todos
sabem, minha coluna é publicada às sextas-feiras, mas o jornal me
convidou a comentar o caso. Quem me leu ficou sabendo que não aprovo
esse tipo de manifestação em si, mas que, obviamente, não acho que se
tenha cometido um crime de lesa pátria no Itaquerão.
Trajano e a
sua patota estão obedecendo a uma palavra de ordem do PT, já vocalizada
por Lula, diga-se: responsabilizar a imprensa — da qual eles fazem
parte — pela manifestação de desagrado dos torcedores. Não toda ela,
claro! Só aquela que os petistas sabem ser aquilo que esses caras nunca
serão: independente!
Eu
dissemino o ódio? É sinal de que Trajano tem, então, uma leitura crítica
do trabalho que faço. Topo um debate público — sem claque, com
transmissão ao vivo. Se quiser, a gente grava e torno disponível no
blog, sem cortes. Sem palavrões nem ofensas. Vamos ver o que Trajano
julga saber sobre o meu pensamento. Vamos ver quais são as ruas
referências e as minhas. Qual é a sua bibliografia e qual é a minha. Mas
ele não topa! Alguém me disse que é dado a faniquitos até com parceiros
de programa.
Esse
sujeito resolve puxar o saco do Palácio do Planalto — e deve saber por
que o faz —, os espectadores do seu programa reagem, e ele decide
culpar, por isso, quatro jornalistas? Como vocês sabem, há muito tempo
não dou a menor pelota para o que diz a meu respeito certa canalha
financiada por estatais e por anúncios do governo federal. Não respondo a
trabalhadores a soldo disfarçados de jornalistas. Meu compromisso é com
os leitores deste blog e da Folha e com os ouvintes da Jovem Pan. Esses
paus-mandados que vão se criar em outro lugar.
Mas a
idade de Trajano me moveu. Deve ser triste chegar a esse ponto da
trajetória secretando, ele sim, tanto rancor, tanto ódio, tanto
ressentimento. E me volta Antero de Quental: “A futilidade num velho
desgosta-me tanto como a gravidade numa criança”. Ou, então, me vem o
grande Ulysses Guimarães numa resposta memorável a Fernando Collor,
quando este o chamou de velho: “Velho, sim; velhaco, não!”. Então
ficamos assim. Eu me inspiro em Antero de Quental e sugiro que Trajano
se inspire em Ulysses.
E antes
que alguém fique com peninha: eu estava quieto, no meu canto, sem nunca
ter visto a cara desagradável desse sujeito. Foi ele que atravessou a
rua para me ofender.
Agora a Constituição e a Lei
Mas isso tudo ainda é bobagem perto das enormidades que se disseram na ESPN, que é uma concessão pública e está sujeita às leis brasileiras.
Mas isso tudo ainda é bobagem perto das enormidades que se disseram na ESPN, que é uma concessão pública e está sujeita às leis brasileiras.
Comentaristas
da emissora disseram com todas as letras que o mau comportamento dos
torcedores se devia ao fato de que eram todos… brancos! Falaram
explicitamente na “elite branca de São Paulo”. Segundo eles, aquilo só
aconteceu porque não havia negros no estádio.
A
Constituição Federal, no Inciso VIII do Artigo 4º repudia o racismo. No
Inciso XLII do Artigo 5º, estabelece que “a prática do racismo constitui
crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos
termos da lei”. E esses “termos” estão dados pela Lei 7.716, que, no Artigo 20 (Redação dada pela Lei 9.459), define:
Art. 20. Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional.
Pena: reclusão de um a três anos e multa.
Art. 20. Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional.
Pena: reclusão de um a três anos e multa.
