Por Fábio Fabrini e Alfredo Junqueira, no Estadão:
O inquérito da Operação Monte Carlo revela que políticos do PT e do PMDB de Goiás recorreram ao contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, para bloquear apurações do Ministério Público do Estado. Gravações da Polícia Federal mostram a força do contraventor na máquina oficial de investigações, recebendo pleitos do prefeito de Goiânia, Paulo Garcia (PT), e do ex-governador Maguito Vilela (PMDB), atual administrador de Aparecida de Goiânia.
O inquérito da Operação Monte Carlo revela que políticos do PT e do PMDB de Goiás recorreram ao contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, para bloquear apurações do Ministério Público do Estado. Gravações da Polícia Federal mostram a força do contraventor na máquina oficial de investigações, recebendo pleitos do prefeito de Goiânia, Paulo Garcia (PT), e do ex-governador Maguito Vilela (PMDB), atual administrador de Aparecida de Goiânia.
Em uma das
conversas interceptadas pela PF, Cachoeira diz a um interlocutor não
identificado que foi procurado por um emissário de Maguito para que
pedisse ao senador Demóstenes Torres (sem partido) que usasse sua
influência no MP para frear inquéritos abertos na Promotoria de
Patrimônio Público de Aparecida. O parlamentar é irmão do
procurador-geral de Justiça de Goiás, Benedito Torres.
“O Maguito
me procurou, através daquele amigo meu, o senador, para ver se resolve
aquele problema lá de Aparecida. Quer dizer que ele está com medo, não
tem controle da situação. O cara tá pegando demais no pé dele, um tal de
Élvio”, relata Cachoeira no telefonema. O contraventor se referia a
Élvio Vicente da Silva, promotor de Defesa do Patrimônio Público e
responsável por seis ações civis públicas contra o prefeito, com pedido
de condenação por improbidade administrativa.
(…)
Em dezembro de 2011, Cachoeira também foi acionado pelo chefe de gabinete de Garcia para evitar investigação sobre desvio de verbas na obra de reestruturação do Parque Mutirama, executada pela prefeitura. Em fevereiro, a PF prendeu cinco pessoas, entre elas servidores do município, por fraudar medições para beneficiar a construtora Warre Engenharia.
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Em dezembro de 2011, Cachoeira também foi acionado pelo chefe de gabinete de Garcia para evitar investigação sobre desvio de verbas na obra de reestruturação do Parque Mutirama, executada pela prefeitura. Em fevereiro, a PF prendeu cinco pessoas, entre elas servidores do município, por fraudar medições para beneficiar a construtora Warre Engenharia.
Nas
conversas gravadas pela PF, Wladimir Garcez, ex-vereador apontado pela
PF como um dos principais aliados de Cachoeira, diz que teve informações
de que o MP, que investigava o caso, firmaria um termo de ajustamento
de conduta (TAC) com a prefeitura, o que evitaria o aprofundamento das
investigações. E pede ao contraventor que acione contatos para evitar
que o escândalo seja debatido na Câmara de Goiânia.
“O Cairo
ligou preocupado para não ter repercussão”, diz Garcez a Cachoeira, em
grampo divulgado por um blog. Acrescentava que todo o processo caminhava
para um acordo. Ele pede ao contraventor que, na Câmara, neutralize a
ação de um dos vereadores, que vinha encaminhando denúncias ao MP.
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