Josias de Souza
A crise moral fez de Michel Temer uma interrogação com faixa presidencial. Num instante em que não sabe nem se conseguirá terminar o mandato, o inquilino do Planalto hesita em tormar decisões tão comezinhas quanto realizar ou não uma viagem.
Até a semana passada, estava entendido que Temer representaria o Brasil na reunião do G-20, que acontecerá na Alemanha na sexta-feira e no sábado. O Planalto já investira dinheiro público na preparação da viagem, que exige o envio prévio de equipes administrativas e de segurança.
Na semana passada, entretanto, Temer mandou dizer à imprensa que desistira de embarcar. Ficaria no Brasil para articular na Câmara derrubada da denúncia em que a Procuradoria-Geral da República o acusa de corrupção passiva.
Nesta segunda-feira, a assessoria do Planalto informou que Temer desistiu da desistência. Resolveu voar para a Alemanha. Talvez se abstenha de jantar com a anfitriã Angela Merkel, como estava previsto. Mas faz questão de ir ao encontro do G-20.
A exemplo de Temer, o brasileiro também fica em dúvida quanto à conveniência da viagem presidencial. A última aventura internacional do presidente, na Rússia a na Noruega, resultou num festival de vexames.
A essa altura, o ‘nada’ talvez representasse melhor o Brasil na reunião do G-20 do que um presidente processado por corrupção. A sorte é que ainda faltam três dias para o embarque. Até lá, Temer pode ter a presença de espírito de reconhecer que o melhor talvez seja assegurar sua ausência de corpo.
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