sábado, 16 de julho de 2011

REINALDO AZEVEDO RESPONDE AO JUAN ARIAS - POR QUE O BRASiLEIRO NÃO REAGE


Por que o brasileiro não se indigna e não vai à praça protestar contra a corrupção?

Ensaio uma resposta antes de alguns dias de folga.

O “povo” não está nas ruas, meu caro Juan, porque foi privatizado pelo PT.

Note que recorro àquele expediente detestável de pôr aspas na palavra “povo” para indicar que o sentido não é bem o usual, o corriqueiro, aquele de dicionário.

Até porque este escriba não acredita no “povo” como ente de valor abstrato, que se materializa na massa na rua.
 
Eu acredito em “povos” dentro de um povo, em correntes de opinião, em militância, em grupos organizados — e pouco importa se o que os mobiliza é o Facebook, o Twitter, o megafone ou o sino de uma igreja.

Não existe movimento popular espontâneo.


Essa é uma das tolices da esquerda de matriz anarquista, que o bolchevismo e o fascismo se encarregaram de desmoralizar a seu tempo.

O “povo na rua” será sempre o “povo na rua mobilizado por alguém”. Numa anotação à margem: é isso o que me faz ver com reserva crítica — o que não quer dizer necessariamente “desagrado” — a dita “Primavera Árabe”.

Alguém convoca os “povos”.


No Brasil, as esquerdas, os petistas em particular, desde a redemocratização, têm uma espécie de monopólio da praça.

Disse Castro Alves:

“A praça é do povo como o céu é do condor”.


Disse Caetano Veloso:

“A praça é do povo como o céu é do avião” (era um otimista; acreditava na modernização do Bananão).

Disse Lula: “A praça é do povo como o povo é do PT”.

Sim, responderei ao longo do texto por que os não-petistas não vão às ruas quase nunca. Um minutinho. Seguindo.


O “povo” não está nas ruas, meu caro Juan Arias, porque o PT compra, por exemplo, o MST com o dinheiro que repassa a suas entidades não exatamente para fazer reforma agrária, mas para manter ativo o próprio aparelho político — às vezes crítico ao governo, mas sempre unido numa disputa eleitoral.

Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Haddad, ministro da Educação e candidato in pectore do Apedeuta à Prefeitura de São Paulo, estarão neste 13 de julho no 52º Congresso da UNE.

Os míticos estudantes não estão nas ruas porque empenhados em seus protestos a favor. Você tem ciência, meu caro Juan, de algum outro país do mundo em que se fazem protestos a favor do governo?

Talvez na Espanha fascista que seus pais conheceram, felizmente vencida pela democracia. Certamente na Cuba comuno-fascistóide dos irmãos Castro e na tirania síria.

E no Brasil.

Por quê?


Porque a UNE é hoje uma repartição pública alimentada com milhões de reais pelo lulo-petismo.

Foi comprada pelo governo por quase R$ 50 milhões.

Nesse período, esses patriotas, meu caro Juan, se mobilizaram, por exemplo, contra o “Provão”, depois chamado de Enade, o exame que avalia a qualidade das universidades, mas não moveram um palha contra o esbulho que significa, NA FORMA COMO EXISTE, o ProUni, um programa que já transferiu bilhões às mantenedoras privadas de ensino, sem que exista a exigência da qualidade.

Não se esqueça de que a UNE, durante o mensalão, foi uma das entidades que protestaram contra o que a canalha chamou “golpe da mídia”.

Vale dizer: a entidade saiu em defesa de Delúbio Soares, de José Dirceu, de Marcos Valério e companhia.

Um de seus ex-presidentes e então um dos líderes das manifestações que resultaram na queda de Fernando Collor é hoje senador pelo PT do Rio e defensor estridente dos malfeitos do PT.

Apontá-los, segundo o agora conservador Lidbergh Farias, é coisa de conspiração da “elites”.

Os antigos caras-pintadas têm hoje é a cara suja; os antigos caras-pintadas se converteram em verdadeiros caras-de-pau.

Centrais sindicais

O que alguns chamam “povo”, Juan, chegaram, sim, a protestar em passado nem tão distante, no governo FHC.

Lá estava, por exemplo, a sempre vigilante CUT.

Foi à rua contra o Plano Real. E o Plano Real era uma coisa boa. Foi à rua contra a Lei de Responsabilidade Fiscal. E a Lei de Responsabilidade Fiscal era uma coisa boa. Foi à rua contra as privatizações. E as privatizações eram uma coisa boa.

