Por Pâmela Oliveira, na VEJA.com:
A crise que atinge a Cruz Vermelha no Brasil,
revelada por VEJA, ganhou tons ainda mais dramáticos no último mês.
Além da descoberta de novas fraudes – reportagem do jornal Folha de S.
Paulo traz novas denúncias de desvios, desta vez em Santa Catarina –, a
primeira funcionária a denunciar irregularidades na organização e suas filiais recebeu
ameaças de morte. Letícia Del Ciampo, que preside desde fevereiro a
Cruz Vermelha em Petrópolis, na região serrana do Rio, entregou ao
Ministério Público um dossiê em que revela um escandaloso esquema de
desvio de doações e dinheiro público. Fora do estado, Letícia afirmou
nesta segunda-feira ao site de VEJA que por três vezes encontrou
bilhetes ameaçadores no para-brisa de seu carro, depois de ter feito as
denúncias. Ela também recebeu várias ligações anônimas, com
intimidações.
“Os
bilhetes diziam para eu ficar quieta porque eles sabiam onde eu estava.
Deixaram no carro perto da minha casa e no centro do Rio. Ou seja, eles
estavam me seguindo e queriam que eu soubesse disso. No telefone, por
mais de uma vez, uma voz masculina perguntou se eu não temia pela minha
vida, e que eu deveria temer” contou Letícia. “Em uma das ligações, o
homem me ameaçava dizendo para eu ter cuidado, que eles conhecem muita
gente importante e que eu seria a única prejudicada com essas denúncias.
Chegou a dizer que sabia que meu marido estava viajando e que eu estava
sozinha”, lembrou ela.
Letícia
registrou as ameaças na delegacia de Polícia Civil da Barra da Tijuca
(16ª DP). A outra providência que tomou foi a de contratar um advogado
para pedir proteção policial. Os advogados Guilherme Nitzsche e Rafael
Costa estão preparando o pedido, que será levado ao Ministério Público
Federal.
A
funcionária da Cruz Vermelha afirma que não pretende desistir das
denúncias “até ver todos os responsáveis presos”. “Não vou pisar no Rio
sem proteção porque sei que estou correndo risco de vida nesse momento.
Quando voltar, eu quero estar protegida”, afirmou.
Foi a
partir da denúncia de Letícia que o Ministério Público tomou
conhecimento das irregularidades. O dinheiro arrecadado em campanhas no
Brasil, para tragédias como a chuva na região serrana fluminense, a fome
na Somália e o terremoto no Japão, não chegou a quem deveria. No ano
passado, a Cruz Vermelha Brasileira organizou três grandes campanhas
nacionais de arrecadação para esses episódios. VEJA apurou que os
valores levantados não foram aplicados em nenhum daqueles locais. Nos
três casos, as doações foram encaminhadas para contas bancárias da
entidade no Banco do Brasil em São Luís, no Maranhão, estado onde reside
o presidente nacional da Cruz Vermelha, Walmir Moreira Serra Júnior. A
irmã de Serra Júnior, Carmen Serra, é quem comanda a filial da Cruz
Vermelha maranhense. Os irmãos Serra passaram a manter as contas em
sigilo, e nem o alto escalão internacional da entidade tem informações
sobre o montante depositado ou sobre as movimentações.
Santa Catarina
Nesta segunda-feira, o jornal Folha de S. Paulo publicou reportagem sobre desvio de verbas envolvendo a filial da Cruz Vermelha no Rio Grande do Sul. A prefeitura de Balneário Camboriú, em Santa Caterina, cancelou o contrato que previa repasse de 82 milhões de reais para administração do hospital Ruth Cardoso. Do total repassado pela prefeitura à entidade, cerca de 100 mil reais foram parar nas mãos do Instituto Interamericano de Desenvolvimento Humano (Humanus), de São Luís do Maranhão. O Humanus já esteve registrado em nome da mãe do vice-presidente nacional da Cruz Vermelha, Anderson Marcelo Choucino. O dinheiro, diz o jornal, teria sido usado para quitar dívidas com agências de viagens e repassados á filial maranhense da Cruz Vermelha.
Nesta segunda-feira, o jornal Folha de S. Paulo publicou reportagem sobre desvio de verbas envolvendo a filial da Cruz Vermelha no Rio Grande do Sul. A prefeitura de Balneário Camboriú, em Santa Caterina, cancelou o contrato que previa repasse de 82 milhões de reais para administração do hospital Ruth Cardoso. Do total repassado pela prefeitura à entidade, cerca de 100 mil reais foram parar nas mãos do Instituto Interamericano de Desenvolvimento Humano (Humanus), de São Luís do Maranhão. O Humanus já esteve registrado em nome da mãe do vice-presidente nacional da Cruz Vermelha, Anderson Marcelo Choucino. O dinheiro, diz o jornal, teria sido usado para quitar dívidas com agências de viagens e repassados á filial maranhense da Cruz Vermelha.
REV VEJA
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