Dom Meirand Francisco Merkel é alemão. É o Bispo de Humaitá. É papo
reto. É na jugular do Governo Dilma e do PT. Acompanhou com desespero o
conflito entre índios e brancos, que resultou no desparecimento de três
inocentes cujos corpos até agora não foram encontrados. A análise de Dom
Francisco põe o dedo na ferida e aponta a responsabilidade dos Paulo
Maldos da vida, da Funai e das ONGs interacionais no fomento à tragédia.
Leiam, abaixo, o artigo de Dom Francisco, publicado na página da CNBB.
Pode ser que agora os bispos do Brasil enquadrem o famigerado Conselho
Indigenista Missionário, um dos maiores responsáveis pelos conflitos
entre índios e brancos no país.
Irmãos e Irmãs de caminhada:
Paz e Bem!
Escrevo este artigo nas vésperas
do Ano Novo - chocado ainda pelos acontecimentos que lançaram sombras sobre as
festas natalinas nesta Diocese. Todo mundo sabe do sumiço de três cidadãos na
BR 230 depois do dia 15 de 12. Mas ninguém sabe precisamente o que aconteceu.
Sabemos da dor dos familiares que ficaram sem notícias sobre o paradeiro de
seus parentes e se ainda estavam com vida ou se já morreram.
Da parte da Polícia Federal e da
FUNAI não houve empenho convincente na elucidação dos fatos. Não é a primeira
vez que fatos tristes ficam sem a devida atenção por parte das autoridades
constituídas para cuidar da segurança pública.
A lentidão ou o desinteresse da
Polícia Federal, da Fundação Nacional do Índio, da Promotoria Pública
frustraram familiares, parentes e amigos. Esgotou-se a paciência de uma boa
parcela da população e gerou-se o plano de uma manifestação pacífica. Bloqueou-se
a travessia sobre o Rio Madeira. Ora, o acesso à Transamazônica é vital para
quem quer viajar às cidades de Apuí e Santo Antônio do Matupí, às aldeias
indígenas ou chegar à sua casa à beira da Estrada BR 230 – todos ficariam
penalizados com este bloqueio.
A intenção foi clara: Chamar a
atenção dos governantes em nível Estadual e Federal: Os cidadãos desta parte do
Amazonas merecem a mesma atenção e o mesmo amparo que os outros cidadãos neste
vasto país. Desde a demarcação das terras, o pedágio imposto sem negociação
(outubro 2006) até o desaparecimento de várias pessoas se criou a sensação de
impotência e de ausência do Estado. Também os povos indígenas reclamam de uma
política antiindigenista! - Até onde o Estado cumpre seu papel? E quem pode
pedir satisfação dele no momento do descumprimento¿
Dá para perceber que a revolta
não foi – simplesmente – de Brancos contra Índios. Explodiu a frustração também
contra um aparato anônimo que se chama Estado. Quantas vezes a população se
depara com funcionários que mal atendem, não informam corretamente, não zelam
pelo encaminhamento de documentação, não prestam conta dos recursos públicos,
enfim parece que ninguém é responsável por nada. A computatorização aumenta
esta sensação de impotência. Parece que o cidadão só é bom para pagar
impostos...
Ora, o potencial que se
descarregou nestes dias causando destruição do patrimônio público, poderia ser
empregado para a reorganização de nossa sociedade local. De certa forma vivemos
em clima de paz, somos cristãos, não passamos por uma situação de miséria
material, temos estruturas e instituições que, embora não perfeitas, prestam alguma
ajuda para um convívio decente.
O que falta? Quero apontar alguns
itens que me parecem importantes: Precisamos de lideranças que continuamente
aperfeiçoam seu papel, que têm agudo grau de consciência ética, que juntam
coragem com persistência. Devem ser pessoas que sabem escutar, refletir,
partilhar com outras pessoas de bem, elaborar uma estratégia para conseguir os
objetivos e que sempre prestam a informação necessária (transparência) para
contar com o povo como aliado. E também da parte do povo precisamos das
atitudes de escuta e reflexão, debate e participação - da fiscalização das
obras e da prestação de contas.
Recordo com saudade da matéria de
Organização e Política (OSPB), Moral e Cívica nas escolas. Ou da instituição de
Ouvidorias. É urgente repensar a maneira de fazer política e elaborar leis. – O
ano eleitoral está aí. Vamos testar o grau de consciência e ética dos nossos
representantes antes de dar nosso voto. Somente um belo programa de partido não
basta!
DO CELEAKS
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