Não é só isso, não! Cumpre ficar atento ao que estabelecem os Parágrafos 2º e 3º desse Artigo 20. Prestem atenção:
§ 2º Se qualquer dos crimes previstos no caput é cometido por intermédio dos meios de comunicação social ou publicação de qualquer natureza: (Redação dada pela Lei nº 9.459, de 15/05/97)
Pena: reclusão de dois a cinco anos e multa.(Incluído pela Lei nº 9.459, de 15/05/97)
§ 2º Se qualquer dos crimes previstos no caput é cometido por intermédio dos meios de comunicação social ou publicação de qualquer natureza: (Redação dada pela Lei nº 9.459, de 15/05/97)
Pena: reclusão de dois a cinco anos e multa.(Incluído pela Lei nº 9.459, de 15/05/97)
§
3º No caso do parágrafo anterior, o juiz poderá determinar, ouvido o
Ministério Público ou a pedido deste, ainda antes do inquérito policial,
sob pena de desobediência: (Redação dada pela Lei nº 9.459, de
15/05/97)
I – o recolhimento imediato ou a busca e apreensão dos exemplares do material respectivo;(Incluído pela Lei nº 9.459, de 15/05/97)
II – a cessação das respectivas transmissões radiofônicas, televisivas, eletrônicas ou da publicação por qualquer meio
I – o recolhimento imediato ou a busca e apreensão dos exemplares do material respectivo;(Incluído pela Lei nº 9.459, de 15/05/97)
II – a cessação das respectivas transmissões radiofônicas, televisivas, eletrônicas ou da publicação por qualquer meio
Retomo
Se alguém tivesse atribuído um ato considerado inadequado de milhares de pessoas à pele negra, alguma dúvida de quea fala seriua caracterizada como indução ou incitamento ao preconceito de raça? Preconceito contra branco pode, ainda que exercitado por… brancos? O Ministério Público vai deixar por isso mesmo? Qualquer branco que se sinta ofendido pelas declarações desses senhores pode recorrer ao Estado para pedir a devida reparação. Até porque essas considerações foram feitas numa emissora de televisão, que é uma concessão pública e sujeita à cassação.
Se alguém tivesse atribuído um ato considerado inadequado de milhares de pessoas à pele negra, alguma dúvida de quea fala seriua caracterizada como indução ou incitamento ao preconceito de raça? Preconceito contra branco pode, ainda que exercitado por… brancos? O Ministério Público vai deixar por isso mesmo? Qualquer branco que se sinta ofendido pelas declarações desses senhores pode recorrer ao Estado para pedir a devida reparação. Até porque essas considerações foram feitas numa emissora de televisão, que é uma concessão pública e sujeita à cassação.
Sobre a elite branca
De resto, a Gaiola das Loucas do Esporte de Esquerda deveria, então, estar brava com o PT, não é? Quer dizer que alguns bilhões de dinheiro público foram torrados pelos “companheiros” para fazer um evento que só privilegia a “elite branca”?
De resto, a Gaiola das Loucas do Esporte de Esquerda deveria, então, estar brava com o PT, não é? Quer dizer que alguns bilhões de dinheiro público foram torrados pelos “companheiros” para fazer um evento que só privilegia a “elite branca”?
Por que
esses corajosos da ESPN, então, não desistem da cobertura e vão lá fazer
a transmissão do torneio da invasão “Copa do Povo”, que realiza uma
competição com militantes do MTST, ongueiros e outros deslumbrados? Na
hora de ganhar o rico dinheirinho, Trajano e seus vermelhos amestrados
não se importam com a “elite branca de São Paulo”, né?, que deve
garantir boa parte da audiência da ESPN.
E os outros é que incentivam o ódio?
Agora
eu sei quem é Trajano. Não adiante botar a cachorrada de segundo time
pra latir pra cima de mim, não. O meu negócio é com o pit bull. De
rottweiller para pit bull.
Convite para entrevista
Na segunda, vou procurar a direção da ESPN para uma entrevista. Preciso saber quem está no comando. Quero saber se a emissora concorda com a afirmação de que as vaias e os xingamentos a Dilma são coisa próprias da elite branca de São Paulo. E também vou perguntar se a ESPN abre mão dos assinantes brancos de São Paulo. E também indagarei se a emissora se envergonha do seus espectadores brancos de São Paulo. Aliás, as perguntas estão aí. Não desistirei delas com facilidade.
Na segunda, vou procurar a direção da ESPN para uma entrevista. Preciso saber quem está no comando. Quero saber se a emissora concorda com a afirmação de que as vaias e os xingamentos a Dilma são coisa próprias da elite branca de São Paulo. E também vou perguntar se a ESPN abre mão dos assinantes brancos de São Paulo. E também indagarei se a emissora se envergonha do seus espectadores brancos de São Paulo. Aliás, as perguntas estão aí. Não desistirei delas com facilidade.
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