Saiba, Juan, que o PT votou contra até o Fundef, que era um fundo que destinava mais recursos ao ensino fundamental.

E onde estão hoje a CUT e as demais centrais sindicais?


Penduradas no poder. Boa parte dos quadros dos governos Lula e Dilma vem do sindicalismo — inclusive o ministro que é âncora dupla da atual gestão: Paulo Bernardo (Comunicações), casado com Gleisi Hoffmann (Casa Civil).
O indecoroso Imposto Sindical, cobrado compulsoriamente dos trabalhadores, sejam sindicalizados ou não, alimenta as entidades sindicais e as centrais, que não são obrigadas a prestar contas dos milhões que recebem por ano.

Lula vetou o expediente legal que as obrigava a submeter esses gastos ao Tribunal de Contas da União.

Os valentes afirmaram, e o Apedeuta concordou, que isso feria a autonomia das entidades, que não se lembraram, no entanto, de ser autônomas na hora de receber dinheiro de um imposto.

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Há um pouco mais, Juan. Nas centrais, especialmente na CUT, os sindicatos dos empregados das estatais têm um peso fundamental, e eles são hoje os donos e gestores dos bilionários fundos de pensão manipulados pelo governo para encabrestar o capital privado ou se associar a ele — sempre depende do grau de rebeldia ou de “bonomia”do empresariado.


O MST, A UNE E OS SINDICATOS NÃO ESTÃO NAS RUAS CONTRA A CORRUPÇÃO, MEU CARO JUAN, PORQUE SÃO SÓCIOS MUITO BEM-REMUNERADOS DESSA CORRUPÇÃO.


E fornecem, se necessário, a mão-de-obra para o serviço sujo em favor do governo e do PT.

NÃO SE ESQUEÇA DE QUE A CÚPULA DOS ALOPRADOS PERTENCIA TODA ELA À CUT.

Não se esqueça de que Delúbio Soares, o próprio, veio da… CUT!


Isso explica tudo?

Ou: “Os Valores”

Ainda não!
Ao longo dos quase nove anos de poder petista, Juan, a sociedade brasileira ficou mais fraca, e o estado ficou mais forte; não foi ela que o tornou mais transparente; foi ele que a tornou mais opaca.

Em vez de se aperfeiçoarem os mecanismos de controle desse estado, foi esse estado que encabrestou entidades da sociedade civil, engajando-as em sua pauta.

Até a antes sempre vigilante Ordem dos Advogados do Brasil flerta freqüentemente com o mau direito — e o STF não menos — em nome do “progresso”.

O petismo fez das agências reguladoras meras repartições partidárias, destruindo-lhes o caráter.
Enfraqueceram-se enormemente os fundamentos de uma sociedade aberta, democrática, plural.

Em nome da diversidade, da igualdade e do pluralismo, busca-se liquidar o debate.

A Marcha para Jesus, citada por você, à diferença do que querem muitos, é uma das poucas expressões do país plural que existe de fato, mas que parece não existir, por exemplo, na imprensa.

À diferença do que pretendem muitos, os evangélicos são um fator de progresso do Brasil — se aceitarmos, então, que a diversidade é um valor a ser preservado.
Por que digo isso?

Olhe para a sua Espanha, Juan, tão saudavelmente dividida, vá lá, entre “progressistas” e “conservadores” — para usar duas palavras bastante genéricas —, entre aqueles mais à esquerda e aqueles mais à direita, entre os que falam em nome de uma herança socialista e mais intervencionista, e os que se pronunciam em favor do liberalismo e do individualismo.

Assim é, você há de convir, em todo o mundo democrático.
Veja que coisa, meu caro: você conhece alguma grande democracia do mundo que, à moda brasileira, só congregue partidos que falam uma linguagem de esquerda?

Pouco importa, Juan, se sabem direito o que dizem e são ou não sinceros em sua convicção.

O que é relevante é o fato de que, no fim das contas, todos convergem com uma mesma escolha: mais estado e menos indivíduo; mais controle e menos liberdade individual.

Como pode, meu caro Juan, o principal partido de oposição no Brasil pensar, no fim das contas, que o problema do PT é de gestão, não de valores?

Você consegue se lembrar, insisto, de alguma grande democracia do mundo em que a palavra “direita” virou sinônimo de palavrão?


Nem na Espanha que superou décadas de franquismo.
Imprensa

Se você não conhece democracia como a nossa, Juan, sabe que, com as exceções que confirmam a regra, também não há imprensa como a nossa no mundo democrático no que concerne aos valores ideológicos.

