Decisão do juiz Sérgio Moro é de primeira instância, e precisa ser confirmada pelo colegiado de desembargadores da 8ª Turma do Tribunal Regional Federal em Porto Alegre, que é a segunda instância.
Por G1 RS
A sentença do juiz Sérgio Moro que condenou o ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva
a 9 anos e 6 meses de prisão pelos crimes de corrupção passiva e de
lavagem de dinheiro no caso do triplex, dentro das investigações da
Operação Lava Jato, foi distribuída no Tribunal Regional Federal da 4ª
Região, em Porto Alegre, nesta quarta-feira (23), no fim da manhã.
A decisão de Moro em Curitiba é de primeira instância, e precisa ser
confirmada pelo colegiado de desembargadores da 8ª Turma do TRF4, que é a
segunda instância. Os três desembargadores julgarão a apelação da
defesa do ex-presidente Lula e podem rejeitar, aceitar ou modificar a
condenação.
Um julgamento no TRF4 demora, em média, de 10 meses a um ano.
O Supremo Tribunal Federal (STF) já determinou que, a partir do
resultado do julgamento da segunda instância, o condenado passa a
cumprir a pena de prisão e se torna ficha-suja, ou seja, não poderá
disputar eleições. A sentença de Moro foi publicada no dia 12 de julho e
permitiu que o petista recorresse em liberdade.
A acusação é pela ocultação da propriedade de uma cobertura triplex em
Guarujá, no litoral paulista, recebida como propina da empreiteira OAS,
em troca de favores na Petrobras.
No TRF4, a ação contra o ex-presidente vai direto para a mesa do
desembargador João Pedro Gebran Neto, relator dos processos da Lava
Jato. É ele quem vai analisar os argumentos dos advogados e do
Ministério Público.
Depois de analisar as provas, ouvir os advogados e o Ministério
Público, o desembargador relator prepara um voto com as suas conclusões.
Ele pode modificar a decisão do juiz Sérgio Moro e, inclusive, absolver
o ex-presidente Lula.
O processo, então, vai para uma sessão de julgamento na 8ª Turma,
formada por Gebran Neto e outros dois desembargadores: Leandro Paulsen e
Victor Laus. Eles podem seguir ou não o voto do relator. A decisão
final é por maioria de votos.
Em entrevista após a sentença publicada por Moro, o pesidente do TRF4 disse que o julgamento de processo contra Lula deve ser julgado antes das eleições de 2018.
"Imagino que até agosto do ano que vem esse processo vai estar julgado.
Ou o tribunal confirma essa decisão e ele [Lula] fica inelegível ou
reforma a decisão e ele está liberado para concorrer", observou Carlos
Eduardo Thompson Flores Lenz.
A defesa de Lula já havia se manifestado sobre a condenação. "A
absolvição de Lula é o único resultado possível em um julgamento
imparcial e independente, pois o ex-presidente não praticou qualquer
crime e por isso o MPF não conseguiu apresentar prova de suas
acusações", alega, em nota.
Outros dois réus no mesmo processo também foram condenados, e quatro, absolvidos (veja a lista completa abaixo).
Réus no processo
Luiz Inácio Lula da Silva, ex-presidente:
condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro a 9 anos e 6
meses de prisão no caso do triplex. Absolvido dos mesmos crimes no caso
do armazenamento de bens.
Léo Pinheiro, ex-presidente da OAS: condenado
por corrupção ativa e lavagem de dinheiro a 10 anos de 8 meses de
prisão no caso do triplex. Absolvido dos mesmo crimes no caso do
armazenamento de bens.
Agenor Franklin Magalhães Medeiros, ex-executivo da OAS: condenado por corrupção ativa a 6 anos de prisão.
Paulo Gordilho, arquiteto e ex-executivo da OAS: absolvido da acusação de lavagem de dinheiro.
Paulo Okamotto, presidente do Instituto Lula: absolvido da acusação de lavagem de dinheiro.
Fábio Hori Yonamine, ex-presidente da OAS Investimentos: absolvido da acusação de lavagem de dinheiro.
Roberto Moreira Ferreira, ligado à OAS: absolvido da acusação de lavagem de dinheiro.
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