quarta-feira, 18 de julho de 2012

Um título ao gosto petralha: “Polícia do PT reprime servidores com gás pimenta”. Ou: Que decepção, companheiro Carvalho!

Explico o título e exponho os fatos. Servidores em greve e a Polícia Militar do Distrito Federal entraram em confronto na Esplanada dos Ministérios, entre os prédios da Educação e do Planejamento. Os policiais tentaram desalojar manifestantes instalados na marquise de um dos edifícios, e o pau comeu: voaram chinelos, latas e até um sinalizador. Aí a PM recorreu ao spray de pimenta… Não há radical que não recobre a razão com argumento tão convincente…
Pois é. Agora falo um pouco do meu título em estilo petralha. Alguém duvida de que, em boa parte da imprensa, seria mais ou menos essa a abordagem se algo semelhante ocorresse, como já ocorreu, em São Paulo? Só se trocaria o partido, claro: “Polícia do PSDB…” Por aqui, diga-se, já li coisa pior: “PM de Serra; PM de Alckmin…”, como se a força de segurança pertencesse ao governante, não ao estado.
Professores das universidades federais estão em greve há mais de 60 dias. As agências reguladoras também estão paradas. Há uma pressão em favor da paralisação de outras categorias. Estivesse instalado no Palácio do Planalto um presidente tucano, parlamentares petistas se colocariam à frente do movimento — a exemplo do que sempre fazem em São Paulo. Em 2008, uma minoria da Polícia Civil paulista em greve tentou criar um confronto armado. Os companheiros estavam lá…
Estou muito decepcionado com o ministro Gilberto Carvalho, secretário-geral da Presidência e homem encarregado da interlocução com os “movimentos sociais”. A cada vez que a força policial teve de agir em São Paulo, este grande articulador das massas reagiu negativamente. No caso do Pinheirinho, por exemplo, em que a PM atuou sob determinação expressa da Justiça, ele anunciou ao mundo que o PT tem outra maneira de tratar as questões sociais. Entendo: o gás de pimenta da “PM do petista Agnelo Queiroz” é, assim, uma espécie de éter da democracia…
Abaixo, há algumas fotos de Andre Borges, da Folhapress. Eu não mudei uma vírgula do que penso. Sou contra greve de servidores. Boa parte do que se viu hoje na Esplanada é vandalismo, não reivindicação. Eu me oponho a essa forma de ação política em São Paulo, em Brasília ou em qualquer lugar. Gente que depreda o patrimônio público tem é de ir em cana. Ademais, essas manifestações mais radicalizadas são comandadas por grupos ligados ao PSTU e ao PSOL, exemplos de “oposição” ao petismo que não me servem. Nem tudo o que não é PT é bom! Se um país sob o comando dos companheiros é isso que vemos, imaginem como seria sob a guarda dos vermelhos do miolo mole…
Assim, não aplaudo nem apoio tais atos. Mais ainda: a PM cumpriu a sua função ao reprimir ações que deixam de lado a reivindicação e partem para o crime. Mas esse sou eu, insisto. Não surpreendo ninguém ao escrever certas coisas. Eu gostaria é de ver um pouco mais de coerência do companheiro Carvalho, entenderam? Por que ele não abandonou o conforto do gabinete e não foi lá conversar com os “camaradas”, demonstrando o jeito diferente que o PT tem de fazer as coisas? E o mesmo se pode dizer sobre a companheira Dilma, como ficará claro no próximo post.
Polícia Militar barra avanço de manifestantes: Dilma foi o tema principal do protesto…
Manifestante fantasiado de Comandante Marcos: “Carvalho, cadê você? Eu vim aqui só pra te ver”
Fachada do Ministério da Educação pichada pelos manifestantes: em SP, PT apoia coisas assim…
Por Reinaldo Azevedo
REV VEJA

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