sábado, 9 de julho de 2011

Pagot insinua que esquema de corrupção nos Transportes beneficiou campanha de Dilma, e Planalto decide negociar com o PR…

Quem acompanhou a crise no Ministério dos Transportes viu uma Dilma Rousseff inicialmente fulminante. Mal a VEJA tinha começado a chegar aos leitores, no sábado passado, a presidente botou a cúpula do Ministério dos Transportes fora de campo e o ministro Alfredo Nascimento na marca do pênalti. Na quarta feira, ele “pediu demissão”. Eis que o sempre solerte Gilberto Carvalho surgiu no cenário, numa estranha combinação com ninguém menos do que Luiz Antônio Pagot, o chefão do Dnit, um dos centros das malfeitorias na pasta. Restou da conversa do secretário-geral da Presidência com Pagot que o homem não estava demitido, não, mas apenas de férias. O ânimo moralizador deu uma clara arrefecida.
Emissários do Planalto se encarregaram de pôr panos quentes, deixando claro que o PR continuava dono da pasta e que, se quisesse, o próprio Alfredo Nascimento poderia dar pitaco na indicação do seu sucessor. O que estava acontecendo, afinal? Afirmei ontem aqui que Pagot tinha virado um canhão solto no convés.
Uma semana depois da reportagem que denunciou a situação de descalabro no Ministério dos Transportes, o que custou a cabeça de seus dirigentes, reportagem de Daniel Pereira e Paulo Cesar Pereira na VEJA explica o espírito de conciliação do governo com aqueles que deveriam ser banidos da vida pública e postos na cadeia. Leiam trecho:
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A presidente Dilma nunca foi fã de Alfredo Nascimento e sua turma. Da célebre reunião de 24 de junho, na qual ela falou que o Ministério dos Transportes precisava de babá. Nascimento nem sequer participou. Ele preferiu prestigiar a festa do boi de Parintins. Com as demissões, ela promete “fechar as torneiras” de desvio de verba pública no ministério e nomear quadros de confiança para chefiá-lo. “A presidente vai aproveitar essa janela de oportunidade para pôr a equipe dela nos Transportes”, diz um assessor presidencial.
Não será uma missão fácil de ser cumprida. “Afastado” do cargo no sábado, Luiz Antônio Pagot deu expediente no Dnit na segunda-feira. Depois, num gesto claro de quem desafia a autoridade da presidente, entrou em férias, assegurando que voltaria - ou que jamais seria demitido. Ato contínuo, parlamentares do PR avisaram que o partido - que conta com quarenta deputados e sete senadores - não aceitará perder o controle do ministério. Para convencer o Planalto, espalharam ameaças nos bastidores, Entre elas, a de implicar petistas no esquema de corrupção e até acusar a presidente de ser beneficiária indireta da coleta de propina. Numa reunião fechada, Pagot chegou a insinuar que o dinheiro coletado também custeou a candidatura de Dilma. A campanha presidencial estaria, portanto, umbilicalmente ligada ao encarecimento das obras, segundo essa versão. O Planalto, ao que parece, não está disposto a enfrentar os humores do PR. Já avisou que negociará com o partido a escolha do novo ministro.
Por Reinaldo Azevedo
REV VEJA

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