quarta-feira, 15 de abril de 2015

Com Vaccari, PT atinge fase do sonambulismo


O PT teve três oportunidades para afastar João Vaccari Neto de sua tesouraria. A primeira foi quando o nome do coletor de verbas começou a saltar dos lábios dos delatores da Operação Lava Jato. Quando a Procuradoria da República denunciou Vaccari, o partido perdeu sua segunda oportunidade. No instante em que o juiz Sérgio Moro converteu o denunciado em réu, ficou entendido que o PT já não perde oportunidade de perder oportunidades.
A inação do partido converteu-o numa oportunidade que o doutor Moro aproveitou. No despacho em que ordenou o encarceramento do tesoureiro, o juiz da Lava Jato anotou que “a manutenção dele em liberdade ainda oferece um risco especial pois as informações disponíveis na data desta decisão são no sentido de que João Vaccari Neto, mesmo após o oferecimento contra ele de ação penal pelo Ministério Público Federal […], remanesce no cargo de tesoureiro do Partido dos Trabalhadores.”
“Em tal posição de poder e de influência política”, acrescentou o magistrado, Vaccari “poderá persistir na prática de crimes ou mesmo perturbar as investigações e a instrução da ação penal.''
Vaccari é o segundo tesoureiro petista a conhecer o xilindró por dentro. O primeiro, Delúbio Soares, teve de protagonizar uma expulsão cenográfica da legenda antes mesmo de ser formalmente acusado pelo Ministério Público Federal. O que há de diferente em relação a Vaccari é que, hoje, o PT não é apenas cúmplice e beneficiário da ação delituosa de um tesoureiro. O partido é também mais cínico.
Antes, o PT falava de ética e moral para recriminar os outros. Hoje, quando um petista abre a boca é para dizer que o PT não faz nada que outras legendas também não façam. Sintomaticamente, ao depor na CPI da Petrobras, na semana passada, Vaccari utilizou sua exposição inicial para realçar que as verbas das empreiteiras da Lava Jato foram borrifadas também nas arcas do PSDB e do PMDB.
O PT tropeça quase que diariamente nas suas próprias perversões. Se ainda tivesse alguma noção do que é ética, a legenda teria de mudar integralmente o seu estilo de vida. Mas está de tal modo rendido aos maus costumes que já não age, apenas reage. O partido evoluiu da cumplicidade para o sonambulismo. Vive naquele estado fisiológico em que o sujeito caminha durante o sono e repete movimentos adquiridos pelo hábito. Com Vaccari, a legenda corre o risco de se atirar pela janela de olhos fechados. DO JOSIADESOUZA-UOL

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