Vivemos sob uma quase ditadura de opinião.

Não que ela deixe de noticiar os desmandos — dois ministros do governo Dilma caíram, é bom deixar claro, porque o jornalismo fez o seu trabalho.


Mas lembre-se: nesta parte do texto, trato de valores.
Tome como exemplo o Código Florestal. Um dia você conte em seu jornal que o Brasil tem 851 milhões de hectares.

Apenas 27% são ocupados pela agricultura e pela pecuária; 0,2% estão com as cidades e com as obras de infra-estrutura.

A agricultura ocupa 59,8 milhões (7% do total); as terras indígenas, 107,6 milhões (12,6%).

Que país construiu a agropecuária mais competitiva do mundo e abrigou 200 milhões de pessoas em apenas 27,2% de seu território, incluindo aí todas as obras de infra-estrutura?

Tais números, no entanto — do IBGE, do Ibama, do Incra e da Funai — são omitidos dos leitores (e do mundo) em nome da causa!
A crítica na imprensa foi esmagada pelo engajamento; não se formam nem se alimentam valores de contestação ao statu quo — que hoje, ora veja!, é petista.

Por quê?

Porque a imprensa de viés realmente liberal é minoritária no Brasil.


Dá-se enorme visibilidade aos movimentos de esquerdistas, mas se ignoram as manifestações em favor do estado de direito e da legalidade.

Curiosamente, somos, sim, um dos países mais desiguais do mundo, que está se tornando especialista em formar líderes que lutam… contra a desigualdade.

Entendeu a ironia?


Quem vai à rua?

Ora, Juan, quem vai, então, à rua?

Os esquerdistas estão se fartando na lambança do governismo, e aqueles que não comungam de suas idéias e que lastimam a corrupção e os desmandos praticamente inexistem para a opinião pública.

Quando se manifestam, são tratados como párias.

Ou não é verdade que a imprensa trata com entusiasmo os milhões da parada gay, mas com evidente descaso a marcha dos evangélicos?

A simples movimentação de algumas lideranças de um bairro de classe média para discutir a localização de uma estação de metro é tratada por boa parte da imprensa como um movimento contra o… “povo”.

As esquerdas dos chamados movimentos sociais estão, sim, engajadas, mas em defender o governo e seus malfeitos.

Afirmam abertamente que tudo não passa de uma conspiração contra os movimentos populares. As esquerdas infiltradas na imprensa demonizam toda e qualquer reação de caráter legalista — ou que não comungue de seus valores ditos “progressistas” — como expressão não de um pensamento diferente, divergente, mas como manifestação de atraso.
Descrevi, meu caro Juan, o que vejo. Isso tem de ser necessariamente assim?

Acho que não!

A quem cabe, então, organizar a reação contra a passividade e a naturalização do escândalo, na qual se empenha hoje o PT?

Essa indagação merecerá resposta num outro texto, que este já vai longe.

Fica para depois do meu descanso.
Do seu colega brasileiro Reinaldo Azevedo.

A impressionante lista de escândalos do governo Dilma


A guerrilha da corrupção


Revista Veja

Diretor afastado do Dnit diz que petista negociava reajustes de preço e recebia "ajuda de custo" diretamente das empreiteiras
Governo


Rodrigo Rangel


Luiz Pagot ameaçou revelar no Congresso a participação do PT e de petistas no escândalo do Ministério dos Transportes, mas calou-se


(Ailton de Dreitas/Ag. O Globo)

Havia uma monumental expectativa em torno do depoimento, no Congresso, do ex-diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) Luiz Antonio Pagot.

Pilar da estrutura de corrupção montada pelo Partido da República (PR) no Ministério dos Transportes, Pagot foi afastado do cargo pela presidente Dilma Rousseff e, desde então, ameaça envolver o PT e os petistas nas denúncias de irregularidades.

Se era blefe, houve quem sentisse calafrios.
De renegado, Pagot passou a ser tratado com uma deferência incomum para alguém acusado de cobrar propina e superfaturar obras públicas.

Foi recebido pelo chefe de gabinete da Presidência, ouviu elogios de ministros, senadores e lideranças políticas do governo.

Sua "demissão sumária", anunciada pelo Palácio do Planalto, foi substituída temporariamente por "férias".

No Congresso, Pagot falou como "diretor", alegou desconhecer qualquer irregularidade e disse que as decisões no Dnit eram colegiadas, ou seja, precisavam ser aprovadas por todos os diretores.

Portanto, se houve algo errado, o que ele desconhece, a responsabilidade seria coletiva.


