O noticiário das últimas semanas converteu o Ministério dos Transportes numa via de mão dupla: os ladrões entram no orçamento e as verbas saem pelo ladrão.
Nas estradas brasileiras, a via é única e conduz ao caos. Dados colecionados pelo Dnit no ano de 2010 indicam:
De um total de 1,5 milhão de quilômetros de estradas, apenas 212 mil quilômetros (13%) estavam asfaltados. O resto (87%) não tinha pavimentação.
Especializado em infraestrutura, o instituto Ilos realizou pesquisa na qual foram ouvidos 15 mil profissionais do setor de logística.
Nada menos que 92% identificaram a má conservação das estradas como o principal problema de infraestutura no Brasil.
A precariedade insinua-se em diferentes pedaços do mapa. Há problemas do Rio a Pernambuco.
Moradores de uma cidade dos fundões de Minas testemunharam uma cena que evoluiu do avissareiro para o desalentador.
Em janeiro de 2010, estiveram no município mineiro de Jenipapo, no Vale do Jequitinhonha, Lula e Dilma Rousseff.
Ele, presidente da República. Ela, titular da Casa Civil, “mãe” do PAC e pré-candidata à sucessão do chefe.
Foram inaugurar uma hidrelétrica. Mas, ao discursar, Dilma soou assim: “Eu queria aproveitar e dar uma notícia para vocês…”
“…Nós ligamos para o Dnit e o presidente [Lula] decidiu que vamos agora prometer mais uma obra, que iremos cumprir o asfaltamento dos dois trechos da BR-367…”
“…Será novamente uma obra do PAC. O PAC é isso. Nós cumprimos o que prometemos”.
Lula ecoou a pupila: “A companheira Dilma assumiu o compromisso aqui da 367. Nós vamos chegar a Brasília e ver como essas coisas estão…”
“...Dinheiro nós temos. E, se a obra tem necessidade, o que nós temos é que fazer essa obra”.
Um ano e meio depois, a estrada, pavimentada com saliva eleitoral, só existe no gogó.
DO BLOG JOSIAS DE SOUZA
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