Curiosamente
ou nem tanto, o PT se mostrou o partido mais indeciso na indicação dos
nomes para compor a CPI do Cachoeira. O partido terá a relatoria da
comissão e deve definir só hoje o nome, depois de reunião com o
ex-presidente Lula. O Apedeuta estará em Brasília para o lançamento de
mais um filme sobre a era da mistificação petista (trato do assunto em
outro post) e vai bater o martelo sobre a estratégia do partido na
comissão. Ou por outra: Lula assume o lugar de Dilma. Dados os riscos
que o governo também corre, deveria ser ela a conduzir o processo.
Lula já
deixou claro o que quer. O papel dos petistas na CPI não é investigar
coisa nenhuma — até porque a investigação a fundo não interessa ao PT. A
obrigação que ele impôs ao partido é dar um jeito de incriminar a
oposição, livrar a cara dos companheiros e do governo e, muito
importante!, atacar a imprensa por seu suposto conluio com o esquema
Cachoeira, que teria levado à denúncia do mensalão. Ele sabe que se
trata de uma versão fraudulenta, mas está acostumado. Essa mentira é
irmã gêmea da outra, aquela segundo a qual nunca existiu mensalão. Ou
por outra: Lula quer é chicana. Assim subiu na vida e se tornou o homem
mais poderoso da República. Tarde demais para mudar. Vai conseguir? Não
sei!
Brasília
está tensa. O diz-que-diz-que é frenético. A indústria de vazamentos
continua em operação. Ora mira de um lado, ora mira de outro. Por
enquanto, o chamado jornalismo investigativo se concentra nos recortes
de diálogos que vão sendo vazados, mas começou a corrida por informações
que estejam fora dessa área de controle. Todos os reportes sabem que
Cachoeira é, por exemplo, um homem meticuloso e costuma documentar as
conversas que mantém com políticos e seus prepostos. Aquela fita em que
aparece acertando uma segunda doação de R$ 100 mil ao deputado petista
Rubens Otoni (PT-GO), então candidato à Prefeitura de Anápolis, é da
lavra, nota-se pela posição da câmera, dos “Estúdios Cachoeira de Artes
Visuais”. Sabem como é… Quem grava conversa com peixinho também grava
com peixão.
Outra
suposição, que muita gente dá como certa, é a de que é praticamente
impossível que um esquema tão azeitado e com tantas ramificações tenha
ficado fora da eleição presidencial. Cachoeira, bom jogador —
especialista nessa área —, não é do tipo que faz apostas para perder. No
seu ramo de negócios, é preciso ganhar sempre. Outra fonte gigantesca
de preocupação é a Delta, cuja idoneidade o governo conhecia desde 2010,
quando a Controladoria Geral da União e a PF descobriram uma série de
pilantragens no Ceará. Mesmo assim, depois daquilo tudo, o governo
fechou novos contratos de quase R$ 800 milhões com a empresa. Há quem
esteja convencido de que a Delta era usada para fazer acertos com
políticos nos Estados, sim, mas especialmente no governo federal. Seria,
nessa hipótese, um valerioduto ampliado e mais sofisticado.
Jornalistas
habituados à investigação também se esforçam para ter acesso aos
documentos da Operação Las Vegas. Dela pouco se sabe. Mas há quem
assegure que ali já estavam evidências cabeludas de muita falcatrua
agora descoberta pela Monte Carlo. Naquela investigação haveria
evidências incontestes do ecumenismo cachoeirístico no que respeita a
partidos, Poderes da República e políticos. Cachoeira, aliás, começa a
ser visto também como um representante de categoria, entenderam? Ele
seria, assim, um líder de classe da contravenção espalhada Brasil afora,
quase um porta-voz, um chefe de sindicato. Não está sozinho; é uma
legião. E isso significaria estar em permanente contato com as células
do jogo Brasil, com sua enorme capacidade de comprar consciências.
REV VEJA
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