quarta-feira, 20 de julho de 2011

A guerra de imagens entre Lula e Dilma e qual deve ser a nossa torcida

Não há a menor chance, já disse isso aqui tantas vezes, de Dilma e Lula travarem um confronto com desdobramento virtuoso — a grande virtude seria o início da desconstituição do PT, hoje uma maquina política empenhada, noite e dia, em naturalizar a corrupção, em transformá-la num método aceitável. Esse choque não vai acontecer porque Dilma não é louca; é claro que ela perderia. Ninguém sai inteiro da luta contra um mito. De resto, não se deve partir da premissa falsa de que os valores dela são muito diferentes dos valores dele. Não foi o acaso que os juntou, mas a convergência de pontos de vista.
Há, sim, uma divergência de estilo. Ela parece mais centralizadora e não gosta da idéia de que cada um faz o que bem entende no quartinho que lhe cabe no cortiço. Lula não está nem aí desde que ele seja o síndico. Os corticeiros do poder — Valdemar Costa Neto e companhia — o adoram e a deploram. Ela é muito enxerida e finge ignorar que apoio político no Congresso, no modo petista de governar, se compra com dinheiro público. Estão todos estupefatos: “Ela endoidou?” — o post anterior trata justamente dessa arquitetura de poder.
Não haverá jamais o rompimento, o que não quer dizer que não exista um cabo-de-guerra entre lulistas e um pequeno grupo que hoje se oferece para ser o esteio da poderosa de turno. Não! A imagem do “cabo-de-guerra” não é muito boa. As duas turmas estão, no fim das contas, investindo numa mesma narrativa, só que falam a públicos distintos. Os apologistas de Dilma querem construir junto ao público externo, o eleitorado, a imagem da dirigente intolerante com a corrupção; que age com rapidez; que, como se diz lá em Dois Córregos, “não deixa a batata assar”. Não importa se base de apoio ou não, ela demite mesmo — hoje, mais um foi pra rua.
Os lulistas não negam essa característica moralizadora, mas começam a plantar no noticiário a imagem de uma dirigente destemperada, que age na base do rompante, que, como diz o clichê, “joga a criancinha fora junto com a água suja”. O lulismo, vocês sabem, é partidário daquele fatalismo triunfalista: a água está suja porque é preciso banhar a criancinha, ora essa… Mas não se deve jogar a água suja? Se der, sim; se não der, fica-se com os dois.
Nos jornais de hoje, já se sente muito presente o lobby da turma lulista. Surge no horizonte a famosa “ameaça à governabilidade”, essa gaveta amoral em que cabe tudo. Em nome dela, tudo é justificável. Foi assim que o lulismo construiu a maior base parlamentar da história e também o governo mais corrupto da história. Se os “construtores de imagem” de Dilma falam ao público externo, os de Lula estão falando, vejam só!, às elites… — lembram da Dona Zelite, que o Apedeuta tanto combatia?
Os lulistas investem na imagem de uma Dilma temerária, meio porra-louca, pouco pragmática. Não que ela seja “sonhática” como Marina Silva na sua fase cosmética. Dilma seria por demais idiossincrática. Se Lula é aquele que sempre bate no braço do interlocutor, cheio de intimidade, em busca da convergência; ela seria pouco tolerante com a divergência. A imagem da presidente moralizadora, intransigente, que os dois grupos alimentam, interessa a Dilma. Mas também é do interesse de Lula: ela traria consigo o risco da instabilidade.
Para quem eu torço? Eu torço para que o PT, como máquina de produção de ideologia e de falsificação da história, se exploda. Torço para que alguns de seus mistificadores terminem na cadeia. Mas isso ainda está longe. A hidra, como é de sua natureza, tem muitas cabeças. Os que combatem esse ente criado para tomar o lugar da sociedade têm de saber que, na “hora h”, eles sempre se juntam. O petismo trava uma disputa interna pela consolidação de imagens. Às pessoas decentes cabe a torcida pelo triunfo da lei.
Por Reinaldo Azevedo
REV VEJA

Um comentário:

  1. Eu vou torcer pela queda dos dois criatura e criador são almas gemeas se os dois governaram e continuam governando juntos não dá para separar um do outro os dois faziam e fazem parte de tudo sabiam de tudo e participaram de tudo.

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