segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Ministro do Esporte diz que recebeu policial a pedido de Agnelo

Eduardo Bresciani, do Estadão.com.br
O ministro do Esporte, Orlando Silva, afirmou nesta segunda-feira, 17, que recebeu apenas uma vez o policial militar João Dias Ferreira que o acusa de receber propina em contratos firmados na pasta. Segundo ele, o encontro aconteceu quando era secretário-executivo da pasta a pedido do então ministro, Agnelo Queiroz, atual governador do Distrito Federal.
“A única vez que encontrei este caluniador foi no Ministério do Esporte. Eu era secretário-executivo do Agnelo, que me recomendou que recebesse e firmasse o convênio”, disse Orlando Silva.

Segundo ele, a conversa com o policial militar aconteceu entre o final de 2004 e início de 2005. Os convênios com a associação de João Dias e a federação brasiliense de kung fu, presidida por ele, foram firmados em 2005 e 2006. Orlando Silva afirmou que o convênio foi celebrado devido a “experiência da entidade” em um trabalho social na cidade de Sobradinho.
Orlando disse acreditar que o pedido feito por Agnelo em favor das entidades de João Dias foi de “boa fé”. “O governador do Distrito Federal é pessoa correta. É uma pessoa bem intencionada, defende o interesse público. É uma pessoa que agiu de boa fé. Acreditou nas intenções, nas atitudes manifestadas por algumas pessoas. Quero acreditar nisso.”
O ministro reiterou suas declarações de inocência em relação à acusação de recebimento de propina. “Eu repudio veemente as falsidades publicadas na reportagem”. Ele voltou a chamar João Dias de “bandido”, disse que sua honra foi ferida e que deseja “reestabelecer a verdade”.
Destacou ainda as medidas tomadas de pedir investigação junto à Polícia Federal e o Ministério Público. Informou ter pedido para apresentar pessoalmente suas explicações à Comissão de Ética pública da Presidência da República.
Orlando destacou que o ministério busca no Tribunal de Contas da União (TCU) retomar recursos que teriam sido desviados pelas entidades de João Dias. Atribuiu a acusação a uma possibilidade de condenação do policial militar em uma ação penal em tramitação.
O ministro destacou ainda uma decisão do ministério de não mais firmar convênios com entidades não-governamentais no âmbito do programa Segundo Tempo. Questionado de porque não havia uma portaria oficializando a decisão, afirmou que isso poderá ser feita.
Denúncia. O ‘Estado‘ revelou, em uma série de reportagens publicadas em fevereiro deste ano, que o principal programa do ministério, o Segundo Tempo, se transformou em um instrumento financeiro do PCdoB, partido de Orlando Silva. Sem licitação, o ministro entregou o programa a entidades ligadas ao partido, cujos contratos com essas ONGs somaram R$ 30 milhões só em 2010.
Em entrevista à revista Veja, o policial militar e ex-militante do PCdoB, confirma o favorecimento do partido nos contratos e afirma que o ministro recebeu pessoalmente remessas de dinheiro do esquema. A entrega, segundo a reportagem, foi feita dentro da garagem do Ministério do Esporte por Célio Soares Pereira, que servia de motorista e mensageiro do grupo. À revista, Pereira afirmou que esteve pelo menos quatro vezes entregando dinheiro na garagem do ministério, além da ocasião em que repassou diretamente ao ministro “maços de notas de R$ 50 e R$ 100″ em uma caixa de papelão.

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