segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Ou bem acusador de Orlando Silva também fala no Congresso, ou oposição deve se negar a ouvir apenas ministro. Parlamento não é circo do oficialismo

A oposição quer o ministro do Esporte, Orlando Silva, prestando esclarecimentos em comissões da Câmara e do Senado. Certo! Ele tem de ser convocado mesmo. Mas é preciso tomar cuidado. Ou se convida também o policial João Dias Ferreira, ou a ida do ministro ao Congresso se transforma em pantomima oficialista, quiçá em palanque.
“Ah, mas como chamar alguém que já foi preso para depor no Congresso?” Se o próprio ministro recebeu o homem em gabinete e se a instituição que ele dirigia foi considerada pela pasta apta a gerenciar alguns milhões do programa Segundo Tempo, é certo que ele tem algo a dizer, não?
Aliás, está na hora de a oposição endurecer nessas coisas: ou bem os governistas aprovam também requerimentos para ouvir o policial, ou as sessões em que Orlando Silva vai falar têm de ser esvaziadas; caso só o ministro seja chamado, os oposicionistas devem cair fora, deixar que os governistas fiquem lá se defendendo e se lambendo uns aos outros. Afinal, será mesmo uma farsa.
Se for o caso, os oposicionistas chamam João Dias para falar em outro lugar, nem que seja fora do Congresso — ou, então, em algum gabinete —, com a imprensa presente. O governismo transformou a ida de autoridades ao Congresso em mero ritual do oficialismo. Parlamentares da base abrem mão da prerrogativa de que dispõe o Legislativo para pedir esclarecimentos ao Executivo e atuam só como tropa de choque.
Em suma: ou bem João Dias também é convocado, ou a oposição se nega a ouvir apenas o ministro, aproveitando para denunciar a farsa oficialista. O Congresso não é um circo do governismo.
Por Reinaldo Azevedo
REV VEJA

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