Por mais que tenha imposto um novo padrão de investigação, a Mãos Limpas
foi derrotada pela máquina de propaganda do governo italiano. No
Brasil, a internet segue protegendo a Lava Jato.
Antonio Di Pietro está para a Itália como Sérgio Moro está para o
Brasil. O primeiro coordenou a operação Mãos Limpas, que serviu de
inspiração para a Lava Jato. Há tempos, circula na web um artigo
assinado pelo juiz brasileiro delineando essa relação.
Trata-se de uma leitura simples e rápida, indicada a qualquer
interessado em entender o diferencial dessas para outras operações.
Contudo,
o material escrito por Moro peca ao tratar a Mãos Limpas como um
sucesso de poucas ressalvas. Em recente entrevista ao Estadão, Di Pietro
surgiu como um servidor público ainda perseguido pelas forças políticas
que levaram Berlusconi ao poder, jogando um balde de água fria em toda a
investigação. O magistrado alerta para um momento que parece se
reprisar na Lava Jato, quando os principais investigados usam os
artifícios que restam para alterar leis e jogar o discurso contra os
procuradores.
A preocupação é válida e o alerta deve ser
absorvido por todos os envolvidos, desde os agentes federais aos
próprios entusiastas da operação. Mas a Lava Jato possui algo que a Mãos
Limpas não possuía nos anos noventa: a internet.
No Brasil, forças políticas, em especial as de esquerda, aparelharam
basicamente qualquer setor que concentre formadores de opinião:
imprensa, professores, movimento estudantil, sindicatos e a classe
artística como um todo. Mas não conseguiram controlar a internet como
gostariam. Sim, há ainda um exército de blogs e bots acionáveis nos
momentos-chave. Mas todos esses cobram um preço por sua existência e nem
sempre há grana em caixa para ativá-los.
Resultado? É na
internet que as mentiras dessa militância, ou mesmo do governo, são
desmascaradas. É na internet que as maiores manifestações são
convocadas. É na internet que se protege a imagem de Deltan Dallagnol e
sua trupe da máquina de propaganda estatal.
Não é uma guerra
fácil e ela está longe de ser vencida. Mas, por mais que a milésima
repetição de uma mentira a transforme em verdade, basta apresentar
a realidade para que todo aquele trabalho sujo suma pelo ralo.
Se os corruptos brasileiros quiserem de fato melar a Lava Jato,
precisarão ser bem mais hábeis que os corruptos italianos. Mas, até
aqui, quem tem 90% de aprovação popular é Sérgio Moro. DO POLITICAS.INFO
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