Ex-ministro estava preso desde o dia 3 acusado de tentar obstruir a Justiça. Segundo assessoria do TRF-1, recurso do peemedebista foi acolhido pelo desembargador Ney Bello.
Por Renan Ramalho, G1, Brasília
O desembargador Ney Bello, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região
(TRF-1), autorizou o ex-ministro Geddel Vieira Lima a deixar o Complexo
Penitenciário da Papuda, em Brasília, para cumprir prisão domiciliar,
informou a assessoria da Corte. O tribunal ainda não informou onde o
peemedebista irá cumprir a medida cautelar.
Um dos políticos mais próximos ao presidente Michel Temer, Geddel foi preso preventivamente pela Polícia Federal
(PF) no início do mês, em Salvador, por suspeita de obstrução da
Justiça. Dois dias após a detenção, o ex-ministro da Secretaria de
Governo (articulação política) foi transferido para o Distrito Federal.
Atualmente, ele está detido na ala para presidiários que têm curso
superior, a mesma em que o ex-deputado e ex-assessor especial do
Planalto Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) ficou preso.
Na última quinta (6), na sessão de custódia de Geddel na 10ª Vara da
Justiça Federal de Brasília, o juiz Vallisney de Souza Oliveira havia negado o pedido da defesa
para que o ex-ministro fosse autorizado a ficar em prisão domiciliar
com uso de tornozeleira. Na ocasião, o peemedebista chorou diante do
magistrado do Distrito Federal.
Geddel foi preso por suspeita de atrapalhar as investigações da Operação Cui Bono, que apura supostas fraudes na liberação de crédito da Caixa Econômica Federal.
A investigação se concentra no período em que Geddel ocupou o cargo de
vice-presidente da Caixa. À época, ele assumiu o cargo na cúpula do
banco público por indicação do PMDB, que era sócio do PT no governo
federal.
A apuração do envolvimento de Geddel com as irregularidades cometidas
na Caixa foi motivada por mensagens de texto registradas em um aparelho
de telefone celular apreendido na casa do então deputado Eduardo Cunha
(PMDB-RJ), que está preso em Curitiba pela Operação Lava Jato.
Mulher de Funaro
Ao pedir a prisão, o Ministério Público Federal argumentou que Geddel
pressionou a mulher de Lúcio Funaro, preso em Curitiba, para sondar
sobre a possibilidade de o doleiro fechar uma delação premiada com o
Ministério Público. Funaro iniciou negociações com o MP para colaborar
com a Justiça em troca de uma eventual redução da pena.
Na audiência da semana passada, o ex-ministro negou ter procurado a
mulher do doleiro. Geddel admitiu, entretanto, ter falado com ela mais
de dez vezes nos últimos 12 meses, mas, segundo ele, só sobre
amenidades.
Para o juiz responsável pela Operação Cui Bono, o fato de o
peemedebista ter procurado a mulher de Funaro é gravíssimo e se tornou o
principal motivo da prisão do ex-ministro de Temer.
Geddel Vieira Lima foi vice-presidente de Pessoa Jurídica da Caixa
entre 2011 e 2013, no governo Dilma Rousseff. De acordo com as
investigações, ele manteve a influência sobre a instituição financeira desde que Temer assumiu a Presidência em maio de 2016.
Demissão do governo
Ex-deputado e ex-ministro, Geddel Vieira Lima era um dos principais nomes do PMDB no governo Michel Temer até pedir demissão, em novembro do ano passado,
depois de supostamente ter pressionado o então ministro da Cultura,
Marcelo Calero, a liberar um empreendimento imobiliário em Salvador.
À época, o peemedebista negou que tivesse feito pressão sobre Calero.
Mesmo assim, ele não resistiu à repercussão negativa do caso e acabou
pedindo demissão.
Na semana passada, sem citar o nome de Geddel, Marcelo Calero disse no Twitter
após a prisão do ex-colega da Esplanada dos Ministérios, sonhar com o
dia em que, no Brasil, os "desonestos responderão por seus atos".
Nenhum comentário:
Postar um comentário