Leio uma reportagem muito impressionante na Folha,
de autoria de Valdo Cruz. Ela informa que “Dilma promete a aliados que
corrigirá erros se for reeleita”. Ah, bom! Entendi! Então o país deveria
franquear um segundo mandato a Dilma para lhe dar a chance de consertar
as besteiras feitas no primeiro por… Dilma! É um modo de ver as coisas.
O texto
informa ainda que os assessores listam aqui e ali os, digamos, errinhos
que foram cometidos. Um deles, coisa pouca, é o de setor elétrico, com a
redução das tarifas — e suponho que entre no rol de bobagens a
antecipação das concessões. Não é nada, não é nada, a nossa governanta
praticamente quebrou um setor. E teve de injetar alguns bilhões de
recursos púbicos para tentar minimizar o estrago. Mas oram vejam: ela
parecia tão segura, não é mesmo? Procurem neste blog os posts que trazem
a expressão populismo elétrico.
E eu, obviamente, não sou da área! Nove entre dez especialistas
alertavam para a bobagem. Mas sabem como é… A ignorância é sempre mais
convicta do que a sabedoria porque não tem medo de errar. E Dilma já
demonstrou que não tem nenhum.
Ah, claro!
O PT agora diz que foi, sim, um erro represar as tarifas. Se Dilma for
reeleita, não acontece mais. Ok. Não estivessem, no entanto, represadas,
e tudo o mais constante, em que patamar estaria a inflação? Afinal, o
governo não avançou contra o caixa da Petrobras, por exemplo, porque
repudie aumentos de combustíveis, mas porque estava dando um jeito de
conter o índice inflacionário.
E a coisa
vai por aí. Há também quem reclame das desonerações, que teriam agredido
a saúde fiscal do governo, sem que os incentivos tenham resultado em
crescimento da economia. Em suma, Dilma promete não repetir mais as
barbeiragens que fizeram o Brasil conjugar uma inflação que flerta com
os 7%, um crescimento abaixo de 1% e juros nos cornos da Lua: 11%.
Acho que
estou começando a entender. A Presidência da República, para Dilma, nos
primeiros quatro anos, foi uma espécie de “Escolinha do Professor
Raimundo”. Ela estava lá para aprender a governar. Um errinho bilionário
aqui, outro ali… Mas, doravante, ela jura fazer tudo certo. Sempre há o
risco de que alguém acredite nisso, não é mesmo?
Os
petistas e a própria presidente já deixaram claro que têm também outra
agenda caso conquistem mais quatro anos: a reforma política, que o
partido quer que seja feita por meio de uma Constituinte Exclusiva,
combinada com decisões plebiscitárias. Uma das teses mais caras ao
partido é o financiamento público de campanha — o que está para ser
concedido, na prática, pelo Supremo, por via cartorial.
Se e
quando isso acontecer, grandes partidos, como o PT, terão a grana de que
precisam para se financiar fornecida pelo próprio Estado. A legenda nem
mesmo precisará fazer suas juras de amor à economia de mercado para
conseguir alguns milhõezinhos para a campanha eleitoral. Estará mais
livre. E, nesse caso, negociar o quê, com quem e pra quê? O
financiamento público permitirá aos partidos atuar como instâncias
autocráticas.
Um dos
setores que estão na mira da presidente e dos petistas é o empresariado.
Ela pretende reconquistá-lo. Bem, quem quiser que caia na conversa, não
é mesmo? Estou enganado ou a ação estrepitosa mais recente da nossa
soberana foi enviar um decreto que entrega parte da administração
pública federal a “conselhos populares”?
Sim, sim…
Alguns dirão que o que vai a seguir é um reducionismo, mas tomem como
medida as ações dos movimentos de sem-teto ou de sem-terra, por exemplo.
Ou bem se governa com a lei, ou bem se governa com os tais “movimentos
sociais”. Avaliem vocês com que lado está a chance de um futuro virtuoso
para o Brasil, muito especialmente para os pobres. Num caso, tem-se uma
sociedade paralisada por minorias radicalizadas e corporações de
ofício; do outro, a previsibilidade das regras, democraticamente
pactuadas.
Atenção!
As disposições subjetivas de Dilma, à boca da urna, não têm a menor
importância. A questão é o que ela representa e o que quer o seu
partido.
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