Julgamento havia sido suspenso no dia 13 de setembro após pedido de vista do desembargador federal Victo Luiz dos Santos Laus. Desembargadores votaram pelo aumento da pena do ex-ministro.
DO G1-RS
O ex-ministro José Dirceu teve a pena aumentada para 30 anos e 9 meses,
no julgamento da 8ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região
(TRF4), em Porto Alegre, nesta terça-feira (26). A defesa pedia
absolvição após a condenação pelo juiz Sérgio Moro, em primeira
instância, de 20 anos e 10 meses de prisão, que Dirceu cumpre fora da
cadeia com tornozeleira eletrônica, conforme decisão do Supremo Tribunal
Federal (STF). No julgamento de hoje os desembargadores aumentaram em
quase 10 anos.
Nos mesmo processo o ex-tesoureiro do Partido dos Trabalhadores João
Vaccari Neto foi absolvido por insuficiência de provas. Ele acusado por
corrupção passiva e tinha sido condenado, em primeira instância, a 9
anos de prisão.
O TRF4 é responsável pelos julgamentos em segunda instância dos
processos no âmbito da Operação Lava Jato. Na sessão retomada nesta
terça - após pedido de vista de um dos magistrado no dia 13 de setembro-,
o relator do processo, desembargador João Gebran Neto, manteve seu voto
no qual havia aumentado a pena de Dirceu para 41 anos e 4 meses de
prisão, por considerar o concurso material – quando os crimes deixam de
ser considerados um só, e as penas são somadas.
O desembargador Leandro Paulsen havia dado parecer pela elevação da
pena de Dirceu para 27 anos, 4 meses e cinco dias, conforme voto
proferido no dia 13, mas incluiu no voto que considerou também os
antecedentes do ex-ministro, o que não havia feito no julgamento
anterior.
Já Victor Luiz dos Santos Laus, que havia pedido vista no processo,
votou pelo aumento da pena para 30 anos, 9 meses e 10 dias. "Além das
informações prestadas por colaboradores, aqui sim há inúmeras provas de
corraboração", afirmou o desembargador durante o julgamento.
O julgamento havia sido inciado no dia 13 de setembro, mas um pedido de
vista do desembargador Victor Luiz dos Santos Laus adiou a decisão do
julgamento dos recursos do
ex-ministro José Dirceu e também de outros nove réus. Entre eles estão o
ex-diretor da Petrobras Renato Duque, o ex-vice-presidente da Engevix
Gerson de Mello Almada, e o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto.
"O que tem acontecido, infelizmente, com essas delações, é que as
pessoas fazem recall de delações. Omitem informações e voltam para fazer
correções nas delações. A defesa não tem a mesma paridade de arma da
acusação", reclamou o advogado de Dirceu, Roberto Podval, no dia 13 de
setembro. Segundo ele, a defesa não teve acesso a todos os documentos do
processo, a exemplo do MPF.
Podval ainda comentou a diferença das penas entre primeira e segunda
instância. "O relator [desembargador Gebran] tem entendido que cada fato
é um crime próprio e se somam as penas. Diferente do Moro, que entende
que todos os atos são um único crime", afirmou Podval, após o primeiro
dia de julgamento.
Ex-ministro-chefe da Casa Civil no governo Lula, José Dirceu foi
condenado duas vezes a mais de 31 anos de prisão em dois julgamentos
ligados às investigações da Polícia Federal. Ele chegou a cumprir 1 ano e
9 meses de prisão, com o mandado preventivo solicitado pelo juiz Sérgio
Moro, sob a alegação de que o ex-ministro poderia reincidir nos crimes,
justamente o que o Supremo negou.
A suprema corte considerou que o tempo passado na cadeia reduziu a
capacidade de Dirceu de voltar a cometer crimes, porque o grupo político
sobre o qual tinha influência (o PT) já estava fora do poder com o
impeachment de Dilma Rousseff.
Com o habeas corpus do Supremo, porém, ele foi liberado, sob a
recomendação de utilizar tornozeleira eletrônica e de não deixar o país.
Primeira condenação
No âmbito da Lava Jato, a prisão de Dirceu aconteceu em agosto de 2015,
durante a 17ª fase da operação, nomeada Pixuleco. Também foram presos
na ocasião o irmão dele Luiz Eduardo de Oliveira e Silva e mais seis
pessoas. A denúncia atribuía a Dirceu atos ilícitos praticados na
diretoria de Serviços da Petrobras, entre 2004 e 2011.
A condenação saiu em maio de 2016.
A Justiça Federal inicialmente sentenciou o ex-ministro a 23 anos e
três meses de prisão por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e
organização criminosa. Foi primeira condenação dele em uma ação da
Operação Lava Jato.
No mês seguinte, o juiz Sérgio Moro reduziu a pena de Dirceu em dois anos e cinco meses.
A defesa alegou que a decisão inicial não havia considerado que ele tem
mais do que 70 anos. Com isso, a pena de José Dirceu foi para 20 anos e
10 meses.
Segunda condenação
Em março de 2017, Dirceu foi condenado mais uma vez, junto
com outras quatro pessoas, na mesma ação penal. O ex-diretor de
Serviços da Petrobras Renato Duque e Luiz Eduardo de Oliveira e Silva,
que é irmão do ex-ministro, estão entre os condenados.
Desta vez, Dirceu foi condenado por corrupção passiva e lavagem de
dinheiro, com pena de 11 anos e três meses de reclusão em regime
fechado. Sobre esse caso, ainda não há previsão para julgamento no TRF4.
O recurso chegou ao Tribunal de Porto Alegre em 21 de junho.
Mensalão
Fora do âmbito da Lava Jato, José Dirceu teve mandato de deputado
federal cassado, pós ter o seu nome envolvido no processo do Mensalão.
Ex-ministro-chefe da Casa Civil, ele foi condenado e chegou a cumprir
pena por participar do esquema, mas ela foi perdoada.
Outros réus
Além de Dirceu, outros nove réus condenados pela Lava Jato tiveram
recursos analisados no mesmo julgamento. Entre eles, estão ex-diretor da
Petrobras Renato Duque, o ex-vice-presidente da Engevix Gerson de Mello
Almada, e o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto.
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