quarta-feira, 20 de julho de 2011

Com que moral a Dilma vai manter o RDC no meio de toda esta lama?

A Copa do Mundo terá um investimento de R$ 11,4 bilhões em "mobilidade urbana". Isto quer dizer: Ministério dos Transportes, DNIT, Valec, Infraero, corrupção. Com o instituto do RDC,  Regime Diferenciado de Contratações, significa que não haverá transparência nestes investimentos. Com tudo o que está acontecendo nos Transportes, será que dá para ser inocente em pensar que as empreiteiras não combinarão preços? Só não combinarão porque o bando de corruptos que está lá dentro fará isso por elas. Com que moral Dilma Rousseff vai manter o Regime Diferenciado de Contratações, diante de tantos escândalos? Se tivesse um pingo de responsabilidade, rasgaria o Projeto de Lei 17/2011, originário da Medida Provisória 527, que institui esta roubalheira anunciada. “Esta medida provisória já foi criticada pelo Procurador-Geral da República, por ministro do Supremo Tribunal Federal, por instituições ou pela instituição, pelo Instituto de Auditoria de Obras Públicas no país. A medida provisória foi criticada até mesmo por empreiteiros de obras públicas. A medida provisória, além da flagrante inconstitucionalidade, abre portas e janelas para a corrupção desenfreada”, afirmou com toda a razão o líder do PSDB, senador Álvaro Dias (PR). Quanto vão roubar destes R$ 11,4 bilhões? Se aditarem os contratos na média do que vem sendo feito, serão mais uns R$ 3 bilhões. Fora as comissões por dentro e por fora. O RDC acabou antes de começar, afogado na lama do DNIT.  Basta a Dilma ter um pingo de responsabilidade. Ao que tudo indica, não tem.

Marina Silva pedirá desculpas ao país? E os ministros Cardozo e Rosário?

Há um mês atrás, este Blog já antecipava os resultados das investigações sobre o assassinto do "casal de extrativistas", no Pará. A Polícia Federal do Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que participou de um movimento que tinha como objetivo manipular a opinião pública, fazendo até minuto de silêncio no plenário da Câmara para ligar as mortes com conflitos agrários, numa tentativa desesperada de barrar o Código Florestal, só revelou oficialmente hoje o resultado das investigações. FOI BRIGA DE ASSENTADOS. NÃO EXISTE NENHUMA LIGAÇÃO COM A APROVAÇÃO DO CÓDIGO FLORESTAL. Leia aqui, na Folha. Sabem por que a Polícia Federal divulga somente hoje o que já sabe há 30 dias? Porque o Congresso está em recesso. Para que deputados e autoridades safadas não sejam instadas a pedirem desculpas ao país. Mas, na volta do recesso,  alguém há de lembrar tudo o que foi manipulado em cima destes assassinatos comuns, frutos do abandono destes assentamentos por parte do governo do PT, desde os tempos de Marina Silva.

Chegou a ser criada uma Operação Defesa da Vida, que contava com a atuação de agentes Força Nacional de Segurança, da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal, além de representantes do governo federal, como Secretaria de Direitos Humanos, Secretaria-Geral da Presidência da República, ministérios do Desenvolvimento Agrário, da Defesa e do Meio Ambiente, e de representantes dos conselhos nacionais de Justiça e do Ministério Público. Tudo para proteger as pobres vítimas dos grandes proprietários de terra.

Marina Silva utilizou de toda a má fé possível para ligar as mortes à aprovação do Código Florestal. Vejam parte da entrevista por ela concedida NO DIA EM QUE ELA E EX-MINISTROS DO MEIO-AMBIENTE fora recebidos por Dilma Rousseff, para pedirem o veto do Relatório Aldo Rebelo.


- A senhora conhecia o casal assassinado, ou conhecia o trabalho que eles desenvolviam?
Marina Silva – O que eu conhecia é que eles eram lideranças comunitárias em um projeto de assentamento extrativista, que fica a 60 km de Nova Ipixuna. Ele era uma ativista que, inclusive, falou que estava sendo ameaçado de morte. Deixou bem claro que seria a próxima irmã Dorothy (missionária americana morta em 2005 em função do conflito agrário do Pará) na luta em defesa das reservas comunidades.

- As regiões do sul e do sudeste do Pará são conhecidas pelos conflitos entre madeiros, garimpeiros, fazendeiros e índios. A senhora acredita que mudou muita coisa desde as décadas de 80 e 90?
Marina Silva – Infelizmente mudou muito pouco. O que mudou foi que uma parte daquelas terras foram destinadas para a criação de reservas extrativistas. Em 95, 96, quando eu cheguei ao Senado, era impossível pensar que aquelas terras poderiam ser demarcadas… A pressão continua sobre as reservas para a exploração irregular de madeira…. Continua sendo uma região muito violenta com ausência do Estado para dar segurança a essas comunidades, mas pelos menos mais anteriormente, nós tínhamos ao nosso lado, pelo menos, as pessoas que defendiam as reservas e as áreas florestadas. Agora, com a aprovação do relatório do deputado Aldo, sequer a lei vai estar a favor dessas pessoas. Essa questão que para mim está muito difícil de elaborar, porque uma coisa era, ainda que com todas as dificuldades e ameaças, ter ao seu lado a força da lei. Outra coisa é os ilegais serem transformados em legais, e vão agir em defesa do legitimo direito que eles adquiriram de desmatar. E isso é muito difícil, porque de Chico Mendes (líder seringueiro assassinado em 1988) a padre Josimo (morto no Maranhão em 1986), de Padre Josimo a irmã Dorothy, de irmã Dorothy a José Claudio e Maria… e tantos que já morreram em função dessa luta de defesa à floresta.


Segundo a Folha Poder, o inquérito da Polícia Civil do Pará sobre o assassinato do casal de extrativistas  José Claudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo, mortos em 24 de maio, aponta como mandante do crime José Rodrigues Moreira, dono de terras no assentamento onde eles viviam.  Leia mais aqui  Os assassinos não eram madeireiros, fazendeiros ou ruralistas. Eram assentados do Incra.

Lembram desta notícia, de junho passado?

Durante sessão na Câmara dos Deputados nesta terça-feira (7), Claudelice Silva dos Santos, presidente do Conselho Nacional Populações Extrativistas (CNS) e irmã de José Cláudio Ribeiro da Silva, assassinado no último dia 24 em Nova Ipixuna (PA), pediu aos senadores que não aprovem a reforma Código Florestal. Na avaliação de ambientalistas e movimentos sociais, a medida aprofundaria a destruição do ambiente e provocaria um aumento dos conflitos no campo.

“Peço ao Senado que não aprove essa vergonha de Código Florestal. Meu irmão morreu no dia em que a Câmara aprovou [o Código], mas eu sei que vocês [senadores] podem rever essa situação, olhar isso com mais carinho. Se meu irmão tivesse vivo, ele não iria gostar nem um pouco [do novo Código]. Não aprove, Senado”, disse Claudelice. Antes, a ambientalista se dirigiu aos ministros José Eduardo Cardozo (Justiça), Maria do Rosário (secretaria dos Direitos Humanos) e Afonso Bandeira Florence (Desenvolvimento Agrário) e pediu agilidade no processo de investigação da morte de José Cláudio. “Venho pedir encarecidamente que todos os dias vocês lembrem nessa casa das pessoas marcadas para morrer. Vocês sabem é o que é ter um nome na lista, com pessoas 24 horas esperando o momento para te matar. Vocês não fazem ideia, ministros”, disse.

Agora a gente já sabe, senhora Claudelice! Aliás, a gente já sabia!
DO COTURNO NOTURNO

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