quarta-feira, 1 de junho de 2011

O governo não existe. Dilma não existe. Existe Palocci, o que não consegue se explicar e só depende da boa-vontade do procurador

Vocês viram que a Comissão de Agricultura conseguiu aprovar a convocação de Antonio Palocci. Agora começa a guerra do governo para ver se reverte a coisa. O ministro vinha apostando no parecer dado como certo da Procuradoria Geral da República de que não há crime a ser investigado.  O agora ministro tinha uma empresa que lhe permitiu, no exercício do mandado, ficar milionário em quatro anos — parte da grana conhecida foi recebida quando ele já montava o futuro governo com a presidente eleita. Vai, gente, que mal tem? Isso é tão corriqueiro! Investigar o quê? É interessante a forma como as coisas estão sendo conduzidas, inclusive na Procuradoria. A fase do indício é tratada como se fosse a da prova. Cai-se num absurdo lógico, já evidenciado com alegria pelo ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo: “Não se investiga porque não há prova; não há prova porque não se investiga”.
Mas volto ao ponto. O parecer do Procurador Geral seria usado como prova de inocência — o que ele absolutamente não seria e não é. Até porque, vamos convir: inocência do quê? A única coisa que se sabe é esta: Palocci ficou milionário. É proibido saber quais são os seus clientes. Como não se sabe, fica igualmente impossível apurar se houve tráfico de influência. O enriquecimento é atípico? É. O faturamento é igualmente impróprio a uma empresa do ramo? Sim! Só resta a conclusão de que Palocci é mais um dos “Ronaldinhos” de Lula, um gênio.
Absurdo
Por que será que Palocci é tão importante para o governo? Vocês já se deram conta do absurdo? Um homem considerado vital não conseguiria prestar um depoimento convincente numa comissão do Congresso! Não conseguiria dar uma entrevista que não fosse estritamente controlada!
Vindo à luz o parecer do procurador, o PT espera que a coisa vá perdendo força. Vamos ver. Vai depender um tantinho da imprensa e da habilidade da “máquina” de criar um fato novo. Que o caso tem potencial para durar bastante, isso tem. E a razão é simples: não se sabe nem os nomes dos clientes de Palocci. Essa lista, cedo ou tarde, aparece. Basta que haja lá uma empresa beneficiada por alguma ação do governo que, direta ou indiretamente, tenha contado com a colaboração do então deputado e agora ministro, e a suspeita, ou mais do que isso, de tráfico de influência se reaviva.
Ainda sobram a Dilma três anos e meio de mandato. É impressionante que esteja pendurada num único ministro, que não consegue se explicar. O resto do governo não existe. Como Lula deixou claro, a própria Dilma não existe.
O dado politicamente escandaloso é que a eventual queda de Palocci é tratada como se fosse o fim do governo. Pior: talvez fosse mesmo…
Por Reinaldo Azevedo

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