Josias de Souza
O PSDB ainda não escolheu um candidato à Presidência da República. Mas já dispõe de bons animadores de palanque: Azeredo e Aécio. Eles podem percorrer o Brasil em 2018 como uma dupla caipira, cantando modas de viola sobre a grande missão inconsciente do tucanato de desnudar a corrupção, como quem desvenda os crimes da política cometendo-os.
Na noite desta terça-feira, o Tribunal de Justiça de Minas Gerais manteve a condenação de Eduardo Azeredo no célebre caso do mensalão do PSDB mineiro. Pegou 20 anos de cana como beneficiário de uma valeriana de R$ 11,7 milhões. Não é um bom exemplo. Mas é um ótimo aviso para Aécio Neves, já denunciado no Supremo Tribunal Federal pelo recebimento de uma joesliana de R$ 2 milhões.
A exemplo de Aécio, Azeredo presidia o PSDB federal quando foi pilhado e pendurado nas manchetes de ponta-cabeça, em 2005. Ambos receberam a solidariedade e o acobertamento do partido. Tornaram-se dois tucanos muito úteis ao tucanato, pois ajudam o PSDB a enxergar a si mesmo, desconstruindo-se defronte do espelho. O partido distancia-se da Presidência. Mas aproxima-se da descoberta de sua real vocação.
Suicida didático, o PSDB ensina inconscientemente aos brasileiros que, em política, nada se cria, nada se copia, tudo se corrompe. Fundado por dissidentes que abandonaram o PMDB para não conviver com os maus hábitos de gente como Orestes Quércia, é natural que o tucanato retorne às origens sob Michel Temer.
É como se o partido da dupla caipira Azeredo e Aécio quisesse orientar a plateia com sua desorientação. O grosso do eleitorado continua sem saber em quem votar. Mas pelo menos já aprendeu com o PSDB que a corrupção não diferencia os partidos políticos. Ao contrário, vincula-os.
Muita cabeça, pouco miolo!
Josias de Souza
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