Em certas circunstâncias, recorro a uma fala de Macunaíma como um bordão: “Ai, que preguiça!” Vamos com calma aí: o centro da reportagem da VEJA desta semana não está na evidência de falcatrua no Ministério do Esporte. O busílis é outro. O que a revista traz de fundamental é o testemunho de alguém que pertenceu ao esquema a afirmar que o chefe da quadrilha é o próprio ministro. Que o Ministério do Esporte fosse uma pasta vetada a menores, ah, isso era sabido.
Mesmo antes da reportagem de VEJA, é impressionante que Orlando Silva ainda estivesse no cargo. O Estadão, em grande parte por obra do excelente repórter Leandro Colon, já esmiuçou as falcatruas da pasta e do programa Segundo Tempo de maneira detalhada, meticulosa, inquestionável. Provou também que o ministério tinha virado caixa do PCdoB.
Reproduzo abaixo um texto de uma série a evidenciar escândalos em cascata, publicado no dia 19 de fevereiro.
Cercado por fraudes, Segundo Tempo turbina caixa e políticos do PC do B
Por Leandro Colon:
Principal programa do Ministério do Esporte, comandado por Orlando Silva, o Segundo Tempo, além de gerar dividendos eleitorais, transformou-se num instrumento financeiro do Partido Comunista do Brasil (PC do B), legenda à qual é filiado o ministro. A reportagem do Estado foi conhecer os núcleos do Segundo Tempo no Distrito Federal, em Goiás, Piauí, São Paulo e Santa Catarina. A amostra, na capital e região do entorno, no Nordeste mais pobre ou no Sul e no Sudeste com melhores indicadores socioeconômicos, flagrou o mesmo quadro: entidades de fachada recebendo o dinheiro do projeto, núcleos esportivos fantasmas, abandonados ou em condições precárias.
Principal programa do Ministério do Esporte, comandado por Orlando Silva, o Segundo Tempo, além de gerar dividendos eleitorais, transformou-se num instrumento financeiro do Partido Comunista do Brasil (PC do B), legenda à qual é filiado o ministro. A reportagem do Estado foi conhecer os núcleos do Segundo Tempo no Distrito Federal, em Goiás, Piauí, São Paulo e Santa Catarina. A amostra, na capital e região do entorno, no Nordeste mais pobre ou no Sul e no Sudeste com melhores indicadores socioeconômicos, flagrou o mesmo quadro: entidades de fachada recebendo o dinheiro do projeto, núcleos esportivos fantasmas, abandonados ou em condições precárias.
As crianças ficam expostas ao mato alto e a detritos nos terrenos onde deveriam existir quadras esportivas. Alguns espaços são precariamente improvisados, faltam uniformes e calçados, os salários estão atrasados e a merenda é desviada ou entregue com prazo de validade vencido. No site do ministério, o Segundo Tempo é descrito como um programa de “inclusão social” e “desenvolvimento integral do homem”. Tem como prioridade atuar em áreas “de risco e vulnerabilidade social”, criando núcleos esportivos para oferecer a crianças e jovens carentes a prática esportiva após o turno escolar e também nas férias.
Conferidas de perto, pode-se constatar que as diretrizes do projeto, que falam em “democratização da gestão” foram substituídas pelo aparelhamento partidário. A reportagem mostra, a partir deste domingo, 20, como o ministro Orlando Silva, sem licitação, entregou o programa ao PC do B. O Segundo Tempo está, majoritariamente, nas mãos de entidades dirigidas pelo partido e virou arma política e eleitoral. Só em 2010, ano eleitoral, os contratos com essas entidades somaram R$ 30 milhões.
REV VEJA
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