terça-feira, 7 de junho de 2011

Porque o ministro Paulo Bernardo fez nós todos de palhaços

Amigos, você, eu, todo mundo que viu o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, falar que o caso Palocci “estava superado” dentro do governo foi feito de palhaço.
Vejam só como foi a coisa. A notícia cujo título e cuja primeira parte vou transcrever agora (como já fiz em post anterior) foi ao ar pela Agência Brasil às 14h04 de hoje, terça, dia 7:
“Caso Palocci está superado no governo com arquivamento da representações contra o ministro, diz Paulo Bernardo”
Sabrina Craide
Repórter da Agência Brasil
Brasília – O ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, disse hoje (7) que, depois da decisão da Procuradoria-Geral da República, de arquivar as representações contra o ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, o assunto está superado no governo.
“O que ele [Palocci] estava dizendo desde o começo foi dito agora pelo PGR [procurador-geral da República], que não viu nenhum ilícito, não viu irregularidade. Ele [Palocci] apresentou documentos, inclusive com comprovantes de pagamento de impostos. Eu acho que isso é um assunto superado”, afirmou.
(…..)
Agora, amigos, confiram a notícia que foi ao ar às 18h52, como manchete da mesma Agência Brasil (o negrito na última frase do texto que selecionei é de minha autoria):
Senadora Gleisi Hoffmann é a nova chefe da Casa Civil
07/06/2011 – 18h52
Luciana Lima e Daniela Jinkings
Repórteres da Agência Brasil
Brasília – A presidenta Dilma Rousseff convidou a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) para ocupar a Casa Civil, no lugar de Antonio Palocci. A informação foi confirmada agora há pouco pela assessoria de imprensa do Palácio do Planalto.
A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) é filiada ao partido desde 1989 e, em 2002, compôs a equipe de transição do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ela é mulher do ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, e assumiu a presidência do PT no Paraná em 2008.
(…)

Perceberam o xis da questão, amigos?
Um ministro importante do governo Dilma vem a público dizer que o caso Palocci era “assunto superado”.
Mas 4 horas e 48 minutos depois, a agência oficial publica a notícia de que Gleisi Hoffmann, que por uma dessas incríveis coincidências da vida é mulher do ministro, fora escolhida como substituta de Palocci, cujo pedido de demissão fora noticiado pela mesma Agência Brasil minutos antes.
A menos que eu seja um quadrúpede de 28 patas, como diria Nelson Rodrigues, “assunto superado”, ainda mais no contexto em que Bernardo situou a expressão, significa que Palocci continuaria no posto, que a página das acusações estava virada.
A menos que seu seja um quadrúpede não de 28, mas de 56 patas, Bernardo tinha que saber ou na pior de todas as hipóteses suspeitar que sua mulher seria designada para o lugar de Palocci.
Nada o obrigava a proferir a frase do “caso encerrado”. Nada o obrigava a sugerir que Palocci permaneceria. Bernardo disse porque quis.

A menos que venha a público revelar distanciamentos conjugais que esperamos não existirem, Bernardo seguiu uma tradição do lulalato e passou 4 horas e 48 minutos nos fazendo a todos de palhaços.
RICARDO SETTI
REV. VEJA

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