Gustavo Fruet (PSDB-PR), um dos quadros mais qualificados dos tucanos, uma das promessas mais auspiciosas entre os jovens do partido, deixou o PSDB. Na verdade, foi expelido pelo PSDB do Paraná, pela atuação do governador Beto Richa. Curioso, porque ambos são filhos de importantes líderes políticos paranaenses que se projetaram nacionalmente. José Richa (1934-2003) foi deputado federal, senador, prefeito de Londrina e governador do Paraná. Fundador do MDB, participou também da fundação do PMDB e do PSDB. Um dos mais importantes líderes do movimento Diretas Já!, José Richa deixou um legado de ética, austeridade, democracia e lealdade na política. Maurício Fruet (1939-98), por sua vez, foi vereador, deputado estadual e federal, prefeito de Curitiba e secretário de estado de Ciência e Tecnologia. Sua morte prematura trouxe à cena política nacional o filho, Gustavo Fruet, então vereador em Curitiba. Eleito deputado federal em 98, Gustavo Fruet transformou-se rapidamente em referência de ética e retidão na Câmara dos Deputados.
Pois bem. A dupla Beto Richa-Gustavo Fruet tinha tudo para revolucionar os costumes políticos paranaenses, depois de oito anos de truculência, mandonismo e fisiologismo do governo Roberto Requião. Beto Richa vinha de um mandato e meio como prefeito de Curitiba. Mandato moderno, bem sucedido e muito bem avaliado pela população. Gustavo Fruet abriu mão de uma reeleição certa para a Câmara para se candidatar a uma derrota certa ao Senado, apenas para ajudar a campanha do amigo.
Já na campanha as coisas desandaram. Beto Richa conseguiu na justiça a proibição de divulgação de pesquisas de opinião, decepcionando parte do eleitorado que apostava nele – e parte expressiva da opinião pública nacional que observava com esperança a ascenção daquele jovem político. E ao assumir o governo, o que fez? Exatamente a mesma coisa que Requião: reuniu toda a área social numa Secretaria poderosa, que controla os recursos do PAC, e nomeou… a própria mulher! Reuniu toda a área econômica em outra Secretaria igualmente poderosa, controlando praticamente o restante do orçamento, e nomeou… o próprio irmão! E finalmente, quando Gustavo Fruet decide candidatar-se a prefeito de Curitiba, Beto Richa vira-lhe as costas e declara que vai apoiar o atual prefeito, do PSB, que busca a reeleição!
Em resumo, Beto Richa revelou-se um Requião 2.0. Mais magro, mais bonito, um pouquinho menos truculento. Mas o fisiologismo é o mesmo, o mandonismo é o mesmo.
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