Sobre o PT e os petistas?


Nenhuma palavra direta, ao menos por enquanto.

Mas a ameaça continua - é real e gravíssima.


O alvo de Pagot e do Partido da República é o petista Hideraldo Caron, diretor de infraestrutura do Dnit.

Em conversas com correligionários antes de seu depoimento ao Congresso, Pagot revelou que Caron não só sabia como se empenhava pessoalmente para viabilizar alguns "estranhos reajustes" de preço de obras.

Citou especificamente a duplicação da BR-101, no trecho entre o balneário catarinense de Palhoça e a cidade gaúcha de Osório.

Foi Caron, segundo ele, quem sustentou no colegiado do Dnit a necessidade de assinar contratos aditivos com as empreiteiras encarregadas da obra, que teve seu preço "inflado" em nada menos que 73% do valor original do contrato.

O reajuste foi tão espantoso que chamou a atenção de Dilma Rousseff.

Na famosa reunião com a cúpula do Ministério dos Transportes, em 24 de junho, no Palácio do Planalto, a presidente pediu explicações sobre o custo da rodovia, ocasião em que afirmou que o ministério estava "descontrolado", seus dirigentes eram "inadministráveis" e que os valores das obras, entre elas as da BR-101, deveriam ser revistos.

A lei estabelece que os aditivos não podem ultrapassar 25% do valor original do contrato. Portanto, o reajuste teria sido ilegal.

E o responsável pela ilegalidade, segundo Pagot, foi Hideraldo Caron, que desconsiderou as advertências jurídicas apresentadas a ele na ocasião.


Os aditivos da BR-101 chegaram a ser censurados pela área do Tribunal de Contas da União, mas o processo acabou arquivado.

Nos recados que enviou para tentar convencer a presidente a mantê-lo no cargo, Pagot fez insinuações ainda mais graves contra o colega petista.

Segundo ele, todas as obras rodoviárias no sul do país são de responsabilidade de Hideraldo Caron.

O que isso quer dizer?




"Ele que defende no colegiado os reajustes, que negocia com as empreiteiras, que discute projetos, que define custos", explicou Pagot.

Caron receberia até uma "ajuda de custo" dessas mesmas empreiteiras - coisa pequena, para complementar o salário, que é muito baixo.

"O Pagot é um animal enjaulado e com sede", advertia o líder do PR no Senado, Magno Malta.

As ameaças mobilizaram o governo.

O ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria-Geral da Presidência, foi incumbido de demover Pagot de qualquer ideia extremista.

Também vítima de insinuações maldosas por parte dos republicanos, o ministro Paulo Bernardo, das Comunicações, passou a defender a permanência de Pagot até que as denúncias de superfaturamento e cobrança de propina fossem devidamente esclarecidas.

Apesar da determinação da presidente Dilma de afastar imediatamente toda a cúpula do ministério, Pagot era o único dos envolvidos no escândalo que continuava formalmente vinculado ao governo.

Por fim, o diretor do Dnit, de férias, recebeu a garantia de que não haveria investigações pontuais contra ele.

Satisfeito com as conquistas, Pagot, a fera enjaulada, apareceu no Congresso manso feito um gato.

O diretor afastado do Dnit negou as acusações de cobrança de propina e cuidou para que as ameaças de antes ficassem restritas a mensagens cifradas.

Num discurso repleto de eufemismos, em que superfaturamento de obras virou "mudança de escopo", ele fez questão de repetir que as decisões tomadas no Dnit eram sempre colegiadas.

Foi uma forma de deixar nas entrelinhas o que vinha ameaçando falar.

Indagado sobre o papel de Hideraldo Caron, Pagot foi lacônico: "Ele é o responsável por 90% das obras". Nada mais. "Nada disso procede. Duvido que o Pagot tenha feito essas insinuações", afirmou Caron.

Na semana passada, o novo ministro dos Transportes, Paulo Passos, afastou José Henrique Sadok, diretor executivo do Dnit, depois de uma reportagem mostrando que a esposa dele tinha contratos milionários no órgão.

O Palácio do Planalto informou que Pagot será mandado para casa assim que retornar das férias.

Será o sexto homem da cúpula dos Transportes a perder o cargo desde que VEJA revelou, há duas semanas, o esquema de recolhimento de propina montado pelo PR no ministério.

O petista Hideraldo Caron ainda vai ter de explicar muito para não ser o sétimo.

16.07.2011
DO BLOG RESISTENCIA DEMOCRATICA

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