sábado, 9 de julho de 2011

Ministério dos Transportes – A estrada de R$ 16 milhões/km e a incrível história de Juquinha

Não deixe de ler a reportagem de Daniel Pereira e Paulo Cesar Pereira na VEJA desta semana, intitulada “Isso dá cadeia!”, que revela as ameaças que Luiz Antônio Pagot e o PR têm feito à própria presidente, insinuando que o dinheiro da roubalheira no Ministério dos Transportes irrigou a sua campanha eleitoral (ver post anterior).  Há muitas outras histórias cabeludas.  Cito trechos;
A estrada de mais de R$ 16 milhões por quilômetro
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No início de abril, Alfredo Nascimento recebeu em seu gabinete quatro parlamentares para tratar da situação dos funcionários da Rede Ferroviária Federal. Ao fim da agenda oficial, o deputado Júlio Delgado pediu explicações sobre a construção de um trecho de 9 quilômetros da BR-440, que corta Juiz de Fora (MG). Os dados eram estarrecedores. Naquele momento, apenas 2,16 quilômetros da estrada haviam sido concluídos, ao custo de 35 milhões de reais. Ou seja: mais de 16 milhões de reais por quilômetro - ou duas vezes e meia a média nacional. O próprio ministro se espantou: “Isso dá cadeia! Vou pedir uma sindicância agora”. Na frente dos parlamentares, Nascimento ligou para o diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), Luiz Antônio Pagot, um dos afastados na semana passada, e determinou uma investigação do caso. E o que o ministério fez? Nada. A obra foi paralisada por uma decisão do Tribunal de Contas da União, que detectou irregularidades, como a contratação de empreiteira que não participou da licitação e um gasto “injustificável” de 21 milhões de reais.
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A incrível história do Juquinha
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José Francisco das Neves, o Juquinha, [é] presidente da Valec, estatal responsável pelas ferrovias, também demitido. Eis um homem de sucesso. Filho de um carroceiro, ele prosperou no serviço público. Engenheiro de formação, hoje é um fazendeiro respeitado em Goiás. Só nos últimos três anos, Juquinha comprou pelo menos três propriedades no município de Mundo Novo, uma região de pecuária intensiva perto da divisa com Mato Grosso. As três fazendas são avaliadas em no mínimo 25 milhões de reais. Somam 4500 hectares - uma área equivalente a quase 250 estádios do Maracanã.
Em todos os casos, Juquinha pôs as terras em nome da mulher, Marivone, e dos três filhos. A aquisição mais recente, das fazendas Apoena I e II, se deu em março do ano passado. A maior das propriedades, a Fazenda Esperança, foi comprada em setembro de 2007. O valor declarado dos imóveis foi de 8 milhões de reais. Corretores consultados pela reportagem garantem que o engenheiro conseguiu uma pechincha: o preço de mercado da fazenda é de pelo menos 19 milhões de reais. Na escritura, 40% das terras ficaram em nome da mulher de Juquinha e o restante foi dividido entre os três filhos dele, como “antecipação de herança”. Na semana passada, o ex-presidente da Valec era tema das rodas de conversa do município de Nova Crixás. O bochicho na cidade era descobrir o misterioso comprador da melhor fazenda da região. Os boatos davam conta de que o investidor, que não formalizou o negócio para manter o anonimato, pagou 28 milhões de reais pelas terras - em dinheiro. E quem poderia ser o milionário? (…) Funcionário de uma propriedade vizinha, Edmilson dos Santos põe fim ao mistério: “O dono é o Juquinha. mas tem uns dois meses que ele não aparece por aqui”. Em tempo: a Ferrovia Norte-Sul. obra-prima dos desvios da Valec. já levou ao ralo da corrupção nada menos de meio bilhão de reais (…).
Por Reinaldo Azevedo
REV VEJA

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